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Monday, May 31, 2021

Adolescente é apreendida em Florianópolis ao se passar por médica no Hospital Celso Ramos | NSC Tota - NSC Total

Uma adolescente foi apreendida ao tentar se passar por médica residente no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, na tarde desta segunda-feira (31). A jovem usava um crachá falso da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e um jaleco com o próprio nome bordado. As informações são da Polícia Militar.

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Segundo o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar em SC, tenente-coronel Dhiogo Cidral de Lima, uma guarnição foi até o hospital e encontrou a jovem, de 17 anos, uniformizada como profissional da saúde. Ela foi abordada e teve seus documentos de identificação, além de documentos que portava, como um receituário e materiais de outra médica do hospital, apreendidos.

Após ser detida, a PM entrou em contato com uma irmã da jovem, que apresentou-se como responsável. A familiar teria relatado aos policiais que a adolescente sofre problemas psiquiátricos e que já havia tentado se passar por uma modelo, em 2020. 

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela administração do Celso Ramos, informou que foi a própria direção do hospital quem acionou a polícia após perceber a farsa, nesta segunda. Por meio de nota, a pasta também disse que a "questão segue agora sob investigação das autoridades competentes". 

Segundo informações, a jovem se identificou como estudante aos demais residentes da unidade hospitalar e disse que chegou a Florianópolis através de uma transferência de São Paulo. Ela também teria dito, para outros funcionários, que era aluna de instituições de graduação em Santa Catarina.

A reportagem não conseguiu confirmar se a jovem é a mesma pessoa identificada no crachá, ou se apenas usava um nome falso. Após registro de ocorrência por atos infracionais de falsidade ideológica e exercício ilegal da medicina, a adolescente foi entregue a uma familiar e liberada. 

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Unidades de saúde do Município tem 186 pacientes internados - CGN

Na manhã desta segunda-feira (31), o Município de Cascavel divulgou mais uma atualização de dados referente a ocupação dos leitos nas unidades de saúde da cidade.

Com o aumento do número de casos e necessidade de internamentos, todas as Unidades Básicas de Saúde e as Unidades de Saúde da Família, durante o período da manhã, estão atendendo de forma exclusiva, pacientes com suspeita de Covid.

Já nas Unidades de Pronto Atendimento, os números de internamentos aumentaram sendo que, junto ao Hospital de Retaguarda, existem 186 pessoas internadas.

Veja como está a ocupação de cada uma destas Unidades:

Atualização SESAU 31/05/2021
UPA BRASÍLIA
-Suporte: 06 (01 vaga zero)
-Enfermaria: 29
UPA VENEZA
-Suporte: 19 (16 covid adulto, 02 covid ped., 01 clínico adulto)
-Intubados: 04
-Enfermaria: 40 (33 covid adulto, 07 covid ped.)
UPA TANCREDO
-Suporte: 02
-Enfermaria: 39 (14 orto)
HOSPITAL DE RETAGUARDA:
-27 UTI (20 intubados)
-Enfermaria: 20


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Tabagismo causa 8 milhões de mortes todos os anos, diz OMS; entenda - VivaBem

Não é novidade que o hábito de fumar é prejudicial: dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que o uso do cigarro mata mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo todo. Desse total, em torno de 7 milhões de mortes são resultado do hábito de fumar e 1,2 milhão é composto por um grupo de não fumantes expostos passivamente à fumaça do cigarro.

Não faltam também estudos para explicar a razão das mortes: são dados e mais dados comprovando que o tabaco é responsável direto pelo desenvolvimento de inúmeras doenças como câncer, infarto, AVC, doenças cardiovasculares, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e fibrose pulmonar, entre outras.

Para se ter uma ideia, estima-se que 90% dos casos de câncer de pulmão no Brasil são provocados pelo hábito de fumar cigarro. Atualmente, esse tipo de tumor é considerado um dos mais letais entre homens e mulheres, chegando a atingir uma taxa de mortalidade de 13% e 11%, respectivamente.

Outros tipos de câncer também podem ser desenvolvidos por fumantes como o de bexiga, cabeça e pescoço e pâncreas.

"As substâncias cancerígenas presentes no cigarro provocam mutações celulares muitas vezes permanentes", explica o médico patologista Felipe D'Almeida Costa, diretor de Ensino da SBP (Sociedade Brasileira de Patologia), titular da anatomia patológica do A.C.Camargo Cancer Center, em SP, e coordenador médico de educação da patologia da Dasa.

"Esse processo agressivo e cumulativo excede a capacidade do DNA de reparar a célula, que passa a se multiplicar de maneira desordenada, desenvolvendo câncer", diz o especialista.

No caso do tumor de pulmão, um dos grandes problemas é a demora em buscar ajuda —o que faz com que o paciente já chegue ao consultório com a doença em fase avançada.

"Em geral, o fumante não associa os sintomas de tosse, pigarro e secreção a um possível problema de saúde e não procura o médico", diz Alexandre Ferreira Oliveira, cirurgião oncológico e presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica). "O desenvolvimento de um tumor no pulmão é silencioso, sintomas mais graves acontecem apenas quando o órgão já está muito comprometido pela doença", afirma.

Outras complicações

O uso do cigarro ainda torna o indivíduo vulnerável a outras infecções. Alguns estudos recentes já mostram que usuários de tabaco têm 34% mais chances de contrair doenças provocadas por vírus da família influenza e pelo coronavírus.

"A fumaça e as toxinas do cigarro ainda possuem efeito imunossupressor, ou seja, são responsáveis por uma maior vulnerabilidade a infecções por vírus e bactérias", explica Clarissa Mathias, presidente da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

Segundo ela, o uso do tabaco ainda provoca inflamações nos pulmões. "Isso também é um fator de risco para complicações e agravamento da covid-19", alerta a especialista.

Tabagismo é uma doença?

Sim. Considerado uma enfermidade complexa, o vício em tabaco pode ter como principal fator a dependência química da nicotina, geralmente medida em uma escala de 0 a 10 por meio do Teste de Fagerström, baseado em um questionário sobre o hábito de fumar.

Em alguns casos, a dependência de nicotina pode até ser baixa, mas a dependência psicológica é forte e está ligada à ansiedade —que também precisa ser tratada, muitas vezes antes do início do tratamento medicamentoso.

O cigarro ainda é composto por mais de 40 substâncias —além da nicotina, outra substância prejudicial é o alcatrão.

Tem tratamento?

Sim. Atualmente, o tratamento farmacológico pode ser baseado em três medicamentos, que podem ou não ser combinados, dependendo da avaliação do especialista em cada caso: terapia de reposição de nicotina; uso da bupropiona, um antidepressivo; e vareniclina, medicamento que age no receptor da nicotina, reduzindo o desejo de fumar e os sintomas da abstinência.

Há inúmeros gatilhos mentais que podem levar o indíviduo a acender um cigarro —como uma determinada comida ou um momento específico do dia. Isso precisa ser observado para que o paciente possa romper o padrão e substituir a ação por uma atividade prazerosa.

"A vontade de fumar que surge como escape de uma situação psicológica pode ser respondida com a ingestão, por exemplo, de um copo d'água, o consumo de uma bala, uma caminhada ou corrida", afirma Felipe Marques da Costa, pneumologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Mas os médicos também dão atenção especial a essa substituição, já que muitos pacientes substituem a vontade de fumar pela comida —ocasionando um aumento de peso na pessoa.

Ansiolíticos e antidepressivos também são medicamentos que de fato abrem o apetite e precisam ser tomados apenas com orientação e supervisão especializada.

Por isso, é importante que o tratamento seja multifatorial, com médicos e psicólogos montando estratégias individualizadas para evitar impactos indesejados do tratamento, como o ganho de peso.

O tratamento para tabagismo pode ser feito na rede privada e também de forma gratuita no SUS (Sistema Único de Saúde). Informações podem ser obtidas através do 136.

Novos produtos, velhos problemas

Quando falamos em tabagismo, a imagem clássica que vem à mente é de alguém com o cigarro na mão. Mas, em tempos modernos, esse cigarro também acabou virando um device.

Os cigarros eletrônicos (ou dispositivos eletrônicos para fumar, como são chamados) são uma forma de atrair o público mais jovem para o vício, com uma roupagem moderna e tecnológica de um produto que faz tão mal quanto seus "primos" de papel.

Para se ter uma ideia, dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde mostram que o uso dos derivados de tabaco (cigarros e outros produtos do tabaco) diminuiu em todas as faixas etárias nos últimos anos, exceto entre os mais jovens (18 a 29), em que a prevalência permanece a mesma.

"Isso pode ser decorrente justamente dos novos dispositivos do tabaco que estão sendo inseridos na população mais jovem", avalia Luciana Vasconcelos Sardinha, assessora técnica de epidemiologia e saúde pública da Vital Strategies, uma organização global de saúde pública.

Até o dia de hoje, a comercialização, a importação e a propaganda dos cigarros eletrônicos permanecem proibidas no Brasil. Mas a indústria do tabaco faz pressão para isso mudar, alegando que o e-cigarro funciona como auxílio àqueles que desejam parar de fumar e que são menos danosos, o que não é verdade.

Pensando nisso, a Fundação do Câncer, em parceria com a Aliança para o Controle do Tabaco e a Associação Médica Brasileira, elaboraram uma cartilha (que pode ser baixada clicando aqui) com informações importantes para chamar a atenção dos jovens sobre o perigo do uso desses dispositivos.

Para o epidemiogista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, tratar de um assunto como a dependência do tabaco de forma natural ajuda a sociedade. "É algo que está em nosso cotidiano e que muita gente não vê como dependência química, mas é", ressalta.

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Deslocamentos pandêmicos: a busca por vacinas e saúde atravessa fronteiras - CNN Brasil

Deslocamentos na pandemia
Viajar em busca de alguém, alguma coisa ou de algo melhor para si: na pandemia de Covid-19, o movimento de cruzar fronteiras em busca de oportunidades - e vacinas - se repete
Foto: Getty Images

Cruzar fronteiras foi o que historicamente moldou o mundo tal como o conhecemos hoje: gigante, mas ao mesmo tempo pequeno; globalizado, mas desigual; diverso e, vale lembrar, cada vez mais compartilhado. Viaja-se em busca de algo, alguém ou de uma condição melhor para si. Na pandemia de Covid-19, grande catalisador de mudanças deste século, o movimento se repete.

Quando se descobriu a primeira linhagem do novo coronavírus e as fronteiras se fecharam uma a uma, quase como num dominó, muitos quiseram viajar de volta para casa ou se isolar de tudo, em busca de refúgio. Aviões militares foram resgatar pessoas na cidade chinesa de Wuhan, o primeiro epicentro do vírus; viajantes desaceleraram drasticamente suas andanças e o lockdown definiu a temporada seguinte, marcada por restrições de mobilidade mundo afora após a declaração de pandemia pela OMS (Organização Mundial de Saúde), em 11 de março de 2020.

Mas a humanidade se mobilizou, e cientistas desenvolveram, em tempo recorde, vacinas contra a Covid-19. Campanhas de imunização se iniciaram no mundo todo –  até 28 de maio de 2021, mais de 1,7 bilhão de doses de vacinas foram aplicadas, segundo dados do Our World in Data, projeto da Universidade de Oxford, no Reino Unido. E os fluxos agora são em busca desse elixir de normalidade. Dentro dessa ideia, estão os deslocamentos pandêmicos, tema desta reportagem especial da CNN.

Eles vão além de um simples “turismo da vacina”. Sim, há aqueles que viajam, exclusivamente com esse propósito, a países com estágio avançado de imunização, praticando o turismo já clássico. Mas há quem tenha ficado preso em algum lugar antes de as vacinas existirem. Há quem more num país com doses abundantes e tenha que se vacinar no vizinho. Tem gente fazendo bate-e-volta na pátria mãe porque o lar atual se recusa a apertar o passo da vacinação.

Um uruguaio radicado no Brasil se largou em 2,4 mil quilômetros de estrada para se vacinar no Chuy. Uma americana instalada no Japão voou quase 10 mil km para se imunizar em Los Angeles. Uma brasileira calhou de estar em Vancouver, no Canadá, quando as fronteiras se fecharam, lá ficou e lá tomou a primeira dose. Um alemão embarcou no primeiro tour de uma agência norueguesa rumo à Rússia para receber a Sputnik V. Estes são alguns dos relatos à CNN, que identificou 12 fluxos ocorrendo atualmente. 

Alguns dos viajantes não quiseram se identificar. Eles dizem temer críticas por viajarem em plena pandemia (o fenômeno conhecido como “travel shaming”), por terem usado uma posição econômica privilegiada para buscar as injeções ou implicações por recorrerem a “atalhos” extraoficiais para fazerem a viagem.

Fluxos pandêmicos
Foto: Arte CNN

As histórias desses e outros personagens estão contadas nesta série que a CNN publica hoje:

Se os roteiros dos viajantes variam, as condições para as travessias são ainda mais diversas: num mundo de fronteiras atravancadas, há de se considerar as diferentes exigências de entrada em cada país, entre passaportes, status imigratório, quarentena talvez obrigatória, dias de intervalo entre as doses da vacina, além da distância e dos preços de passagens, sujeitos às turbulências do câmbio. Em duas palavras, tempo e dinheiro.

Aqui, discutimos com especialistas o que esses deslocamentos dizem da humanidade hoje. Como refletem histórias passadas, como migrações por conta da gripe espanhola. E o que desenham para o futuro das relações internacionais e interpessoais.

CHEGADAS E PARTIDAS

Vacinar populações é tido como o primeiro passo rumo a certa normalidade, “uma luz no fim do túnel”, como definiu o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. Em larga escala e combinada a políticas públicas para conter a disseminação do vírus, a imunização global permite imaginar o fim da pandemia no horizonte. E a consequente reabertura de fronteiras.

Mas, seja por escassez de doses, entraves de logística ou fatores econômicos, a distribuição das vacinas ainda é bastante desigual ao redor do globo. Em busca da imunidade, muitos estão viajando para se vacinar onde as campanhas estão mais avançadas ou abertas.

A possibilidade de viajar para se vacinar passou a ser aventada desde fevereiro, quando Rússia e Cuba sinalizaram as primeiras intenções de imunizar turistas. Mas foi a partir de abril e maio que a tendência do “turismo de vacinas” de fato deslanchou.

Já é possível identificar destinos como Estados Unidos, Emirados Árabes e Rússia, que contam diversos relatos na internet e reportagens na imprensa internacional. mas há fluxos “fora da curva”, como Sérvia e Líbano. Também há expectativa de se iniciarem novas rotas para o arquipélago das Maldivas, no Oceano Índico, e, do outro lado do mundo, para a ilha de Cuba, no Oceano Atlântico -- ambos governos indicaram que pretendem dar acesso a vacinas para turistas em breve.

Vacinação na Sérvia
Moradores de países vizinhos viajam a Belgrado, capital da Sérvia, para se vacinar
Foto: Anadolu Agency/Getty Images

VIAGENS SANITÁRIAS NO TEMPO

Tempo é considerado um elemento essencial para conter a pandemia. Desenvolvidas em período recorde, as vacinas contra Covid-19 têm sido tratadas como um tipo de chave para reabrir o mundo. Talvez isso explique a velocidade com que as pessoas passaram a se deslocar atrás delas – e o tempo que estão dispostas a investir para consegui-las.

Nas epidemias do passado, o tempo também foi um fator crucial. Na pandemia da gripe espanhola, lembrada como a gripe de “3 dias”, muitos tentaram migrar para países mais ao norte da Europa, não tão atingidos, para fugir das infecções. E, mesmo assim, conta a historiadora e antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, as pessoas não conseguiram fugir da doença a tempo. 

“Era muito veloz”, diz ela, citando casos de famílias inteiras que repentinamente não eram mais vistas nas ruas e, dentro de três ou cinco dias, eram encontradas mortas em casa. “O fato de não existir vacina, de não existir uma saída desse tipo, fez com que as locomoções fossem muito menores”, explica.

Naquele momento, quem mais viajava era o vírus, e as barreiras sanitárias eram praticamente inexistentes. A gripe espanhola atingiu o Brasil, em 1918, chegando a bordo de navios vindos da Europa com tripulantes infectados. Aqui, foram cerca de 30 mil mortos em um intervalo de um ano.

Uma das embarcações, a Demerara, ficou conhecida como “navio da morte”. A nave atracou no Recife, em Salvador, no Rio de Janeiro e em Santos. Com pouca ou nenhuma inspeção das autoridades sanitárias, tripulantes desembarcaram sem questionamentos apesar dos relatos de enfermidades a bordo. Poucas semanas depois, as cidades registraram uma explosão nos contágios.

“A letalidade foi tal que muitos dos que vieram a falecer acabaram morrendo no próprio ano de 1918. Há casos em 1919 – na Amazônia, por exemplo, a doença continuou por um bom tempo e também teve muita subnotificação. As pessoas se assustaram e não tiveram tempo de se locomover”, diz Schwarcz, coautora do livro “A bailarina da morte: A gripe espanhola no Brasil” (Companhia das Letras, 2020).

A DESIGUALDADE COMO FRONTEIRA 

Diferentemente da pandemia de Covid-19, na época da gripe de 1918 não havia o conhecimento científico para o desenvolvimento tão rápido de vacinas. Além disso, em 2021 as noções de nacional e internacional estão fundidas numa dimensão global, um processo de integração econômica e geopolítica que se firmou no fim do século 20 e início do 21.

Processo esse que teve agora desigualdades -- ainda mais -- escancaradas. A questão, como quase sempre, são as diferenças entre pobres e ricos. Na escala de países, a discussão é sobre o acesso a vacinas. E dentro de cada país, diante da escassez de imunizantes para todos a tempo, a questão é que, caso prevaleça um “salve-se quem puder”, aqueles com mais recursos têm muito mais possibilidades de viajar.

Para o médico e advogado brasileiro Daniel Dourado, pesquisador do Instituto de Direito e Saúde da Universidade de Paris e da USP (Universidade de São Paulo), o turismo da vacina é um dos sintomas desse quadro.   

“Temos 75% das doses concentradas em 10 países. E mais de 100 países têm uma quantidade ínfima de vacinas; cerca de 70 países sequer têm doses. Ou seja: podemos dizer que metade ou quase metade do mundo tem pouquíssimas vacinas”, critica Dourado.

Não há um mecanismo de direito internacional que possa impedir um país ou uma cidade de promover o fenômeno, explica o pesquisador. “Avalio como um movimento, uma expressão da desigualdade”, diz ele, que aposta que a OMS, líder do consórcio Covax para garantir o acesso global à vacina, se posicionará contrária à tendência.

“Isso escancara uma espécie de divisão de nível de cidadania que ultrapassa a questão nacional, de fronteira. É uma questão de corte de classe. A gente tem uma sociedade em que os mais ricos, independentemente de onde forem, têm acesso, enquanto o grosso da população fica vulnerável”, afirma.

Do ponto de vista ético, surgem questões como o acesso desigual a vacinas na dimensão individual (dos que têm condições de viajar de um país a outro em busca dos imunizantes) e internacional (a ausência de cooperação entre países ricos que não despacham doses extras ou compartilham insumos e tecnologia para a produção de mais vacinas).

Protesto por distribuição igualitária de vacinas
Manifestantes protestam nos Estados Unidos por distribuição igualitária de vacinas. No cartaz, lê-se "Ninguém está seguro até que todos estejam seguros"
Foto: Erik McGregor/LightRocket via Getty Images

Do ponto de vista epidemiológico, destaca Eric Feigl-Ding, da Federation of American Scientists, isso levanta questões sobre as brechas abertas para disseminar novas variantes do vírus. “O vírus sempre vai buscar maneiras de ficar mais robusto, mais severo e infeccioso. Não podemos dar essa oportunidade a ele”, diz Ding, epidemiologista e especialista em economia e saúde global, nascido na China e radicado nos Estados Unidos.

Um dos riscos, alerta o epidemiologista, é o fluxo de viajantes que não necessariamente ficaram quarentenados zanzando em busca de vacinas – o que é possível, por exemplo, em certas circunstâncias para quem vai aos Estados Unidos. “Obviamente se trata de uma questão de desigualdade. E é preciso lembrar que isso é uma pandemia, não um surto concentrado em apenas um país. Para contê-la, é preciso um esforço global”.

ALÉM DAS VACINAS

Viajar em busca de melhores condições e assistência associada à saúde, o que inclui instalações e tecnologia, não é exatamente novidade. Há inclusive uma palavra para definir esses fluxos: turismo médico. Trata-se de “indivíduos que decidem viajar cruzando fronteiras internacionais com a intenção de receber tratamento médico”, diz o acadêmico britânico Neil Lunt, professor de políticas sociais na Universidade de York, no Reino Unido.

Nas últimas décadas, o fenômeno abarcou desde pacientes em busca de tratamentos de ponta para câncer até cirurgias cosméticas, fertilização e procedimentos odontológicos. Turismo de saúde, termo que busca designar um filão mais amplo, inclui viagens de bem-estar do corpo e da mente, o que inclui spas com as mais diversas terapias.

O turismo médico, diz Lunt, firmou-se como modelo de negócios com interesses comerciais, muitas vezes impulsionados pelas agências governamentais. Mas, na análise do especialista, o turismo das vacinas ainda não se consolidou assim – até agora, as viagens registradas foram iniciativas individuais, informais ou promovidas por agências particulares, não política oficial implementada pelos países.

“É preciso separar o que é apenas marketing e o que é estratégia dos estados, com modelo definido, informações e transparência, envolvendo questões de controle migratório, fronteiras”, pondera. “Há várias discussões aqui no Reino Unido, onde uma agência anunciou viagens de luxo para Dubai com direito a vacinas”, completa.

Lunt se refere ao clube britânico Knightsbridge Circle, que, em fevereiro, divulgou pacotes com passagens de primeira classe para os Emirados Árabes, um mês de hospedagem em um hotel 5 estrelas na frente do mar e duas doses da vacina contra covid-19 por cerca de 40 mil libras (R$ 300 mil). “Obviamente há interesses comerciais. Querem que decole pois é um novo nicho de negócio”, afirma.

Essa também é a posição do médico brasileiro Reinaldo Guimarães, professor de bioética e ética aplicada da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), que considera o turismo da vacina “quantitativamente irrelevante”, pois poucas pessoas têm se aventurado na tendência, mas “qualitativamente relevante”.

“É verdade que essas pessoas que viajam e se vacinam não estão furando a fila, mas isso passa uma imagem negativa. É mais um tijolo do edifício das iniquidades sociais do nosso país”, critica, referindo-se aos viajantes brasileiros.

Para Guimarães, do ponto de vista ético, viajar para outro país para tomar vacina traz à tona aspectos da sociedade que se exacerbam quando há uma situação de crise – no caso em questão, uma emergência sanitária.

Entretanto, ele destaca que, em tese, os países que aplicam doses em turistas são os que têm vacina “em abundância”. Entre os mais avançados nas campanhas de imunização (considerando ao menos uma dose por pessoa e o tamanho de suas populações) estão Israel (62,93%), Reino Unido (56,53%), Emirados Árabes (51,38%) e Estados Unidos (49,36%).

O médico americano William Moss, diretor-executivo do centro de acesso à vacina da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, conta que países ricos compraram uma quantidade desproporcional das vacinas. “Não culpo ninguém por querer vir até aqui [nos EUA] para se imunizar”, pontua, “mas é importante lembrar que esse tipo de turismo reflete desigualdades subjacentes no acesso às vacinas, tanto dentro de um país quanto globalmente”.

Políticos de Nova York e Flórida, onde o fenômeno já vem acontecendo, deram acenos públicos ao turismo das vacinas. Outros destinos pretendem se lançar num futuro próximo.

Cuba, por exemplo, já divulgou que planeja disponibilizar a vacina a todos os visitantes da ilha assim que sua fórmula for aprovada na terceira e última fase dos testes, que começou em março.

Maldivas, por sua vez, anunciou que pretende institucionalizar o turismo da vacina após imunizar o país inteiro – com 530 mil habitantes, o arquipélago já inoculou quase 57% de sua população com ao menos a primeira dose.

A Rússia ainda não divulgou oficialmente uma campanha de incentivo ao turismo combinado às vacinas. Em março, o ministro russo Mikhail Murashko descartou a ideia publicamente. Em abril, porém, o perfil oficial da Sputnik V no Twitter, em inglês, informou que há um projeto para vacinar turistas a partir de julho.

O Chile, por outro lado, desmentiu que iria imunizar turistas. O país passou a conferir documentos de residência de estrangeiros depois que um programa de TV no Peru divulgou pacotes de viagens ao Chile com a imunização incluída por US$ 1 mil. Israel, Reino Unido e outros países têm vacinado estrangeiros residentes – a conferência dos documentos pode ser mais ou menos rigorosa.

O acesso aos imunizantes não é a única desigualdade que vem se aprofundando. Com a intermitência de prestação de serviços, a paralisação de algumas atividades econômicas, o colapso na saúde em vários países e os efeitos políticos da gestão da pandemia , nações se encontram afundadas em crises, com níveis altíssimos de desemprego e de fome – grandes causadores de conflitos, guerras e migrações.

As correntes migratórias que a pandemia ainda deve estimular – ou simplesmente robustecer – são imprevisíveis e vão além do turismo em busca de vacinas. Como será o mundo pós-pandemia? As fronteiras estarão mais abertas do que antes? Quem tiver o “passaporte” de vacinado terá mais direito de ir e vir? Nenhum especialista se arrisca a desenhar esses deslocamentos no futuro. O imponderável é a herança de 2020 e 2021 para as próximas gerações.

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Sunday, May 30, 2021

Saúde abre sindicância sobre cobrança indevida da guia de óbito no Hospital Municipal Salgado Filho - Jornal O Dia

Alessandra Alves, de 47 anos, morreu por complicações da covid-19 no dia 9 de abril
Alessandra Alves, de 47 anos, morreu por complicações da covid-19 no dia 9 de abrilArquivo Pessoal

Por Karen Rodrigues*

Rio - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), segundo o secretário Daniel Soranz, abriu uma sindicância para apurar uma denúncia de cobrança indevida da guia de óbito no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio. Marcelo Chaves, marido de Alessandra Alves, de 47 anos, vítima da covid-19, diz ter sido cobrado em R$ 200 pela guia de óbito, que é gratuita, para liberar o corpo da esposa. 

Segundo Marcelo, o hospital o informou sobre a morte da esposa, por complicações da covid-19, na sexta-feira, dia 9 de abril, e ele tentou no mesmo dia liberar o corpo, mas não foi permitido. A unidade de saúde alegou que a documentação era necessária e pediu que o homem voltasse no dia seguinte, no sábado, dia 10, pois já era tarde da noite.

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Ao retornar, Marcelo relatou ter sido cobrado em R$ 200 pela guia de óbito para poder liberar o corpo da esposa. "Eu fiquei sabendo, mais para frente, que esses R$ 200 já era para fechar um pré-contrato com a funerária (Riopax) que trabalha dentro do hospital. É uma máfia que tem dentro do hospital para que você feche os contratos com eles", disse.

Marcelo só conseguiu liberar o corpo de Alessandra no domingo, dia 11, sem precisar pagar pela documentação, após denunciar a cobrança da guia de óbito. "O corpo estava jogado em um contêiner, virado, jogado de bruços. Estava toda deformada. Eu tive que entrar com um rapaz da funerária dentro do contêiner para tirar o corpo da minha mulher e botar dentro de um caixão para poder fazer o enterro", contou.

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Ainda segundo ele, funcionários do hospital costumam contatá-lo afirmando que "a denúncia não precisa ser feita" e o caso "pode ser resolvido".

"Eles falam que o hospital não tem culpa de nada. 'Foi a funerária que a gente deixa trabalhar aqui para poder facilitar o trabalho deles'. A funerária trabalha lá dentro, eles têm sala lá dentro do hospital. Os próprios funcionários ficam jogando para cima da funerária. Ali dentro é um antro de dinheiro. A morte dentro do Salgado Filho é um comércio", afirmou o viúvo.

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Segundo informações da SMS, a direção do Hospital Municipal Salgado Filho, no momento da denúncia, levou o caso à polícia, realizou um boletim de ocorrência e abriu também uma sindicância para apurar o caso.

"Agora, para finalizar a sindicância falta apenas o depoimento do senhor Marcelo. Convocado por diferentes meios, ele jamais compareceu ao hospital para prestar o depoimento e identificar quem fez a cobrança indevida pelas imagens de segurança. Dos funcionários do hospital que foram ouvidos, todos negaram ter presenciado alguma cobrança. A direção do HMSF reforça a importância do depoimento do sr. Marcelo para esclarecimento dos fatos e o aguarda na unidade o mais breve possível para depoimento", disse a pasta, em nota.

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Marcelo chegou a fazer um registro da ocorrência na 23ª DP (Méier) mas, segundo ele, ainda não há detalhes sobre a investigação e nem convocação para prestar depoimento.

Procuradas pelo O DIA, a Polícia Civil e a funerária RioPax ainda não deram retorno.

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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes

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br - Notícias de Franca e Região - Portal GCN

Kaique Castro/GCN
Erivelton Gabriel durante entrevista ao GCN na espera do PS em dia 19 de maio: dez dias depois e após outras três idas ao
A secretaria de Saúde de Franca confirmou que o servente de pedreiro Erivelton António Gabriel, de 43 anos, que morreu por complicações da doença no início da noite de sexta-feira, 28, em sua casa no Parque Vicente Leporace, passou quatro vezes pelo pronto-socorro “Álvaro Azzuz” em busca de atendimento. O ajudante de pedreiro estava diagnosticado com a doença desde o dia 17 de maio. Nos dias 19, 21, 23 e 25 de maio ele esteve no PS em busca de atendimento médico. No seu prontuário, não há registro de “alteração no exame físico que pudesse indicar a internação do paciente”, diz a nota. Ainda segundo a secretaria de Saúde, em todos os quatro atendimentos a saturação, frequência cardíaca, respiratória e temperatura do paciente foram avaliados e se mantinham “dentro dos padrões de normalidade”. As queixas relatadas eram dores de cabeça e no corpo, comuns para pacientes com síndrome respiratória. A versão da secretaria de Saúde para os sintomas diverge da apresentada pelo próprio Erivelton ao portal GCN no dia 19, quando foi entrevistado na espera do PS. “Tô com dor no corpo, o olho tudo queimando, febre, e eles não dão atenção”, disse. Naquele dia, o ajudante de pedreiro esperou mais de sete horas por atendimento. Revoltado, reclamou muito das condições do pronto-socorro. “Tem que se espelhar em Deus e pedir para Deus, né, porque isso aqui mesmo é uma pouca vergonha. Isso aqui não vira nada. Você chega aqui, se tiver que morrer, vai morrer. Já era”. Apesar da superlotação no PS, a secretaria de Saúde disse que havia condições de acomodá-lo e que Erivelton só não foi internado porque não havia indicação clínica para isso, mesmo considerando que ele passou quatro vezes seguidas, em dias sucessivos, reclamando dos sintomas. A comissão de ética médica será acionada para revisar o seu caso. Não foi divulgado o prazo para apresentação das conclusões. Leia mais e assista a entrevista de Erivelton:
Homem com Covid morre em casa após longa espera por atendimento no PS 

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'Prioridade deveria ser idade, não comorbidade', diz médica sobre vacinação - CNN Brasil

Em entrevista à CNN neste sábado (29), a cardiologista e médica intensivista Ludhmila Hajjar disse que aconselharia, neste momento, o Brasil a voltar atrás da ideia de expandir a vacinação para os grupos com comorbidade e manteria a campanha nacional por idade.

“Em um país tão difícil como o nosso, tão heterogêneo, com tanta dificuldade — sem falar que muita gente já denunciou irregularidades de atestados e relatórios sendo vendidos —, eu tenho muita preocupação. Se pudesse, eu opinaria a voltar atrás nesse sentido de comorbidade.”

Hajjar analisa que o público-alvo se tornou muito amplo e abriu precedentes para pessoas que não deveriam ser prioridade agora. Com isso, estão passando na frente de quem tem maior risco de ser acometido pela Covid-19.

“A maneira como isso foi feito é muito ampla e deixa muito flanco aberto no sentido de a gente realmente não priorizar quem realmente deveria ter prioridade. Poderíamos fazer de uma maneira mais segura, tendo a confirmação, um exame médico, um registro no hospital, mas eu acho que isso aumentaria muito a complexidade.”

A cardiologista e intensivista explica que é imprecisa a classificação de quem realmente tem imunossupressão ou alguma doença crônica que seja realmente um respaldo para que a pessoa esteja em um grupo de risco. 

“Eu vou dar um exemplo: imunossupressão, que é o que está escrito na norma do Ministério da Saúde, é alguém que tenha deficiência do sistema imunológico. É um paciente que tem um câncer ativo e está em quimioterapia, por exemplo. Mas o que está acontecendo? Muitos pacientes que tiveram cânceres simples no passado, como os de tireoide, pele e outros, estão indo aos postos de saúde com relatórios médicos -- que não são corretos -- e estão passando na frente de pessoas que realmente deveriam estar sendo vacinadas.”

Ela complementa dizendo que “doentes crônicos e pacientes com imunossupressão é que devem receber relatórios do seu médico, instituição e hospital, para que sejam submetidos à vacina.”

Novos picos

Ludhmila Hajjar diz que até agora, desde que a pandemia se instaurou no Brasil, nós não conseguimos reduzir os números de uma maneira significativa a ponto de dizer que vencemos a primeira onda e podemos voltar à normalidade. “É como se nós tivéssemos picos, aumentos significantes, depois a gente reduz um pouco e quando tudo parece estar tentando entrar no eixo, a gente tenta voltar à normalidade, flexibiliza algumas ações restritivas, e volta a ter picos.”

Dessa forma, ela traça um panorama de que em decorrência dos aumentos de novos casos e números de internações, o Brasil caminha para um novo pico nos próximos dias. 

“De uma maneira geral, a gente pode chamar de onda todo novo pico. E, realmente, o que nós estamos observando, e a gente precisa ver como será o comportamento da doença nas próximas semanas, é uma tendência desde 15, 16 de maio até hoje, um aumento do número de casos novos, um aumento do número de mortes, o que parece configurar uma terceira onda da doença nos próximos dias. A gente esperava que isso fosse ocorrer em julho, mas houve realmente uma antecipação dessa elevação de números.”

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Saturday, May 29, 2021

Reclamações contra aumentos nos planos de saúde disparam em 2021 - UOL Notícias

Mesmo acostumados a reajustes acima da inflação, os clientes de planos de saúde não resistiram aos repasses em 2021 e decidiram reclamar. Dados a que o UOL teve acesso com exclusividade indicam que as reclamações a institutos de defesa do consumidor dispararam este ano.

O principal motivo, apontam as entidades, foi a aplicação em 2021 dos reajustes que ocorreriam no ano passado, mas que foram suspensos em razão da pandemia de covid-19. As operadoras discordam (leia mais abaixo).

A pedido do UOL, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o Procon (Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor) São Paulo e o Instituto Reclame Aqui contabilizaram as reclamações recebidas nos quatro primeiros meses deste ano e as compararam com as queixas registradas no mesmo período do ano passado.

O levantamento do Idec aponta para aumento de 120% nas reclamações.

A mesma tendência foi notada pelo Reclame Aqui, que, no mesmo período, viu o número de reclamações saltar 130%.

Em São Paulo, o número de queixas subiu muito. O Procon informa aumento de 2.396% nesse intervalo de tempo.

Na ANS (Agência Nacional de Saúde), foram registradas 1.905 reclamações sobre reajuste entre janeiro e março de 2021, contra 876 no mesmo período do ano passado.

Advogado especializado em direito à saúde, Rafael Robba diz que seu escritório registrou 88% mais reclamações sobre o assunto no mesmo período analisado pelas entidades, "o maior volume de processos em quatro anos", diz.

Segundo Fernando Capez, diretor do Procon-SP, a entidade recebeu "questionamentos de consumidores com planos reajustados em mais de 100%, isso em meio à pandemia, quando houve uma acentuada perda de poder aquisitivo da população".

Hospital - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto

Aumento nas mensalidades de planos médicos dispara neste ano

Imagem: Getty Images/iStockphoto
Em todos os casos, o volume de reclamações foi maior em janeiro, mas por quê?

Em razão da pandemia do novo coronavírus, a ANS suspendeu no ano passado o reajuste de 8,14% sobre os planos individuais e de 15% sobre os planos coletivos (que abarcam 81% dos usuários).

Ficou decidido que esse aumento —que valeria para setembro, outubro, novembro e dezembro— seria cobrado em 12 parcelas a partir de janeiro de 2021, mês em que o reajuste de 8,14% (planos individuais) e 15% (coletivos) também passou a valer.

Graças a isso, os clientes de planos de saúde devem se preparar para um aumento de até 35% nas mensalidades ao longo deste ano, segundo uma estimativa do UOL (entenda o cálculo abaixo).

"Esse parcelamento foi o motivo para o aumento de reclamações neste ano", diz Ana Carolina Navarrete, coordenadora de saúde do Idec. "A gente pediu na Justiça que essa recomposição só fosse autorizada depois que as operadoras demonstrassem os motivos, mas a Justiça negou."

A agência reguladora justifica em nota que o aumento autorizado por ela entre maio de 2020 a abril de 2021 bancaram "as despesas assistenciais de 2018 e 2019, período anterior à pandemia".

Diz ainda que não cabe a ela regular o reajuste dos planos coletivos com mais de 30 beneficiários, cujo preço é "definido em contrato e estabelecido a partir da relação comercial entre a empresa contratante e a operadora".

"Em todos os casos, a ANS monitora o cumprimento dos requisitos de transparência e fiscaliza os reajustes considerados indevidos mediante denúncia", diz.

Para a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que reúne os 16 maiores planos do país, "o número de ocorrências reportado representa parcela bastante diminuta do universo de 48 milhões de beneficiários da saúde suplementar no país".

São prematuras as conclusões que relacionam eventuais oscilações na quantidade de reclamações e insatisfações de beneficiários diante da recomposição dos preços das mensalidades dos planos de saúde, suspensa no ano passado, e aplicada no início deste ano.
FenaSaúde, em nota

Já a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) afirma que o reajuste em janeiro foi importante para o "equilíbrio" do setor, que teria enfrentado "os custos mais altos da sua história" nos quatro primeiros meses deste ano.

"Esse fato naturalmente gerou um aumento considerável nas reclamações nesse período", diz em nota que atribui o aumento das reclamações em São Paulo "à campanha realizada nas mídias sociais pelo Procon-SP".

Entenda o cálculo para os planos coletivos

Expectativa de aumento total em 2021: 35%

Por quê? A partir de janeiro, o usuário teve de pagar os 15% do reajuste médio suspenso em 2020. Também a partir de janeiro, ele começou a pagar a primeira das 12 parcelas do aumento que deixou de ser cobrado entre setembro e dezembro, um acréscimo equivalente a 5% ao mês sobre o valor pago em dezembro.

Acontece que os planos também estão reajustando a mensalidade neste ano, aumento que costuma ser acrescido ao boleto na data de aniversário de contratação do plano. O UOL considerou a repetição do reajuste médio de 2020 (15%), o mesmo de anos anteriores, segundo o Idec.

Um usuário de 34 anos —que pagava cerca e R$ 393 de plano em 2020, segundo tabela da ANS— chegará ao final de 2021 desembolsando aproximadamente R$ 530, acréscimo de R$ 137, ou 35%.

Entenda o cálculo para os planos individuais

Expectativa de aumento em 2021: 18,9%

Por quê? A partir de janeiro, o usuário teve de pagar os 8,14% do reajuste suspenso em 2020. Também a partir de janeiro, ele começou a pagar a primeira das 12 parcelas do aumento que deixou de ser cobrado entre setembro e dezembro, um acréscimo equivalente a 2,71% sobre o valor pago no ano passado.

Como os planos também reajustam a mensalidade de 2021 no aniversário de contratação do plano, o UOL considerou a repetição do reajuste de 2020 (8,14%), embora a média de aumento tenha sido de 9,9% nos últimos dez anos.

Um usuário de 34 anos —que pagava em média R$ 458 de plano no ano passado, segundo a ANS— chegará ao final de 2021 desembolsando aproximadamente R$ 544, acréscimo de R$ 86, ou 18,9%.

Procon quer cancelar aumento

profissionais de saude hospital cirurgia médicos - Piron Guillaume/Unsplash - Piron Guillaume/Unsplash

Reclamações contra planos dispararam

Imagem: Piron Guillaume/Unsplash

Diante da alta nos primeiros meses, em março o Procon paulista se uniu à Procuradoria-Geral do Estado em uma Ação Civil Pública contra a ANS para que as operadoras de planos coletivos "não apliquem reajustes anuais abusivos".

O mérito da ação ainda não foi julgado, mas a ANS já apresentou sua contestação e o processo foi enviado pelo juiz ao Ministério Público Federal para manifestação, ainda sem data para acontecer.

"As operadoras estão agindo como se estivessem num território sem lei, como se pudessem fixar o reajuste que bem entendessem sem dar satisfação ao consumidor e sem demonstrar com transparência quais foram as despesas que justificaram tais aumentos", diz Capez, do Procon.

A Abramge rebate dizendo que a definição do índice de reajuste "é baseada em uma metodologia transparente, com critérios previamente definidos, justamente para manter o sistema de saúde sustentável e hígido, para a utilização do beneficiário hoje e futuramente".

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Higiene do sono: 8 maneiras de treinar seu cérebro para dormir melhor - CNN Brasil

Dicas para dormir melhor
Foto: Luis Alvarez/Getty Images

Uma dica para quem deseja aproveitar o dia: é hora de aumentar o sono durante a noite. Mais de um terço dos adultos nos Estados Unidos não dorme o suficiente regularmente, afirma o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), chamando a privação de sono de "epidemia de saúde pública".

É um problema global também, de acordo com a World Sleep Society, uma organização sem fins lucrativos de profissionais do sono dedicada a promover a "saúde do sono em todo o mundo". “Os problemas do sono constituem uma epidemia global que ameaça a saúde e a qualidade de vida de até 45% da população mundial”, afirma a organização.

Você não tem que passar a vida sem dormir. Assim como aprendeu a lavar as mãos com frequência e a usar máscara como parte de sua higiene pessoal na pandemia, pode aprender a dormir melhor a cada noite com o que os especialistas chamam de "higiene do sono". O termo se refere às maneiras de treinar seu cérebro para reconhecer a hora de adormecer - e depois continuar dormindo.

Dormir é um dos três ingredientes principais para uma vida mais longa e saudável (os outros são dieta e exercícios). Muitas das maneiras de aumentar a qualidade do sono são fáceis de realizar.  Conheça a seguir as oito principais maneiras de melhorar sua higiene do sono e obter alguns benefícios:

1. Crie um ninho de sono

Uma das primeiras tarefas é preparar o seu ambiente de dormir. O REM ou estágio de sonho do sono é um nível de descanso mais leve que pode ser interrompido com mais facilidade, portanto, esforce-se para ter colchão e roupa de cama confortáveis que não sejam muito quentes. A ciência nos diz que dormimos melhor em temperaturas mais frias de cerca de 15 a 20 graus Celsius.

2. Desenvolva uma rotina

Estabeleça um ritual para a hora de dormir, tomando um banho quente, lendo um livro ou ouvindo uma música suave. Ou você pode tentar respiração profunda, ioga, meditação ou alongamentos leves, para ensinar seu cérebro a desacelerar. E cumpra essa meta. Vá para a cama e levante-se no mesmo horário todos os dias, mesmo nos fins de semana ou nos dias de folga, aconselha o CDC. O corpo gosta de rotina.

3. Apague as luzes

A secreção da melatonina, hormônio regulador do sono, começa ao anoitecer. Pesquisas descobriram que o corpo diminui ou interrompe a produção de melatonina se exposto à luz. Portanto, livre-se de qualquer iluminação, até mesmo a do seu smartphone ou laptop que está carregando. Se o seu quarto não estiver escuro o suficiente, considere o uso de máscaras bloqueadoras de luz.

E se você gosta de ler para dormir? Tudo bem, dizem os especialistas, basta ler em uma luminosidade fraca em um livro físico, não em um tablet ou um e-reader. "Qualquer fonte de luz do espectro do LED pode suprimir ainda mais os níveis de melatonina", disse Vsevolod Polotsky, que dirige a pesquisa básica do sono na divisão de medicina pulmonar e de cuidados intensivos na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, em uma entrevista à CNN.

4. Abafe o som

Enquanto você está lidando com a luz azul do seu smartphone, vá em frente e desligue todos os alertas de trabalho (sem Slack ou notificações de e-mail às 2 da manhã). Melhor ainda, basta levar o aparelho para fora do seu quarto.

Se você mora em um ambiente urbano barulhento, ruído branco (aquele sinal sonoro com a mesma frequência) ou ligar um ventilador no quarto pode ajudar a abafar quaisquer ruídos repentinos que possam provocar sustos durante o sono.

5. Boicote a cafeína no final do dia

Pare de beber líquidos com cafeína pelo menos seis horas antes da hora normal de dormir (alguns especialistas dizem: nada depois das 15h). E a cafeína está em mais do que apenas café, então isso se aplica a alguns chás e refrigerantes, assim como ao chocolate.

Sim, chocolate. Aquela xícara de chocolate quente que você acha que irá ajudá-lo dormir pode conter 25 miligramas de cafeína, enquanto uma xícara de chá verde ou preto fornecerá 50 miligramas de cafeína.

6. Pule a bebida alcoólica

Não recorra ao álcool para acalmar seus nervos ou ajudá-lo a dormir. Bebidas alcoólicas podem facilitar para adormecer, mas te prende nos estágios mais leves do sono. Seu corpo precisa passar por todos os três estágios do sono - sono leve, REM ou estado de sonho e sono profundo - para se reparar e se restaurar totalmente.

7. Evite alimentos pesados ou apimentados

Alimentos pesados e com muitos condimentos podem causar azia ou outros problemas digestivos, afetando a capacidade de dormir. Quanto ao açúcar, estudos mostram que ele está relacionado ao sono agitado e pode afetar os hormônios que controlam os desejos.

Um lanche leve antes de dormir "é aceitável", de acordo com a National Sleep Foundation. A recomendação é mastigar um punhado de nozes; algumas cerejas (que são ricas em melatonina); uma banana (que contém relaxantes musculares de potássio e magnésio) e chás descafeinados, como camomila, gengibre e hortelã-pimenta.

8. Torne o quarto sagrado

E por último, mas não menos importante, reserve sua cama apenas para dormir e fazer sexo. Por mais normal que pareça trabalhar ou brincar com as crianças na cama, isso não ensina seu cérebro a ver o quarto como um lugar para dormir.

A necessidade de dormir

Por que passar por todos esses passos? Porque a privação do sono é perigosa para a saúde.

Não dormir o suficiente tem sido relacionado à falta de libido, ao ganho de peso, pressão alta, ao sistema imunológico enfraquecido, à paranóia, a alterações de humor, depressão e a um risco maior de alguns tipos de câncer, demência, diabetes, derrame e doenças cardiovasculares.

Mas espere, há mais: dormir menos do que o necessário regularmente pode dobrar o risco de morrer. Em um estudo longitudinal com 10.308 funcionários públicos britânicos, pesquisadores descobriram que as pessoas que reduziram o sono de sete para cinco horas ou menos por noite tinham quase o dobro de probabilidade de morrer de todas as causas - mas especialmente de doenças cardiovasculares.

Lembre-se de que a quantidade de sono de que você necessita a cada noite depende da sua idade. Os bebês precisam de 12 a 16 horas, as crianças de 11 a 14 horas e os pré-escolares de 10 a 13 horas de sono por dia, incluindo cochilos, de acordo com o CDC.

Crianças em idade escolar precisam de nove a 12 horas de sono noturno, e os adolescentes ainda precisam de oito a 10 horas - o que, por causa das redes sociais, poucos conseguem. Os adultos precisam dormir pelo menos sete horas por noite - outra meta que muitos não conseguem alcançar. Mas, com essas dicas de higiene do sono, você pode ensinar ao seu cérebro alguns truques novos para obter a qualidade de sono que deseja.

Faça o que fizer, não fique sem dormir: se você tentar essas dicas e não conseguir relaxar, ou se seu sono continuar a piorar, procure seu médico ou profissional de saúde mental.

(Este é um texto traduzido, leia o original, em inglês)

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Covid-19: Saúde vai ampliar vacinação de pessoas com comorbidades e trabalhadores da saúde - Prefeitura Municipal de Arapongas

A partir da próxima segunda-feira, 31, a Secretaria Municipal de Saúde vai ampliar o esquema da vacinação contra a Covid-19 e passa a atender grupos de pessoas com comorbidades acima dos 35 anos. Inclui-se neste grupo pessoas com diabetes, pneumopatias crônicas graves, hipertensão arterial resistente, doenças cerebrovasculares, doença renal crônica, imunosuprimidos, anemia falciforme, obesidade mórbida, Síndrome de Down, cirrose hepática e doenças cardiovasculares.

E também, os trabalhadores da Saúde, acima dos 18 anos. Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, um dos critérios mínimos, para que o serviço seja considerado ESTABELECIMENTO DE SAÚDE, compreende a prestação de ações e serviços de saúde de natureza humana, que inclui além da atenção à saúde, as ações de vigilância, regulação ou gestão da saúde. Isto exclui ações que não têm o foco direto na saúde humana, como por exemplo as instituições que visam a saúde animal, os salões de beleza, as clínicas de estética, as academias de ginástica, e as instituições asilares, dentre outros, que embora estejam no escopo de atuação da vigilância sanitária, não devem ser considerados como estabelecimentos de saúde. Também exclui arranjos institucionais voltados exclusivamente à compra e contratação de serviços de saúde.

LOCAL – A vacinação para ambos os grupos será realizada no Espaço Cultural Milene (Feira da Lua), das 9h às 17h.

DOCUMENTAÇÃO

Comorbidades

Todos as pessoas com comorbidades a serem vacinadas deverão apresentar o Formulário de Atendimento aos Critérios de Comorbidades, disponível através do link: https://www.arapongas.pr.gov.br/coronavirus-comorbidades#comorbidades, preenchido pelo médico responsável, que ficará retido no momento da vacinação. Deverão apresentar também CPF, Cartão SUS, Documento com foto e Comprovante de residência.

Trabalhadores da Saúde

- CPF;

- DOCUMENTO COM FOTO;

- CARTÃO SUS;

- COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA;

- CARTEIRA DE VACINAÇÃO

- CÓPIA DE DOCUMENTO QUE COMPROVE ATUAL EXERCÍCIO DA PROFISSÃO (CARTEIRA DE TRABALHO, CARTEIRA DO CONSELHO DE CLASSE PROFISSIONAL, CONTRATO DE TRABALHO OU HOLERITE).

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Friday, May 28, 2021

Jovem perde parte do intestino e apêndice ao tentar participar de um desafio do TikTok - ISTOÉ


Uma adolescente, de 13 anos, perdeu o apêndice e parte do intestino após participar de um desafio do TikTok. A tendência da rede social envolve imitar um piercing na língua, com o uso de duas esferas magnéticas.

O objetivo do desafio é colocar uma esfera em cima e outras embaixo da língua, para criar a ilusão do piercing. Faye Elizabeth, mãe da garota, revelou que a menina vomitou e se queixou de fortes dores no estômago antes de ir ao hospital.

Inicialmente, médicos de um hospital da cidade de Rainhill, na Inglaterra, acreditavam que a jovem estava tendo uma crise de apendicite, mas descobriram 10 esferas magnéticas após exames mais apurados. A adolescente precisou ser levada para outro hospital, para fazer uma cirurgia emergencial.

“Eles tiveram que retirar parte de seu intestino e costurá-lo novamente. Uma [esfera] estava presa em seu apêndice, então eles tiveram que removê-lo também”, contou Elizabeth ao jornal Liverpool Echo.

De acordo com o jornal, os médicos retiraram 15 esferas das entranhas da menina. Faye afirmou que não sabe quando a jovem engoliu os metais. “Aparentemente, ela assistiu a um vídeo do TikTok onde há uma tendência que todas as crianças estão fazendo no momento”, concluiu Elizabeth.

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Câncer de mama: pandemia pode ter deixado 4 mil casos sem diagnóstico no Brasil, diz estudo - BBC News Brasil

  • Mariana Alvim - @marianaalvim
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

Paciente de máscara ao lado de profissional, que faz anotações em prancheta; recorte da foto não permite ver rosto delas

Crédito, Getty Images/LifestyleVisuals

Entre as várias doenças cuja prevenção e tratamento foram afetadas pela pandemia de coronavírus, está o câncer mais numeroso em novos casos e mortes de mulheres no Brasil, depois do de pele não melanoma: o de mama.

Uma das medidas mais importantes para a detecção precoce da doença, a mamografia para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, foi diretamente afetada pela pandemia, conforme mostra um levantamento recente, publicado em abril na Revista de Saúde Pública.

O número de mamografias realizadas na rede pública nesta faixa etária diminuiu 42% em 2020 na comparação com o ano anterior, caindo de 1.948.471 em 2019 para 1.126.688 no ano em que a pandemia começou.

A diferença de 800 mil exames não realizados no ano passado deve significar algo em torno de 4 mil casos de câncer de mama não diagnosticados em 2020, considerando estimativas da taxa de detecção da doença nas mamografias digitais (em média de 5 casos detectados para 1000 exames).

"Isso representa uma sobrecarga em potencial da doença para os próximos anos", diz o estudo, assinado pela mastologista Jordana Bessa.

A autora usou ainda informações do DATASUS para detalhar os números por Estado e mês. Ainda que com algumas variações regionais, o volume de mamografias realizadas em 2020 caiu na maior parte do país, mostrando que se trata de um problema disseminado.

"Em janeiro (o número de mamografias realizadas no país) começou razoavelmente bem, e aí em abril começou a ter uma queda muito grande. A queda foi amenizada em outubro, com a campanha Outubro Rosa, mas não chegou ao nível de antes" da pandemia, detalha Bessa, formada na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e médica da Rede D'or São Luiz em São Paulo.

O Ministério da Saúde recomenda que mulheres com idade entre 50 e 69 anos façam a chamada mamografia de rastreamento, um exame de rotina mesmo sem sintomas, a cada dois anos. Representando o ministério, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) explicou à BBC News Brasil que mesmo na pandemia as mamografias não foram suspensas e devem continuar sendo feitas, alinhadas a cuidados como uso de máscara e distanciamento social.

Mesmo que o órgão e os entrevistados destaquem a importância da manutenção desta rotina, Jordana Bessa diz que não é o que está acontecendo na realidade.

"A gente vê na prática que as pacientes sumiram mesmo. No consultório, estão voltando para colocar em dia os exames e dizem que estão atrasadas", conta a mastologista e autora da pesquisa, exaltando a existência e disponibilidade das informações do DATASUS.

Bessa ressalva que o levantamento inclui apenas dados da rede pública, mas possivelmente houve queda também na rede particular. Por este e outros fatores, a estimativa de 4 mil casos não diagnosticados em 2020 é conservadora.

Dados prévios, não incluídos no estudo, mostram que nos três primeiros meses de 2021 o número mensal de mamografias foi ainda menor do que em 2020 e 2019.

No pedido para uma mamografia, o médico deve preencher um pequeno questionário, respondendo por exemplo: "A paciente tem algum nódulo na mama?"

Se responder que sim, isso quer dizer que o médico encontrou um caroço na mama que pode ser benigno ou maligno, e a mamografia é um dos exames que ajudará a investigar isso.

Jordana Bessa diz que casos assim exigem atenção — e assistência em saúde — redobrada, já que a taxa de detecção do câncer é maior quando há nódulos.

Em seu levantamento, ela coletou também números de mamografias realizadas em 2019 e 2020 em cujo pedido médico a presença de nódulos foi afirmativa.

O volume destas mamografias caiu de 137.570 em 2019 para 89.408 em 2020.

Ou seja, dezenas de milhares de mulheres com nódulos detectados deixaram de fazer mamografias no primeiro ano da pandemia.

"Mais ou menos 50 mil mulheres com nódulos palpáveis estão sumidas. Onde estão essas mulheres que não foram fazer a mamografia? Preocupa mesmo", diz a médica.

Mulher apalpa o peito, de blusa, dentro de sala

Crédito, Jefferson Peixoto/Secom_PMS

Problemas antigos

Enquanto há mulheres que, na pandemia, deixaram de fazer a mamografia, há aquelas que tentaram muito e enfrentaram problemas antigos no acesso a esse exame, agravados pela crise gerada pela covid-19.

Um relatório de 2019 do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) mostrou que a taxa de mamógrafos disponíveis do SUS era de 1,3 para cada 100 mil habitantes; na rede privada, de 6,16.

Hoje, as diretrizes do Ministério da Saúde não falam em um número ideal, mas consideram diferentes variantes e particularidades locais. Como parâmetro, porém, uma portaria de 2002 determinava um mínimo de 0,42 aparelhos para cada 100 mil habitantes.

Segundo o relatório do CBR, porém, é comum que hospitais públicos tenham dificuldades para manutenção dos aparelhos, e que também faltem profissionais habilitados para utilizá-los.

A doméstica Severina Maria, de 55 anos e moradora de Niterói (RJ), conta que tenta desde outubro de 2019 fazer uma mamografia pela rede pública, através do Sistema Único de Saúde (SUS). Além da rotina de bienal, ela precisa fazer o exame também por acompanhamento, já que teve gânglios encontrados na mama há cinco anos.

Há quase dois anos, Severina já escutou no posto do Médico de Família do Engenho do Mato que o aparelho estava quebrado e também que a fila de mulheres à sua frente estava grande, nunca conseguindo a marcação do exame.

"Com a pandemia piorou, porque estão focando mais na covid. Mas nunca foi fácil marcar mamografia não. Sempre foi difícil. Só consegui fazer mamografia pelo SUS uma vez, em 2018, o resto foi tudo pagando", conta a doméstica, que diz ter pedido em outras ocasiões ajuda de familiares para pagar consultas e exames particulares, mas agora enfrenta o desemprego e uma situação financeira mais difícil.

Severina sorri para selfie, em frente a portão de madeira

Crédito, Arquivo pessoal

Em nota, a Prefeitura de Niterói garantiu que "não há demanda reprimida de mamografia na cidade", onde há dois mamógrafos e uma clínica conveniada para atendimento ao público. Questionada pela BBC News Brasil sobre o que poderia explicar a dificuldade encontrada pela paciente, a assessoria de imprensa da prefeitura afirmou que iria averiguar a situação dela em particular, mas não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Em Belém (PA), o estudante e profissional de tecnologia da informação Victor Arcanjo, de 30 anos, tenta desde novembro de 2020 marcar uma mamografia para a mãe, que tem 59 anos. Foi naquele mês que um médico entregou a ela um pedido de realização do exame com o aviso: "Urgente".

Victor não sabe o motivo da urgência, pois não estava na consulta, mas por motivos de saúde da mãe, é ele quem vem correndo atrás de atendimento médico para ela nos últimos meses. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) em que são atendidos, o mamógrafo ficou quebrado por um tempo e depois o médico responsável ficou ausente, por demandas externas referentes à pandemia.

Hoje, mamógrafo e médico voltaram, mas Victor e a mãe estão agora com um problema burocrático, tentando regularizar o cadastro para atendimento médico devido a uma mudança de endereço.

"O que a gente sente é frustração. É um exame importantíssimo, urgente, e não conseguimos há seis, sete meses. Como fica a cabeça?", indaga o universitário. "Não tem muita gente trabalhando no posto, pois estão concentrados no atendimento à covid. As informações ficam desencontradas. Não que não deva ter essa concentração com a covid, mas a gente fica frustrado com problemas que poderiam ser tratados mais rápido."

A BBC News Brasil não conseguiu contato, por e-mail ou telefone, com a UBS mencionada por Victor e nem sua assessoria de imprensa.

Por outro lado, o médico Arn Migowski, chefe da Divisão de Detecção Precoce e Apoio a Organização de Rede do INCA, diz que no Brasil há também o problema do desperdício de mamografias — aquelas realizadas anualmente e antes da idade indicada, tanto na rede pública quanto na particular.

"Mesmo antes da pandemia, e agora mais do que nunca, deve-se evitar fazer o rastreamento fora das necessidades. Do que analisamos até agora, com dados prévios, esse padrão não mudou na pandemia: a quantidade de mamografias certamente caiu, mas a distribuição de procedimentos inadequados não mudou. É um equívoco, pois não há evidência de benefícios", diz o médico do INCA.

Ele lembra que a recomendação é de mamografias bienais para mulheres com 50 a 69 anos, além do atendimento em casos suspeitos.

"Em casos de sintomas, as pessoas não devem deixar de procurar consulta, como nos casos com nódulos, que normalmente têm prognóstico pior."

Efeito cascata

Mulher posicionada em frente a mamógrafo, observada por profissional

Crédito, Getty Images/Jupiterimages

Jordana Bessa acrescenta que a estimativa de milhares de casos não detectados na pandemia se torna ainda mais preocupante quando considerados os gargalos nas etapas posteriores de tratamento — ou seja, depois da pandemia, podem não só chegar quadros da doença represados, como mais avançados, o que já é um problema no país.

"Infelizmente, cerca de mais ou menos um terço (dos casos) é diagnosticado com linfonodo já palpável no Brasil", explica a mastologista.

"Tem muitas outras barreiras a serem vencidas (além da mamografia). Tem o tempo entre a pessoa apresentar o nódulo palpável e fazer o exame de biópsia; tem o tempo entre ela fazer o exame de biópsia e fazer a cirurgia; o tempo entre fazer a cirurgia e começar a quimio", enumera a mastologista.

Um estudo publicado em 2019, por exemplo, mostrou que entre 4.912 pacientes com câncer de mama tratadas em 28 instituições pelo Brasil em 2001 e 2006, 23,3% tiveram diagnóstico na fase 1 a doença; 53,5% já na fase 2; e 23,2% na fase 3.

Embora a comparação com outros países seja dificultada por diferenças na coleta e apresentação dos dados, a prevalência de diagnósticos tardios está longe de ser uma exclusividade do Brasil.

Em geral, diagnósticos mais tardios significam tratamentos mais invasivos e chances menores de sobrevivência. Por esses e outros motivos, o rastreamento é tão importante.

"Fazer um diagnóstico tardio acaba gerando mais custos para o sistema, porque a gente poderia fazer um tratamento menos invasivo. É aquele problema que vai gerando um gasto econômico atrás do outro, porque um linfonodo palpável, por exemplo precisa de quimioterapia, precisa de radioterapia. E um outro trabalho já mostrou que, mesmo com todas as limitações, a sobrevida no Brasil ainda é muito boa quando o diagnóstico é precoce, acima de 90%. Então vale a pena insistir nisso."

Segundo o INCA, o Ministério da Saúde publicou em dezembro de 2020 uma portaria estabelecendo uma verba de R$ 150 milhões para os Estados fortalecerem a prevenção e controle do câncer durante a pandemia de coronavírus, inclusive o de mama. O órgão afirmou ainda que foram realizadas oficinas com gestores estaduais no início de 2021 orientando-os sobre a detecção precoce no período da crise sanitária causada pela covid-19.

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