Iguaria comum de ser preparada em churrascos, o coração de galinha é um alimento nutritivo e muito versátil, podendo compor receitas diferenciadas, como risotos e baião de dois. Além disso, é uma proteína de baixa densidade energética, podendo ser consumida por quem busca uma dieta equilibrada.
Pela textura macia e o tamanho diminuto, entretanto, a carne costuma ser consumida de forma exagerada, o que pode ser um problema, já que ela também contém gorduras saturadas.
"Muitas vezes, o coração é servido como aperitivo e as pessoas acabam exagerando e consumindo muito mais do que é o recomendado, que são até 20 coraçõezinhos", explica Vivian Feddern, doutora em engenharia e ciência de alimentos pela UFRG (Universidade Federal do Rio Grande) e pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
A seguir, veja os benefícios do coraçãozinho de galinha e se há contraindicações.
1. Boa fonte de proteína
O coração de galinha fornece todos os aminoácidos essenciais que nosso corpo não produz e que formam as proteínas, responsáveis pela saúde do cabelo, da pele e dos músculos. Por isso, quem deseja emagrecer, pode e deve consumir esse alimento, já que segundo estudo publicado em 2016 na revista científica Food and Function, a ingestão de proteínas está ligada à sensação de saciedade e à produção e manutenção da massa muscular.
"Pessoas que sofreram uma queimadura, por exemplo, devem incluir proteína na dieta porque ela vai atuar na reconstrução do tecido lesionado", afirma a nutricionista Michelle Galindo de Oliveira, doutora em nutrição e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).
2. Contém boa quantidade de ferro
Assim como outros miúdos, o coração de galinha é composto de quantidade significativa de ferro (16,7 mg) —mineral responsável pelo transporte de oxigênio e pela produção de glóbulos vermelhos do sangue. Por isso, ele é muito recomendado para quem tem anemia ou para mulheres em período menstrual, quando ocorre a perda de muitos nutrientes.
3. Energia e imunidade em alta
O coração de galinha tem vitaminas do complexo B, principalmente a niacina (vitamina B3), que desempenha um papel na sinalização celular, metabolismo e produção e reparo de DNA.
As vitaminas do complexo B também têm ação antioxidante e previnem o envelhecimento precoce, além de estarem relacionadas ao bom funcionamento do sistema nervoso.
Outro componente do coração de galinha que ajuda o sistema imunológico é o zinco. O mineral auxilia no combate a bactérias e vírus invasores, além de ajudar a curar feridas.
4. Tem gordura "do bem"
A carne tem gorduras insaturadas, consideradas benéficas, já que contribuem com a redução dos níveis do colesterol "ruim", o LDL. Elas se dividem em monoinsaturadas (quando uma molécula de gordura pode ter uma insaturação de carbono) ou em poli-insaturadas (mais de duas moléculas).
Além disso, algumas vitaminas presentes no coração de galinha são lipossolúveis, ou seja, dependem da gordura para serem absorvidas. Esse é o caso da vitamina A, por exemplo, que tem papel relevante na saúde dos olhos e que é encontrada no miúdo em questão.
5. Rico em minerais
O coração de galinha tem boas quantidades de:
- potássio (243 mg): responsável pelo bom funcionamento celular;
- fósforo (367 mg): tem um papel estrutural no organismo, sendo um dos principais componentes de ossos e dentes;
- magnésio (36,9 mg): influencia na função de todas as células do corpo, importante para os músculos e formação dos ossos, dentes, anticorpos e na participação no sistema imune.
- cálcio (35,1 mg): tem funções estruturais e funcionais, como a formação e manutenção do esqueleto, fortalecimento de ossos e dentes, auxilia na rigidez da membrana plasmática, serve como barreira contra a entrada de células alérgicas, melhora o funcionamento cerebral e auxilia na contração muscular e na coagulação do sangue, reparando os tecidos.
Preparos
Instintivamente, os brasileiros já preparam o coração de galinha da melhor forma, que é na brasa. Deste modo, a gordura presente no alimento se reduz de 18% para 12%, em média, por 100 gramas.
Mas o alimento também pode ser feito na air fryer ou na panela de pressão. Neste último, entretanto, o coração não perde tanta gordura como na grelha.
Apesar de estarmos acostumados a consumir o coração inteiro, ele também pode ser desfiado ou mesmo cortado em pequenos pedaços, compondo pratos regionais.
"Ele pode ser colocado em risotos, sanduíches, molho de tomate, no feijão. Com farinha e queijo coalho, dá outro sabor ao baião de dois", sugere a nutricionista Michelle Galindo de Oliveira.
Qualquer que seja a combinação, é preciso retirar as artérias que vêm envoltas ao coração, que são gorduras. Dê preferência a temperos naturais com ervas e especiarias e, quando possível, deixe o coração marinando no vinho branco ou tinto. "Esse processo confere ainda mais sabor ao alimento", garante Letícia Mazepa, nutricionista doutoranda em ciências farmacêuticas na UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Contraindicações
Quem já tem colesterol alto ou tem tendência à formação de placas de gordura deve dar preferência a carnes mais magras. Da mesma forma, pacientes que recentemente passaram por cirurgias de retirada da vesícula biliar também devem evitar consumir o coração de galinha, justamente por ser uma carne mais gordurosa.
Além disso, algumas mulheres, depois da menopausa, apresentam quantidades elevadas de ferro e por isso precisam restringir alimentos ricos nesse mineral. O consumo por pessoas que tenham ácido úrico (gota) também deve ser restrito, já que o coração de galinha é rico em purinas, compostos que dão origem à hiperuricemia.
Tabela nutricional
De acordo com a TBCA (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos), da USP (Universidade de São Paulo), há, em 100 gramas de coração de galinha assado (sem sal e sem óleo):
- 201 kcal
- 11,4 g de carboidratos
- 39 g de proteínas
- 12,1 g de lipídios
- 35,1 mg de cálcio
- 16,7 mg de ferro
- 13,5 mg de zinco
- 243 mg de potássio
- 367 mg de fósforo
- 36,9 mg de magnésio
- 0,59 mg de vitamina B6
- 12,2 mcg de vitamina A
- 369 mg de colesterol
Fontes: Letícia Mazepa, nutricionista e doutoranda em ciências farmacêuticas na UFPR (Universidade Federal do Paraná); Michelle Galindo de Oliveira, doutora em nutrição e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Vivian Feddern, doutora em engenharia e ciência de alimentos pela UFRG (Universidade Federal do Rio Grande) e pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
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