Dados dos registros de saúde de mais de 89 mil pessoas na Dinamarca revelam que pacientes com Covid-19 que não tiveram que ser internados têm baixo risco de terem complicações agudas a longo prazo. Porém, sintomas persistentes – ainda que mais leves –podem levar a mais visitas a clínicos gerais e ambulatórios nos seis meses seguintes à infecção.
Os resultados da descoberta foram publicados nesta segunda-feira (10) no renomado periódico The Lancet Infectious Diseases. A pesquisa comparou indivíduos com resultado positivo no teste de PCR para o coronavírus e pacientes que testaram negativo na primeira onda da pandemia na Dinamarca.
“Até agora, a maioria das pesquisas que investigava complicações de longo prazo da Covid-19 concentrava-se em pacientes hospitalizados. Mas a realidade é que a maioria das pessoas com Covid-19 não é admitida no hospital”, observa Anton Pottegard, autor sênior do estudo e professor da Universidade do Sul da Dinamarca, em comunicado.
Desdobramento da maioria
Entre de 27 de fevereiro a 31 de maio de 2020, foram coletados dados de 8.983 pessoas com Covid-19 não hospitalizadas e de 80.894 indivíduos que testaram negativo para a doença. Os especialistas, então, avaliaram nos dois grupos o risco de ter de tomar novos medicamentos e de receber diagnóstico para uma nova condição de saúde. A média de idade dos participantes foi de 43 anos e mais da metade deles (64%) eram mulheres. Além do sexo, foram consideradas também variáveis como obesidade, câncer e doença renal.
Entre as pessoas com Covid-19 não hospitalizadas, 31% teve de iniciar novo tratamento medicamentoso. Cerca de 1,8% tomou remédios para alargar as vias aéreas, sendo que essa taxa foi de apenas 1,5% entre quem testou negativo para o coronavírus.
O risco de consumir medicamentos contra enxaquecas também foi levemente maior para os pacientes não internados que testaram positivo, totalizando 0,4%, contra 0,3% para indivíduos com teste negativo. A probabilidade de receber um diagnóstico de uma nova condição de saúde foi semelhante nos dois grupos (26%).
No entanto, o risco de ter dificuldade respiratória foi bem maior em pessoas com coronavírus não hospitalizadas (1,2%), em comparação com quem estava saudável (0,7%). Além disso, o risco de coágulos sanguíneos nas veias foi o dobro para pacientes não internados que contraíram o vírus (0,2 %) se confrontados com aqueles que não tiveram Covid-19 (0,1%).
A pesquisa também analisou o uso de serviços de saúde e apontou que pessoas não hospitalizadas que testaram positivo para o Sars-CoV-2 visitavam clínicos gerais cerca de 20% mais do que quem não estava com o vírus. A frequência de idas até ambulatórios era também 10% maior para pessoas não hospitalizadas, mas infectadas pelo coronavírus.
Apesar da pesquisa ter uma amostra ampla, ela possui algumas limitações, como apontam os próprios autores. Segundo Stine Hasling Mogensen, coautora do estudo, a análise subestima fatores como fadiga e dificuldade de respirar, que são sintomas comuns nos casos estudados, mas que não exigem internação.
“Pesquisas anteriores encontraram alto nível desses sintomas relatados pelos pacientes, portanto, as diferenças entre os relatos dos pacientes e os atendimentos de saúde podem ser importantes para investigar necessidades de saúde potencialmente não atendidas e a necessidade de novos medicamentos para o tratamento”, comenta Mogensen.
Covid-19: não internados têm menor risco de efeitos graves a longo prazo - Revista Galileu
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