Eles exibiram contra cheques que mostravam cortes de 30% da ajuda de custo e que cortavam valores acima de mil reais de seus rendimentos
Na manhã desta sexta-feira (2), trabalhadores do Hospital Júlia Kubitschek, no bairro Bom Sucesso, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, realizaram um ato para cobrar do governo de Minas explicações sobre o não pagamento de parte dos salários.
Reunidos na porta da unidade, eles exibiram contra-cheques que mostravam cortes de 30% da ajuda de custo e que cortavam valores acima de mil reais de seus rendimentos.
A técnica em enfermagem Vanilda Antunes de Oliveira, 48, trabalha há 10 anos no hospital e está revoltada com o corte e a falta de esclarecimentos por parte da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Ela mostra os dois últimos contra cheques, onde os descontos passam de dois mil reais. "
O que está havendo conosco é desumano, fazendo descontos que não se justificam e sem prévio aviso. Se o governo vai propor um desconto, isso tem que ser anunciado. E não fomos avisados, não sabemos nem porque estamos tendo estes cortes", afirma.
A trabalhadora da saúde critica o fato deste corte ocorrer em meio ao agravamento da Covid no Estado. "Me sinto humilhada, sem valor nenhum para o governo. E meus colegas se sentem assim também", descreve. Oliveira conta que seu salário é a única fonte de renda a família casa, pois o marido ficou desempregado devido à pandemia. "Eu conto com esse dinheiro para manter a casa e me vem esse desconto de quase mil reais em um mês, isso é terrível", afirma.
A técnica em enfermagem Laiza Alves conta a situação que tem vivido no Hospital Júlia Kubitschek, onde funcionários denunciam estar ocorrendo descontos injustificados nos salários. Leia: https://t.co/MmDCmS3IGA pic.twitter.com/kKGQJNkxNv
— O Tempo (@otempo) April 2, 2021
Neuza Freitas, técnica em enfermagem e diretora executiva do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais (Sind-Saúde/MG) reforça que esta situação se repete em todas unidades hospitalares da Fhemig. "Desde o mês passado o governo vem fazendo estes descontos irregulares no pagamento dos trabalhadores da Saúde", descreve.
Ela explica que o valor pago como ajuda de custo é uma conquista da categoria, obtida em 2017, quando o governo de Minas se comprometeu a pagar esses abonos para compensar a defasagem salarial. "Já oficializamos esta situação com o governo, já sentamos com a Fhemig e eles simplesmente não apresentam nenhuma explicação", conta.
Os trabalhadores também reclamaram do fato de não conseguirem acessar os dados dos pagamentos pelo Portal da Transparência do Governo de Minas. Laiza Alves, que também trabalha no hospital, conta que além disso o site do governo anunciava valores acima dos que são realmente pagos aos servidores. "Desde que começamos a denunciar isso, esses valores que estão sendo anunciados com valores exorbitantes, não estamos mais conseguindo acessar o site. No meu caso, o salário bruto que é 4.800 reais foi anunciado como de 5.800. De onde está saindo essa discrepância de valores? Pra onde vai esse dinheiro?", questiona.
A Fhemig informou que os descontos processados na folha de pagamento dos servidores são aplicados de acordo com o que determina a legislação vigente e que o procedimento será revisto. Em nota, a entidade informou que "está aberta ao diálogo sobre as reivindicações dos servidores. As pautas são apresentadas e dados os encaminhamentos cabíveis".
A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais foi questionada sobre a ausência dos dados dos servidores no Portal da Transparência e até o fechamento desta matéria ainda não havia se pronunciado.
---
Em tempos de desinformação e pandemia, o jornal O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Continue nos apoiando. Assine O TEMPO.
Profissionais da saúde do Júlia Kubitschek protestam contra corte nos salários - O Tempo
Read More
No comments:
Post a Comment