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Tuesday, August 31, 2021

Amazonas vive surto da 'doença da urina preta' com mais de 40 casos e internações; entenda - Jornal O Globo

RIO — Um cozido de pirarucu é apontado como a principal causa da internação de dois filhos da faxineira Dayana Vasconcelos Lima, de 36 anos. A criança e o adolescente, com 10 e 12 anos, foram diagnosticados com rabdomiólise, uma síndrome associada à doença de Haff, conhecida como  "doença da urina preta", com uma morte no estado que vive um surto. A principal causa da enfermidade é a ingestão de peixes e crustáceos. Eles estão há mais de uma semana sob cuidados da equipe médica do Hospital Regional José Mendes, situado em Itacoatiara, a 176 quilômetros de Manaus. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas- Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), já  são 44 casos da síndrome notificados no estado, 34 em Itacoatiara (sendo um óbito), quatro em Silves, dois em Manaus, dois em Parintins, um em Caapiranga e um em Autazes.

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— Eu ganhei o pirarucu de presente e fiz o jantar para eles, em casa. A gente comeu o peixe e na mesma noite o Miguel começou a ficar mal, mas eu não imaginava que seria isso (rabdomiólise). Ele melhorava e piorava durante a noite. No sábado ele falou que não aguentava mais de fraqueza e então levei para o hospital — disse Dayana.

Miguel sentiu dor de estômago e de cabeça, teve diarreia, fraqueza muscular nas pernas e braços. A urina do adolescente escureceu mas não chegou a ficar preta. Na segunda-feira, seus irmãos de 10 e de 14 anos também apresentaram os sintomas e foram para o hospital. A mais velha foi liberada no mesmo dia, mas o menor permanece internado com a síndrome.

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— A melhora é bem lenta. Os médicos disseram que a infecção diminuiu, mas eles ainda estão com infecção urinária. Mas sem previsão de alta, provavelmente daqui uns três ou quatro dias — afirmou a faxineira.

Doença da urina preta é associada ao consumo de peixes contaminados Foto: Gabriel de Paiva / Gabriel Paiva
Doença da urina preta é associada ao consumo de peixes contaminados Foto: Gabriel de Paiva / Gabriel Paiva

Do total de contaminados, 18 permaneciam internados neste domingo, segundo a FVS-RCP. Entre eles duas crianças, justamente os filhos de Dayana. O mais velho foi levado para o hospital em 21 de agosto, algumas horas depois de comer o prato típico da região, no jantar de sexta-feira. O mais novo deu entrada na unidade hospitalar dois dias depois.

Rabdomiólise é uma condição que provoca lesões musculares que liberam substâncias tóxicas na corrente sanguínea. Quando a síndrome aparece após o consumo de peixes, é associada à Doença de Haff. No entanto, pode ocorrer na sequência de traumatismos, atividade física excessiva, infecções, crises convulsivas, consumo de álcool e outras drogas. 

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— Todos os casos notificados podem estar associados à ingestão de peixes. Ainda não há consenso no meio científico sobre a toxina que contamina os pescados. A Vigilância está se concentrando em detectar precocemente os casos e monitorar para que haja o manejo clínico adequado para os pacientes — disse o diretor-presidente da FVS-RCP, Cristiano Fernandes.

A FVS-RCP informou que segue realizando a investigação epidemiológica do surto. De acordo com Dayana, o pirarucu consumido por sua família estava com bom aspecto, fresco e tinha boa procedência. Há relatos de que os demais pacientes pegaram rabdomiólise após comerem outros tipos de peixes, como tambaqui, pacu e pirapitinga.

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'Tive sorte de as pessoas me abraçarem na academia', diz Léo Santos - VivaBem

Léo Santos, cozinheiro low carb e MasterChef, atribui seu sucesso na jornada em busca de saúde ao esforço, sorte e boa recepção das pessoas na academia. O cozinheiro saiu do sedentarismo e, agora, malha quase todos os dias da semana, como contou no UOL Debate dessa terça-feira (31).

"A princípio, o sobrepeso foi meu maior empecilho, acho que todo mundo acima do peso tem uma dificuldade de se aceitar no ambiente de academia. É aquela sensação de que todo mundo ali está satisfeito e eu, pelo menos, tinha um pouco de vergonha de malhar", contou sobre o início da jornada.

Além de Léo, o painel, que é parte da campanha de VivaBem Exercício É remédio, contou com a presença da médica psiquiatra Ana Paula Carvalho, especialista em medicina do estilo de vida; o profissional de educação física Marcio Lui; e a apresentadora e modelo Ellen Jabour.

Apesar do receio de ser julgado no meio atlético, Léo disse que a experiência foi justamente o oposto. "Tive sorte de encontrar uma academia, em que meu personal entendia minha situação, e as pessoas me abraçaram", lembrou. "Isso não acontece sempre, porque a academia pode ser um ambiente tóxico. Mas depois de um mês eu malhava de segunda a sábado", falou.

A academia é um lugar para todas as pessoas, esse estigma que a gente cria de que a academia não é um lugar para uma pessoa com sobrepeso é algo que não existe. As pessoas ali não vão te julgar por estar acima do peso. É um ambiente aparentemente hostil, mas que não é. É algo da nossa cabeça. Léo Santos

O MasterChef começou com caminhadas na rua sozinho e ouviu dos outros que não conseguiria manter o hábito. A psicóloga dele recomendou a entrada na academia para incentivar a rotina e "por exercício ser antidepressivo", como lembrou Léo.

Para ele, a chave foi encontrar prazer na atividade física. "É algo que buscamos sempre, o prazer em situações, até no sedentarismo", explicou. "Às vezes ver uma pessoa animada treinando nos estimula também", falou.

Exercício é remédio

Essa reportagem faz parte da campanha de VivaBem Exercício É Remédio, que quer ressaltar a importância da atividade física para a saúde e dar dicas e ideias para combater o sedentarismo.

Os conteúdos abordam a importância da atividade física para prevenir e tratar doenças, os sinais que o seu corpo dá quando você não se mexe o suficiente, dicas para tornar o exercício um hábito, além de descobrir qual mais combina com você, cuidados essenciais para começar a se movimentar, inclusive na terceira idade e relatos inspiradores de pessoas que trataram questões sérias de saúde com atividade física. Mas tem muito mais. Confira todo o conteúdo da campanha aqui.

Essa é a terceira campanha de uma série de VivaBem que tem trazido conteúdos temáticos para auxiliar no combate a problemas que muitas pessoas enfrentam no dia a dia e contribuir para que você tenha mais saúde e bem-estar.

A primeira foi Supere a Depressão Pós-Parto, realizada em março; e a segunda foi Tenha Uma Boca Saudável, em junho.

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Nova variante africana: o que já se sabe sobre a cepa de coronavírus que chegou a Portugal - Jornal O Globo

RIO — A nova variante identificada por cientistas sul-africanos, batizada de C.1.2., já foi detectada em ao menos sete países, entre eles Portugal. O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) confirmou, nesta segunda-feira, ao jornal português Observador que o caso foi diagnosticado no início de julho na região da Madeira. O Instituto, no entanto, negou que haja evidência de que a variante seja mais infecciosa ou resistente às vacinas.

Os primeiros casos da C.1.2. foram identificados em maio na África do Sul, nas províncias de Mpumalanga e Gauteng. Desde então, a variante do novo coronavírus já foi detectada em outras províncias, além de países como Portugal, Inglaterra, China, República Democrática do Congo, Maurícia, Nova Zelândia e Suíça.

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A resposta do INSA contraria, no entanto, as conclusões do estudo que identificou a nova variante. Segundo a publicação, a C.1.2. tem alterações na proteína spike que foram observadas em outras variantes de preocupação e associadas a um aumento na transmissibilidade e a uma redução da sensibilidade à neutralização.

Os responsáveis pela pesquisa destacaram ainda o aumento na proporção da variante entre os sequenciamentos genômicos mensais feitos na África do Sul. De acordo com eles, em maio, a variante era responsável por 0,2% dos casos sequenciados. Esse percentual subiu para 1,6%, em junho, e chegou a 2% em julho. Os pesquisadores apontam que o aumento é similar ao visto com a variante Beta (B.1.351) e a Delta (B.1.617.2) no país.

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OMS adota cautela

Nesta terça-feira, a porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Margaret Harris, disse em coletiva da Organização das Nações Unidas (ONU) que a nova variante, chamada de C.1.2., "não parece estar aumentando em circulação”.

Harris acrescentou que, por enquanto, a mutação não é classificada como uma “variante de preocupação” (VOC) pela OMS, como a Alfa, a Beta, a Gama e a Delta. As novas variantes que são identificadas, mas ainda não são consideradas mais graves ou transmissíveis, são classificadas como “variantes de interesse” (VOI) pela organização.

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O estudo que detectou a C.1.2. foi publicado na última semana por grupos sul-africanos, como a Plataforma de Inovação e Sequenciamento de Pesquisa KwaZulu-Natal e o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, mas ainda não foi revisado por pares.

A C.1.2. surgiu a partir da C.1., uma linhagem do vírus que dominou as infecções na primeira onda da pandemia na África do Sul em meados de 2020.

As mutações no vírus “estão associadas a uma maior transmissibilidade” e a uma maior capacidade de evasão de anticorpos, disseram os cientistas. “É importante destacar esta linhagem dada a sua constelação de mutações.”

As mutações no vírus vêm provocando ondas sucessivas do coronavírus com a variante Delta, encontrada pela primeira vez na Índia, e agora responsável por aumentar as taxas de infecção em todo o mundo.

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Sem sono, mães recentes têm envelhecimento acelerado, diz estudo - Jornal O Globo

RIO —Desde a década de 1980, quando as pesquisas sobre o impacto do sono na saúde do organismo foram aprofundadas, poucas vezes uma descoberta sobre o assunto chamou tanto a atenção. Um trabalho conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que, seis meses após o nascimento de seus bebês, as mães sofrem um envelhecimento biológico de três a sete anos além da idade cronológica. A causa? A falta de descanso crônico provocada pelas noites mal dormidas, tão comuns depois da chegada de um bebê. O trabalho foi publicado na revista científica Sleep Health.

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Os pesquisadores avaliaram um grupo de mulheres durante a gravidez e ao longo do primeiro ano de vida de seus filhos. Durante esse período várias amostras de sangue foram colhidas para observar o DNA das voluntárias. Eles descobriram que as mães que dormiam menos de sete horas por noite de forma frequente eram mais velhas biologicamente em relação às que dormiam sete horas ou mais.

Risco à saúde

As mães que dormiam menos de sete horas tinham uma alteração: os telômeros, pequenos pedaços de DNA nas extremidades dos cromossomos que agem como capas protetoras do material genético, eram mais curtos. Telômeros encurtados têm sido associados ainda por cima a um risco maior de câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças e morte precoce.

— A principal função dele é proteger o material genético transportado pelos cromossomos. No entanto, conforme as células se multiplicam para promover a regeneração dos tecidos do organismo, o comprimento dos telômeros é reduzido. Com o passar do tempo, eles ficam tão curtos que não são mais capazes de proteger o material genético, o que faz com que as células parem de se reproduzir e atinjam um estado de envelhecimento, que é sentido em todo o organismo. Há influência genética para o encurtamento mais rápido dos telômeros, mas isso também ocorre em situações de grande estresse e agora, como se sabe, de privação de sono — explica o geneticista Marcelo Sady, responsável técnico do Laboratório Multigene, de Botucatu, em SP.

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Participaram do estudo mulheres com idades entre 23 e 45 anos. Enquanto o sono noturno das participantes variou de cinco a nove horas, mais da metade teve menos de sete horas, tanto aos seis meses, quanto no período de um ano após o parto, relatam os pesquisadores. Eles observaram que cada hora de sono adicional refletia em uma menor idade biológica da mãe, ou seja, seu corpo sofria menos com o fator do envelhecimento do que as outras.

— Quando não dormimos à noite, continuamos com uma grande descarga de adrenalina e outros hormônios que nos fazem ficar acordados, quando o organismo deveria estar no repouso. É como se mantivéssemos os vasos sanguíneos e o coração no modo trabalho. Só que isso gera um estresse fisiológico muito grande para o organismo. E acelera o envelhecimento. Fazendo uma comparação, é como se você deixasse uma máquina o tempo todo ligada e, quanto mais tempo ligada, menor a vida útil — explica a neurologista Christianne Martins Bahia, responsável pelo setor de Distúrbios do Sono do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

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Um sono de qualidade é um dos pilares de uma boa saúde física e mental. Enquanto dormimos, o corpo faz uma verdadeira faxina em neurotoxinas que prejudicam o funcionamento e estão associadas ao surgimento do Alzheimer.

Os pesquisadores incentivaram as mães a aproveitar as oportunidades para dormir um pouco mais, como cochilar durante o dia quando o bebê está dormindo, aceitar ajuda de sua rede de apoio, como família e amigos, e, sempre que possível, dividir com o pai da criança a responsabilidade de cuidar do bebê, tanto durante o dia quanto à noite.

— Uma mãe que está extremamente privada de sono ainda produz menos leite porque está estressada, tem menos energia e disposição para cuidar da criança. Dormir pouco pode ser fator de risco para outras doenças, como a depressão e ansiedade. Precisamos olhar para essa mãe do pós-parto e conscientizar a família sobre a importância da rede de apoio, para ela ter esse momento do descanso garantido — destaca Bahia.

Seis anos de ajuste

Um outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostrou que as mães só conseguem recuperar a quantidade e a qualidade do sono, que tinham antes de engravidar, seis anos após o nascimento do filho. Nos primeiros 3 meses depois do nascimento, as mães dormiram em média 1 hora a menos do que antes da gravidez, enquanto a duração do sono do pai diminuiu em apenas 15 minutos. O impacto era maior nos pais de primeira viagem.

Dormir pouco todos os dias influencia inclusive na questão alimentar. A privação do sono reduz os níveis de leptina (hormônio da saciedade) e aumenta os níveis de grelina (hormônio da fome). Esse cenário estimula o risco de sobrepeso ou obesidade, já que a pessoa terá mais fome e mais tempo de comer. E aqui outro problema: a obesidade é um dos principais fatores para o desenvolvimento da apneia do sono, um distúrbio em que a respiração para e volta diversas vezes, diminui muito a qualidade do descanso.

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— Quando há uma grave perturbação da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais, isso mexe também com a expressão de alguns genes que regulam o metabolismo e os hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares — diz a médica nutróloga Marcella Garcez, professora e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

Apesar de não ser possível recuperar o sono perdido, é possível mitigar os efeitos estabelecendo uma rotina de descanso. O nosso corpo é capaz de se reprogramar e amenizar os danos já causados.

As oito horas diárias de sono são a recomendação básica. No entanto, cada faixa etária tem seu tempo recomendado de descanso.

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Monday, August 30, 2021

Estudo liga risco de covid grave e morte a obesos de todos os graus - VivaBem

Pessoas com obesidade em qualquer grau, mesmo leve, têm pelo menos 32% mais chance de morrer com covid-19 que uma pessoa não obesa. O resultado consta em um estudo inédito publicado por pesquisadores brasileiros da Rede CoVida no periódico inglês BMJ (British Medical Journal), avaliando 21 mil internações de pessoas a partir de 20 anos no Brasil até o dia 9 de junho de 2020.

Para chegar aos números, a pesquisa avaliou os registros de 8.848 adultos e 12.945 idosos no Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância de Gripe), do Ministério da Saúde, que notifica casos e óbitos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e covid-19. Todos os pacientes selecionados internados tinham teste RT-PCR positivo.

"Nas análises por grau de obesidade não observamos muita diferença na prevalência de desfechos adversos, exceto para a prevalência de óbito que aumentou com a gravidade da obesidade", diz o artigo, o primeiro publicado descrevendo —em análise de grande escala— a relação entre obesidade e covid-19 no Brasil.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) classifica a obesidade em três níveis, definidos pelo IMC (índice de massa corporal):

  • Não-obeso - < 30
  • Obesidade grau 1 - 30 a 34,9
  • Obesidade grau 2 - 35 a 39,9
  • Obesidade grau 3 (ou mórbida) - 40

Para saber o seu IMC, basta fazer uma conta simples: divida o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em metros).

Em todos graus, segundo o estudo, houve mais mortes entre obesos adultos que no público geral, crescendo de acordo com a faixa de IMC:

  • Obesidade grau 1 - 32% (mais mortes que não obesos)
  • Obesidade grau 2 - 41%
  • Obesidade grau 3 - 77%

"Embora se saiba que o IMC não faz distinção entre massa gorda e magra e, portanto, pode levar a viés de classificação incorreta, o IMC tem se mostrado um forte preditor de excesso de gordura corporal e tem sido amplamente utilizado em estudos epidemiológicos", ressalta o artigo.

Para os pesquisadores, o resultado pode ajudar a orientar o PNI (Plano Nacional de Imunizações), que hoje prevê como grupo prioritário somente as pessoas com obesidade grau 3.

"Com estas evidências, é esperado que todas as pessoas com obesidade, independentemente do grau de severidade, idade e existência de outras comorbidades, sejam incluídas no grupo prioritário para vacina contra a covid-19", afirma Natanael de Jesus Silva, um dos autores do estudo.

Mais mortes entre idosos

Segundo o estudo, levando em conta a idade, a morte de adultos com obesidade foi 33% maior que os não obesos. Entre os idosos, essa prevalência é ainda maior e chega 67%.

"A obesidade por si só parecia oferecer maior risco de resultados graves, especialmente morte, em idosos", reforça o artigo.

Segundo Aline Rocha, doutoranda em nutrição e uma das pesquisadoras que assinam o artigo, o resultado do estudo já era esperado pelo que era visto na prática.

"A gente não sabia mensurar quanto, mas a gente sabia e esperava que a obesidade apresentasse um número maior de desfecho morte —e foi o que aconteceu. E quanto mais obeso, maior é essa prevalência, sozinha ou combinada com outras comorbidades", explica.

Se associada a outras comorbidades, os números ficam ainda piores. Por exemplo: no caso de adultos obesos com diabetes ou doença cardiovascular, a pesquisa encontrou uma prevalência de ventilação mecânica invasiva 3,76 vezes maior do que entre não obesos; e de morte, 1,79 vez maior.

Quando temos outro fator de risco associado à obesidade, esse paciente vira uma espécie de 'bomba' de risco. Por exemplo: a diabetes já é ruim; mas quando tem diabetes e obesidade é pior ainda.

De acordo com o último boletim do Ministério da saúde, publicado em 20 de agosto, a obesidade foi apontada como comorbidade associada a 41 mil óbitos de covid-19 desde março de 2020, com maior número absoluto entre adultos do que idosos.

Boletim de 20 de agosto, do Ministério da Saúde, mostra mais mortes de obesos adultos que idosos - Reprodução/Boletim do Ministério da Saúde - Reprodução/Boletim do Ministério da Saúde

Boletim de 20 de agosto, do Ministério da Saúde, mostra mais mortes de obesos adultos que idosos

Imagem: Reprodução/Boletim do Ministério da Saúde

Um dos fatores que ajuda a entender esse resultado é que há muito mais pessoas obesas jovens do que velhas, até por conta da menor expectativa de vida de quem tem obesidade. No estudo, por exemplo, entre os 21 mil casos analisados, a prevalência de obesos entre adultos internados foi de 9,7%; já entre idosos, esse percentual cai para 3,5%.

"Isso é da fisiologia do próprio idoso. Quanto mais idoso, maior a chance de ser desnutrido. Por isso o maior percentual de obesos adultos", explica Aline.

Problemas ligados à obesidade

Ainda no artigo, os pesquisadores tentam explicar a relação entre obesidade e agravamento da covid. Para eles, o maior peso pode causar descompensação glicêmica e pode reduzir a elasticidade do tórax —condições que dificultam a respiração.

Eles afirmam ainda que obesidade é associada à apneia do sono e à doença pulmonar obstrutiva —que impedem o bom funcionamento dos mecanismos de ventilação.

Outro ponto é o comprometimento da resposta imune, que torna o indivíduo mais vulnerável a infecções e com menos respostas a medicamentos antivirais.

Para Aline Rocha, o resultado da pesquisa deve servir de alerta sobre os riscos da obesidade.

"Ela reforça a importância da questão da prevenção da obesidade de uma forma geral, e não só para a covid. A gente sabe que ela está associada a outras doenças crônicas: quem é obeso tem maior chance de ter diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares. E a gente viu como essa combinação agravou muito os casos de covid. O Brasil vive uma epidemia de obesidade e isso é preocupante", finaliza.

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Onda de doenças silenciosas durante pandemia preocupa especialistas - VivaBem

O grande aumento de casos de obesidade, do consumo de álcool e da automedicação durante a pandemia de covid-19 fizeram disparar o número de doenças silenciosas, como aquelas que afetam o fígado, maior glândula e maior órgão maciço do corpo humano, e cujo impacto na saúde dos brasileiros agora e também durante a próxima década preocupa especialistas.

O presidente do IBRAFIG (Instituto Brasileiro do Fígado), Paulo Bitencourt, afirmou em entrevista à Agência Efe que as hepatites virais, alcóolicas e medicamentosas, além da esteatose (gordura no fígado), as principais doenças que acometem este órgão do sistema digestivo, evoluem sem apresentar sintomas, até o desenvolvimento de cirrose e câncer.

Por isso, é preciso estar atento às condições associadas ao maior risco de desenvolver esses quadros, muitas delas agravadas durante a pandemia, como o sedentarismo e a obesidade, segundo o especialista, que relatou um "crescimento muito grande dos casos de hepatite medicamentosa" relacionados à automedicação de fármacos ou suplementos com o objetivo de tratar precocemente ou prevenir a covid-19.

O médico também alertou para o aumento da frequência, em unidades de terapia intensiva (UTIs), de casos de hepatite alcoólica aguda, que pode levar à insuficiência hepática em poucas semanas devido ao consumo abusivo de álcool, e que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 50%.

Além disso, o especialista alertou para aumentos do consumo de alimentos industrializados e multiprocessados na pandemia e dos casos de ganho de peso, que devem se refletir muito, no Brasil, no número de pessoas com excesso de gordura no fígado, que já é a maior causa de transplantes em alguns estados dos Estados Unidos.

Obesidade e sedentarismo na pandemia de covid-19

De acordo com a coordenadora do departamento de doenças do fígado da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Claudia Oliveira, a esteatose acomete entre 20% e 30% da população mundial e brasileira, e tem como principais fatores de risco para gordura no fígado aumento de peso, diabetes, colesterol e triglicerídios altos e sedentarismo.

Por esse motivo, o aumento do peso é altamente preocupante no Brasil, onde 60% da população tem sobrepeso, e a obesidade já afeta 20% dela.

"A gordura no fígado não é uma doença tão benigna assim, ela pode evoluir para formas mais graves, incluindo cirrose e câncer de fígado, e o acúmulo de gordura pode ocorrer em semanas ou meses, mas a fibrose e a inflamação demoram de sete a 10 anos", estimou a especialista.

Mesmo assim, Oliveira alertou que essa evolução é silenciosa e pode levar a uma esteato-hepatite, que se dá quando, além da gordura, o paciente apresenta uma inflamação no fígado e até fibrose (depósito de colágeno), quadro que vem crescendo muito na pandemia e que, como ela alertou, "já é quase a segunda causa de transplantes no Brasil".

"A esteatose já era a principal doença ambulatorial de fígado, mas, na pandemia, com o aumento da obesidade, da ansiedade e da compulsão alimentar e piora de estilos de vida que já não eram muito bons devido ao isolamento social, vimos um aumento de casos de gordura no fígado durante esse período", disse.

"O aumento de consumo do álcool também preocupa, porque ele aumenta a gordura no fígado por si só, então quando você junta sedentarismo, má alimentação, obesidade e ainda uma ingestão maior de álcool, esse é um trio bastante ruim para esses pacientes, e na pandemia isso se exacerbou", acrescentou.

Oliveira explicou que, nas primeiras fases da doença, quando há mais gordura e pouca fibrose, o tratamento é perda de peso, redução de calorias, do consumo de açúcar, de frutose, e aumento da prática de exercícios, tanto atividades aeróbicas quanto de resistência.

"Em todas as fases essa mudança de estilo de vida é preconizada. Então, por mais que haja a necessidade de um remédio para a fibrose, por exemplo, o ideal é que o paciente adote essas medidas, senão, só o medicamento não será suficiente. Então, ele tem que se conscientizar. Quando o indivíduo perde 10% do peso, ele já tem uma melhora na esteatose, na inflamação e até na fibrose", ressaltou.

A médica lembrou também que, no início da pandemia, consultas médicas foram suspensas devido ao risco de contrair a covid-19, o que foi mais um agravante para o aumento de doenças hepáticas, devido à falta de acompanhamento e também de diagnóstico.

"Qualquer pessoa acima de 45 anos, até para afastar hepatites virais, deve fazer sorologia para hepatites virais, enzima hepática, ultrassonografia", disse.

Crescimento da automedicação e a pandemia de "fake news"

Automedicação é um problema constante no país - Getty Images - Getty Images

Automedicação é um problema constante no país

Imagem: Getty Images

Outra consequência da disseminação da covid-19 e do isolamento social foi o crescimento da automedicação, um problema de saúde pública no Brasil e que, segundo o especialista Raymundo Paraná, se deve a uma questão cultural no Brasil e também à dificuldade de acesso a atendimento médico e saúde.

Esta prática representa um grande risco não só para o fígado, mas também para a saúde do indivíduo, seja por prescindir de um tratamento adequado comprovado cientificamente, por consumir substâncias tóxicas ou por realizar combinações entre componentes que acabam sendo nocivas para o organismo.

"A automedicação com alopáticos continua hoje, embora mais restrita por conta de políticas públicas. Mas a questão do consumo de ervas, folhas, suplementos, fitoterápicos, ficou livre e foi rapidamente captada em um contexto muito comercial nas redes sociais, nas mídias e até mesmo por profissionais de saúde", disse Paraná, que alertou para os perigos do "cházinho da vovó" ou de "medicações tradicionais indígenas" não testadas em contexto científico, que podem até mesmo levar à morte.

Para Paraná, a facilidade de acesso à informação fez com que as pessoas se contentem com informações superficiais que não confiram a a fonte, o que aumenta a exposição do público a notícias falsas que podem ser extremamente prejudiciais à saúde, como foi o caso da popularização do uso de medicamentos como cloroquina ou ivermectina para um suposto tratamento precoce contra a covid-19 ou o uso de multivitamínicos para se proteger da doença.

"O que se fala rapidamente ganha espaço e se transforma em uma verdade, esse é o mal que as fake news fazem. A situação é gravíssima, e durante a pandemia o terreno ficou mais fértil para essas sementes malignas e maliciosas. Elas proliferaram muito, muitas informações equivocadas", lamentou o especialista em hepatologia.

Nesse sentido, o professor titular de Gastro-Hepatologia da UFBA lembrou que "não existe alternativa à ciência, e atribui esse fato também à falta de honestidade e transparência de alguns profissionais da área da saúde.

Por outro lado, Paraná também criticou a dicotomização entre o que é sintético e o que é natural, que considerou como "uma jogada perversa e desonesta de marketing".

"O que é natural é santificado, e o que é sintético é demonizado. Não é assim, só um profissional que não tem nenhum cuidado com a honestidade e a ética pode passar uma informação tão pouco verdadeira como essa, já que vários medicamentos alopáticos têm origem natural", defendeu.

Álcool, um vilão do isolamento social

Consumo de bebida alcoólica aumentou - Getty Images - Getty Images

Consumo de bebida alcoólica aumentou

Imagem: Getty Images

Segundo dados da pesquisa ConVid, da Fundação Oswaldo Cruz e realizada em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas (2020), 17,6% dos mais de 40.000 entrevistados (18,1% entre homens e 17,1% entre mulheres) afirmaram ter ingerido mais bebidas alcoólicas nesse período. O maior avanço, 24,6%, foi registrado na faixa etária de 30 a 39 anos de idade, e o menor entre idosos (11,2%).

O estudo indicou, ainda, que quanto maior a frequência dos sentimentos de tristeza e depressão, maior o aumento do uso de bebidas alcoólicas, atingindo 24% das pessoas que têm se sentido dessa forma durante a pandemia.

No total, 40% da população se sentiu triste/deprimida e 53% se sentiu ansiosa/nervosa frequentemente (muitas vezes ou sempre). Entre os adultos jovens (18-29 anos), os percentuais subiram para 54% e 70%, respectivamente.

"O consumo abusivo de álcool e o Beber Pesado Episódico, ou seja, o consumo de mais de cinco doses por ocasião para homens e quatro para mulheres, geralmente em um intervalo de duas horas, estão muito associados com as alterações de saúde mental que ocorreram durante a pandemia da covid-19, que a gente sabe que teve um impacto muito grande na saúde mental", destacou o presidente do IBRAFIG, instituto vinculado à Sociedade Brasileira de Hepatologia.

"Essa elevação de consumo do álcool pode elevar a frequência de doenças hepáticas, principalmente cirrose hepática a longo prazo, e o álcool é uma substância que causa dependência, então o que começou durante a pandemia pode ser que não desapareça. Pode ser um hábito que veio para ficar e que pode levar a um incremento importante das doenças do fígado", acrescentou.

Bitencourt lembrou, ainda, que, 48% das causas de cirrose no mundo são atribuídas ao consumo de álcool, fator importante também no Brasil, onde cerca de 41% da população consome álcool, tendo como bebida preferida a cerveja.

O especialista também ressaltou que, apesar de o consumo ser mais abusivo entre homens com alto poder aquisitivo, o aumento no consumo entre mulheres nos últimos anos vem chamando a atenção, principalmente porque elas têm uma predisposição maior para desenvolver doença alcoólica do fígado.

Um estudo retrospectivo divulgado pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) em abril de 2021, também apontou que o consumo do álcool contribui para mais de 300 mil mortes nas Américas, e que quase 65% delas correspondem a pessoas com menos de 60 anos de idade e 64% ocorreram por doença hepática.

Além disso, os números indicam que cerca de 80% das mortes atribuíveis ao álcool aconteceram em três países: Estados Unidos, Brasil (quase 25% do total) e México.

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10 alimentos que se passam como fit, mas não são - globoesporte.com

É comum achar que alimentos, como barrinhas de cereais, peito de peru ou mesmo suco de caixinha, são saudáveis. Mas o alto teor de açúcar, gordura, sal (sódio) e componentes químicos encontrados nesses produtos indicam o contrário, podendo enganar quem pensa que seu consumo traz benefícios à saúde. Para manter uma dieta equilibrada, é importante dar atenção aos ingredientes e fazer escolhas inteligentes. Com o intuito de alertar as pessoas e entender as consequências causadas por maus hábitos alimentares, o EU Atleta conversou com a nutróloga Cristiane Coelho que indicou alguns exemplos de alimentos que parecem ser saudáveis, mas não são.

- A alimentação balanceada é a chave para a prevenção de doenças, principalmente as crônicas não transmissíveis, como diabetes, obesidade e cardiovasculares. Também temos inúmeros benefícios que podem ser vistos na pele e no cabelo, já que o balanço nutricional reflete tanto de forma interna como externa - explica a nutróloga.

Dúvidas sobre alimentação afligem todo mundo que quer levar uma vida mais saudável — Foto: Istock Getty Images

Dúvidas sobre alimentação afligem todo mundo que quer levar uma vida mais saudável — Foto: Istock Getty Images

10 alimentos que parecem ser saudáveis

Segundo Cristiane, para ajudar o consumidor a distinguir o que pode ser melhor para sua saúde, é essencial ler a lista de ingredientes no rótulo da embalagem, que segue ordem decrescente (do maior para o menor) em relação às quantidades.

1. Barrinhas de cereais

Barra de cereal euatleta — Foto: Istock

Barra de cereal euatleta — Foto: Istock

São vistas como ricas em fibras, porém sua composição não apresenta essa função. Em geral, as barrinhas de cereais mais baratas, na realidade, são fontes de açúcar e gordura. Além disso, não atingem 1g de fibra por porção, ou seja, não chegam a quantidade de fibra necessária que deve atingir em torno de 25g por dia.

2. Peito de Peru

O produto tem os mesmos procedimentos de adição de compostos químicos que o presunto. Há ainda equivalência nutricional a carboidratos, proteínas, lipídios (gorduras) e também elevado valor de sódio/sal.

3. Sucos de caixinha

O produto, que possui em sua lista de ingredientes os primeiros itens como água ou açúcar, tem uma quantidade reduzida da fruta e de outros atributos nutricionais (vitaminas e minerais), o que torna o suco apenas um refresco adoçado.

4. Atum Light

O principal nutriente do alimento é o ômega 3 encontrado na gordura. Quando colocado em água, diminui tanto a gordura quanto o ômega 3, considerado o principal nutriente do atum.

5. Pão integral

Pão integral — Foto: Getty Images

Pão integral — Foto: Getty Images

Os pães integrais devem ser ricos em fibras, mas é importante observar a lista de ingredientes, tanto a ordem das farinhas integrais e refinada, como a qualidade dos demais ingredientes que compõem a receita. Atualmente, existem pães que variam na quantidade de 1,1 a mais de 4g de fibras por porção.

6. Chocolate diet

Chocolate diet — Foto: IStock Getty Images

Chocolate diet — Foto: IStock Getty Images

Com a retirada do açúcar do produto, para ser inserido na categoria diet, o chocolate recebe um aumento significativo de gordura. Por isso, não tem recomendação para ser utilizado em dietas de emagrecimento ou manutenção de peso, somente para diabéticos.

7. Chips de legumes industrializados

O produto conta com a adição de componentes químicos para que o prazo de validade seja mais longo. Na lista de ingredientes, há ainda gorduras e açúcares para melhorar o sabor do alimento. Por isso, a melhor opção é comprar legumes frescos, regar com um fio de azeite, salpicar ervas e fazê-los em casa.

8. Chá em lata

São ricos em sacarose ou adoçante, resultando em excesso de açúcar ou sódio. A melhor opção é preparar o chá em casa e usar a criatividade na mistura de chá com sucos de frutas para os dias quentes.

9. Fruta desidratada

Existem frutas desidratadas com mais adição de açúcar do que balas de goma. É recomendado consumir a fruta desidratada somente quando não há adição de açúcar.

10. Isotônicos

O isotônico é recomendado para atletas e esportistas — Foto: Getty Images

O isotônico é recomendado para atletas e esportistas — Foto: Getty Images

A bebida tem como objetivo ajudar atletas e esportistas a ter hidratação e recuperação de energia. Quando crianças ou outras pessoas consomem o produto, é o mesmo que consumir refrigerantes ou sucos adoçados.

O excesso e os riscos à saúde

Assim como é fundamental se atentar aos ingredientes que contém nos rótulos dos produtos, também é necessário dar atenção aos riscos e consequências que o excesso do consumo desses alimentos podem trazer a saúde.


- Os alimentos ricos em açúcares favorecem o aumento da resposta glicêmica e da insulina. Com isso, o surgimento do diabetes e o aumento da pressão arterial são estimulados em consequência do aumento da insulina - explica Cristiane.

Já o consumo de sódio em excesso se relaciona com o aumento da pressão arterial e possíveis dificuldades na sua excreção, resultando em retenção de líquidos em partes do corpo. Além disso, segundo a nutróloga, a falta de fibras no organismo prejudica o funcionamento intestinal, resultando em uma microbiota menos saudável, assim como interfere na absorção da gordura, já que as fibras solúveis têm um papel de se ligarem com o colesterol, possibilitando uma absorção diminuída.

Dicas de substituições

- A substituição sempre gira em torno dos alimentos “in natura”, ou seja, o que a natureza oferece, ou ainda, na necessidade de agregar diferentes alimentos para a formulação de preparações, observar aqueles que tem uma lista menor de ingredientes - explica Cristiane Coelho.


Sugestões da nutróloga

  1. A barrinha de cereal pode ser substituída por oleaginosas, como castanha, amêndoas ou nozes.
  2. O suco de caixinha pode ser trocado por suco de frutas naturais composto por mais de uma fruta.
  3. O cereal matinal por cereais como aveia, farelo de aveia, chia ou linhaça ou ainda mix de cereais e sementes naturais.
  4. O chocolate diet por chocolate 70%.
  5. O peito de peru por ovos orgânicos, patê de frango natural.
  6. Os isotônicos por água de coco.

Fonte: Cristiane Coelho é formada em Nutrologia e membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da International Colleges For The Advancement Of Nutrition (ICAN), possui 20 anos de experiência na área e é dona de uma clínica do Itaim Bibi, em São Paulo.

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Treino de força é essencial à velhice, e não precisa ser só com musculação - VivaBem

A ideia de que, para treinar e definir os músculos, você precisa passar horas dentro de uma academia puxando ferro é um tanto ultrapassada. Sim, a musculação tradicional, com halteres, anilhas e aparelhos, é ainda uma das formas mais comuns e indicadas de exercitar a musculatura, mas não é a única.

Além da musculação, diversos métodos, dentro ou fora da academia, com ou sem pesos, são capazes de proporcionar ganho muscular, definição, resistência e força.

Muitas dessas práticas, além de trabalhar a força e a definição muscular, exercem um trabalho integrado de mobilidade e flexibilidade.

"Músculos não identificam meios, mas respondem aos estímulos. Dessa forma, se conseguirmos estimular os músculos através dos meios disponíveis, as adaptações ocorrerão", explica Cauê La Scala, profissional de educação física, mestre e doutor em ciências e idealizador do FuncionaLink.

"A musculação tradicional é um meio, mas não o único. Os exercícios calistênicos e funcionais, com acessórios como kettlebell, medball, TRX, entre outros, podem fazer a vez da musculação com eficiência já comprovada em diversas pesquisas científicas."

Muito além da estética

"A flexibilidade e a mobilidade são peças-chave na capacidade física em todas as idades. Nos idosos, é ainda mais importante, por que, com o avançar da idade, o envelhecimento muscular, de tendões e articulações, torna o corpo mais rígido, travado, podendo favorecer quedas, dores e problemas articulares. Então, manter a flexibilidade e o alongamento é fundamental", destaca Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra.

Buzatto recomenda que, em todas as idades, sejam feitos atividades regulares de alongamento ou exercícios como o pilates. Cauê complementa: "De forma aguda, exercícios de alongamento dinâmico (alongamento com movimento) estão entre as melhores opções. Já durante os exercícios de força da calistenia ou do treinamento funcional, executar os movimentos na máxima amplitude possível gera estímulos suficientes para melhora da flexibilidade de forma crônica."

Um envelhecimento saudável e autônomo depende de como se trabalha ao longo da vida as capacidades físicas gerais, incluindo agachar sem dores, se locomover, ter flexibilidade e fôlego. Quem leva uma vida sedentária pode sofrer na velhice com a sarcopenia, uma condição que leva a um processo de perda de massa muscular.

"O treinamento de força para o combate à sarcopenia é fundamental. Muitas das incapacidades e dores crônicas em idosos se dão pela perda da massa muscular", finaliza Fabrício.

Conheça atividades que vão além da musculação para trabalhar força e resistência musculares:

Calistenia

calistenia, treino com o peso do corpo, bandeira humana, human flag - iStock - iStock
Imagem: iStock

A calistenia é um método que pode ser usado em diferentes lugares: na academia, em casa ou parques. Seus treinos consistem no uso do peso corporal, não necessitando de aparelhos, halteres e anilhas. Os exercícios podem ser complexos, usando barras e argolas, ou simples, como flexão de braços, agachamento e prancha abdominal.

"Obviamente que tudo irá depender do nível de desenvolvimento que está buscando, mas podemos, sim, treinar com a calistenia/peso corporal e adquirir volume muscular e simetria da região superior (tronco e braços), pois grande parte dos movimentos são pendurados na barra (puxando) e na posição invertida (empurrando)", fala Gabriel Máximo, personal trainer.

Para avaliar os resultados da calistenia, pesquisadores brasileiros submeteram voluntários a sessões de treinamento calistênico, estudando a capacidade de salto, agilidade, força isométrica e resistência intermitente.

No grupo experimental, foram observadas diferenças na composição corporal e a análise das variáveis antropométricas mostrou aumento significativo na massa magra, além de diminuição significativa no percentual de gordura corporal.

Crossfit

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Imagem: iStock

O crossfit é uma prática dinâmica e que reúne uma série de exercícios que trabalham capacidades aeróbicas, de força e resistência muscular. Como regra, as aulas têm três partes: aquecimento, exercícios técnicos e WOD ou Workout Of The Day (exercício do dia).

O crossfit é uma prática com muitas variações e similar ao treino funcional. "O treinamento funcional é mais amplo, seu objetivo principal é trabalhar as funções do corpo pensando sempre em movimentos. Diferente da musculação tradicional que isola grupos musculares e trabalha apenas força, no treinamento funcional/crossfit trabalhamos o condicionamento físico", explica Máximo.

Treino funcional

Agachamento búlgaro, afundo, treino funcional - iStock - iStock
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Na prática, treino funcional e crossfit são similares. Mas o primeiro é um conceito antigo, que surge dentro da fisioterapia, cujos movimentos estão associados à melhora da funcionalidade do corpo, compreendendo todo o conjunto de tarefas possíveis de serem executadas por um corpo humano.

"A melhora conjunta de todas as capacidades físicas é fundamental e isso forma a base conceitual do treinamento funcional. O cross training (crossfit) é baseado no mesmo conceito, porém preconiza a realização de estímulos em alta intensidade, visando adaptações em maior magnitude. Em suma, treinamento funcional é um conceito 'guarda-chuva' e o cross training é uma das hastes desse conceito", ensina Scala.

Parkour

Parkour - Movimento Mais Flow - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O parkour é um método de treinamento cujo objetivo é ultrapassar obstáculos com agilidade usando apenas as habilidades do corpo. Também usa da calistenia, já que não há aparelhos ou halteres, sendo o exercício realizado apenas com a força corporal e obstáculos comuns em ambientes urbanos, como muros, corrimões, árvores e barras.

A modalidade tem influências de práticas como a ginástica e exige força e resistência. Os treinos são intensos e trabalham pernas, tronco e braços.

"Se você vê uma pessoa fazendo um exercício pliométrico (saltos) ou saltando no parkour, a potência está sendo estimulada e será aprimorada, independentemente do meio usado. Da mesma forma, se você vê uma pessoa fazendo esforço para sustentar ou levantar uma carga, seja na sala de musculação ou no pole dance, a força será estimulada e aprimorada independentemente do meio usado", explica Scala.

Pilates

pilates - iStock - iStock
Imagem: iStock

O pilates é uma técnica de exercício que melhora a capacidade cardiovascular, pulmonar e também muscular, ajudando a tonificar e definir o corpo. Os treinos favorecem o fortalecimento muscular e a flexibilidade, com movimentos de resistência e isometria (estáticos). Usa também acessórios específicos, como faixas, elásticos e bolas.

"Geralmente o que vemos nas academia, estúdios e box de crossfit são praticantes que fogem dos alongamentos/mobilidade, mas essa capacidade física é importante não apenas para evitar lesões e dores articulares, mas também um músculo alongado produz mais força. Muitas lesões existem não pela prática dos movimentos, mas, sim, pela falta de flexibilidade e dos alunos 'pularem' essas partes no treino. Por isso, esses métodos citados, como o pilates, também são ótimos", diz Máximo.

Pole dance

Pole dance - iStock - iStock
Imagem: iStock

A barra fixa na vertical é o principal acessório do pole dance, que une movimentos de dança e de flexibilidade com técnicas de força e calistenia, sendo um exercício completo para quem busca obter resultados de uma forma divertida.

Práticas como o próprio pole dance, o pilates e o parkour ajudam a tonificar a musculatura e a melhorar a flexibilidade e a mobilidade. Porém, quem espera hipertrofia pode ter mais benefícios no crossfit, na calistenia e no funcional.

"Modalidades como pilates e pole dance vêm crescendo bastante, mas pensando na hipertrofia muscular é mais difícil, pois irão ajudar a tonificar os músculos, mas não servirão para grande aumento de massa muscular", ressalta o personal trainer.

Exercício é remédio

Essa reportagem faz parte da campanha de VivaBem Exercício É Remédio, que quer ressaltar a importância da atividade física para a saúde e dar dicas e ideias para combater o sedentarismo.

Os conteúdos abordam a importância da atividade física para prevenir e tratar doenças, os sinais que o seu corpo dá quando você não se mexe o suficiente, dicas para tornar o exercício um hábito, além de descobrir qual mais combina com você, cuidados essenciais para começar a se movimentar, inclusive na terceira idade e relatos inspiradores de pessoas que trataram questões sérias de saúde com atividade física. Mas tem muito mais. Confira todo o conteúdo da campanha aqui.

Essa é a terceira campanha de uma série de VivaBem que tem trazido conteúdos temáticos para auxiliar no combate a problemas que muitas pessoas enfrentam no dia a dia e contribuir para que você tenha mais saúde e bem-estar.

A primeira foi Supere a Depressão Pós-Parto, realizada em março; e a segunda foi Tenha Uma Boca Saudável, em junho.

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'Pós-covid chama a atenção', afirma médico do 1º diagnóstico da doença - HORA 7

Um ano e meio depois que o infectologista Fernando Gatti, chefe do serviço de Infectologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, fez o diagnóstico do primeiro caso de covid do país, ele afirma que o que mais lhe chama a atenção hoje na doença são as queixas de pacientes após o quadro agudo, a chamada síndrome pós-covid. 

"No Brasil, desconheço uma estimativa, mas, de forma geral, de 20% a 40% dos pacientes moderados e graves podem desenvolver a síndrome, então é um número bem considerável", afirma."Pessoas que tiveram quadros leves, com acometimento das vias superiores sem comprometer o pulmão, não desenvolvem a síndrome pós-covid", completa.

A síndrome ocorre 1 mês após a fase aguda da doença. Mesmo não estando mais infectado - o vírus permanece no corpo por dez dias, explica o infectologista -, o paciente ainda tem a impressão de que está com covid, apresentando sintomas como fraqueza, indisposição e tosse. 

"Parece que a pessoa continua com a doença, mas não é mais o efeito do vírus, mas sim o que ele já causou de lesão no tecido e o organismo vai ter um tempo para se recuperar desse quadro tão grave que ele teve. Esse tempo são as 12 semanas pós-covid", afirma.

"No pulmão, por exemplo, esse quadro de tosse residual e a dor no peito têm muita relação com o processo inflamatório que está diminuindo e o corpo recuperando as lesões do vírus", acrescenta.

O infectologista observa que, quando são utilizados determinados medicamentos durante o tratamento, como corticoides, que levam à queda da imunidade, o vírus permanece no corpo por mais tempo, mas, mesmo assim, a síndrome não está relacionada à sua presença; ela é posterior. 

"Fraqueza, tosse e dor no peito, que, às vezes, aparecem após quatro semanas da doença, talvez a pessoa não dê tanta importância, pois somem depois de 12 semanas. Mas a mensagem importante é: não é normal. Depois de 4 semanas, não é normal você manter esses sintomas, você deve procurar seu médico", orienta.

As queixas mais frequentes são fraqueza, indisposição, tosse, alterações de memória, lesões de pele, fenômenos tromboembólicos e alteracões renais, de acordo com Gatti. Outros problemas frequentes relacionados à síndrome pós-covid são crises de ansiedade e depressão. "É uma situação em que a pessoa viveu um risco iminente de falecer, eu diria até que é um estresse pós-traumático", diz. 

A síndrome pós-covid é tratada conforme os sintomas, explica o infectologista. É recomendado que, após a alta hospitar, o paciente mantenha acompanhamento médico para que seja encaminhado ao profissional apropriado. Alterações respiratórias devem ser tratadas com fisioterapia respiratória, falta de apetite, com nutrólogo, lesões de pele, com dermatologista, e questões de saúde mental com um psiquiatra, orienta Gatti.

"Às vezes, o médico detecta que o paciente tem sinais de depressão, alterações do sono, despertar precoce, indisposição para as coisas, choro fácil. Se detecta alguns sinais de distúrbio de humor, pede ajuda a um psiquiatra, que entra com medicação para depressão ou ansiedade", diz.

Infecções bacterianas secundárias também podem fazer parte do quadro da síndrome pós-covid. "Alguns trabalhos demonstram que de 20 a 30% dos pacientes pós-covid evoluem para algum tipo de infecção bacteriana secundária, por exemplo, pneumonia, otites, infecções urinárias", afirma.

"Estão muito relacionadas à questão do vírus causar inicialmente uma lesão nos tecidos e aí, como há bactérias colonizando as superfícies corpóreas, acabam se desenvolvendo essas infecções secundárias", complementa.

Caso não haja o acompanhamento após a alta hospitalar, quadros da síndrome pós-covid podem se agravar, ressalta o infectologista. Ele destaca que a depressão não tratada pode aumentar o risco de suicídio e sintomas como fraqueza e alteração da memória, comprometer relacionamentos pessoais e a vida profissional. 

O acompanhamento médico após a alta hospitalar pode ser feito pelo SUS, destaca o médico. "É importante o paciente retornar em um clínico-geral para que seja feita uma avaliação da necessidade de reabilitação. No sistema público de saúde, nas AMEs pode encontrar também outros especialistas, como psiquiatras e dermatologistas, para esse acompanhamento", recomenda. 

Gatti explica que estudos que avaliaram a qualidade de vida pós-covid demonstraram que, nesse período de 12 semanas que abrange a pós-covid, o paciente tem um decréscimo de 80% na qualidade de vida. "Isso impacta bastante o dia a dia, o trabalho e o convívio familiar, por causa da questão psicológica associada", diz.

Não há pacientes internados para tratar a síndrome, salienta. Segundo ele, o problema não deve impactar os hospitais. "Esse paciente dificilmente retorna ao pronto-atendimento para se queixar disso. Ele vai procurar o médico que lhe deu alta, que o acompanhou. Ele vai evitar o pronto-atendimento com medo de pegar novamente a covid. Essa pessoa não quer se expor novamente no ambiente onde possa estar circulando o vírus", argumenta. 

Segundo ele, 80% a 90% dos pacientes se recuperam da síndrome em 3 meses e 10%, em 6 meses, entrando na chamada fase crônica. "Quando há um quadro mais prolongado, médico vai precisar de exames laboratoriais e de imagem para checar se houve progressão da covid-19 em relação a sequelas", afirma.

Não se sabe ainda se a síndrome pós-covid provocada pela variante Delta pode ser mais intensa ou mais prolongada. "Ainda não há estudos [...] uma especulação, como estamos falando do mesmo vírus, a tendência é que exista síndrome pós-covid com Delta, mas não consigo dizer se vai ser com frequência ainda maior que as outras variantes anteriormente descritas, mas com certeza vai continuar tendo síndrome pós-covid", finaliza.

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Entenda como atividade física promove saúde, previne e trata doenças - UOL

Ao realizar modalidades que envolvem ganho de massa magra (musculação, funcional, crossfit, pilates etc.) é possível controlar, por exemplo, o diabetes tipo 2, já que os músculos causam maior sensibilização das células à insulina. Atividades aeróbicas (corrida, bike, natação) também ajudam no quadro por reduzirem o nível de açúcar no sangue.

Já quem tem pressão alta se beneficia pela circulação mais eficiente do sangue causada quando praticamos exercícios regularmente. Portanto, o exercício pode ajudar quem tem hipertensão e/ou diabetes a reduzir a dose de remédios ou, para alguns, até dispensar as drogas.

Mesmo no tratamento de doenças agressivas, como o câncer, o exercício geralmente é benéfico (e deve ser indicado de acordo com o quadro específico de cada paciente). Uma das razões é a liberação de proteínas com função anti-inflamatória gerada pela contração muscular durante o esforço físico. Elas atuam em vários órgãos do corpo, colaborando com a prevenção e o tratamento de tumores.

Para esses pacientes, manter uma vida ativa pode, inclusive, ajudar a combater efeitos adversos de quimioterapia e radioterapia, que costumam causar fadiga, perda de massa muscular e, para alguns, ansiedade e sintomas depressivos. É importante ressaltar que, ainda que manter uma vida ativa ajude a combater e controlar doenças, o uso de medicamentos e outras terapias não deve ser interrompido sem ordem médica.

O problema, explica Fabrício Buzatto, médico do esporte e fisiatra do Hospital das Clínicas da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), é que nem todos os profissionais de saúde têm esse conhecimento.

Na faculdade, nós, médicos, não temos nenhuma formação sobre isso. Aprendemos a prescrever medicamentos, mas não exercícios ou como convencer alguém de que a atividade física é essencial.

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Sunday, August 29, 2021

Terapia hormonal da menopausa é para todas? - G1

Estou mergulhada na questão da menopausa e seu impacto nas diferentes esferas da vida feminina, embora os sintomas produzidos pelo declínio da produção do estrogênio sejam os mais visíveis: de ondas de calor a oscilações de humor; de perda da libido a risco cardiovascular aumentado. Diante de tantos problemas, surge a pergunta: será que a terapia hormonal da menopausa (THM) – popularmente conhecida como reposição hormonal – é uma panaceia para todos os males?

Minha guia é a endocrinologista Flavia Barbosa, mestre e doutora em endocrinologia pela UFRJ e membro da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Ela diz que a THM com estrogênio e progesterona é o tratamento mais eficaz para os sintomas do climatério e já demonstrou prevenir perda óssea e fraturas. “Os benefícios podem exceder os riscos para a maioria das mulheres pós-menopáusicas sintomáticas que têm menos de 60 anos ou menos de dez anos desde o início da menopausa”, afirma, enfatizando que a terapia tem que ser individualizada com base em fatores clínicos e precedida do rastreamento de risco cardiovascular e câncer de mama. Para as pacientes histerectomizadas (que retiraram o útero), o tratamento é feito apenas com estrogênio. Reavaliações periódicas são mandatórias para todas.

Mulheres na menopausa: aproximadamente 75% das mulheres com idade entre 45 e 55 anos sofrem de sintomas que afetam sua qualidade de vida — Foto: Andrew Yuan para Pixabay

Mulheres na menopausa: aproximadamente 75% das mulheres com idade entre 45 e 55 anos sofrem de sintomas que afetam sua qualidade de vida — Foto: Andrew Yuan para Pixabay

A terapia hormonal pode ser iniciada na fase de transição da perimenopausa, período durante o qual se dá o aumento da irregularidade do ciclo menstrual. Ela lembra que, além dos fogachos, a menstruação pode se tornar até frequente e excessiva ou mais espaçada, e o somatório de desconfortos impacta a qualidade de vida: “aproximadamente 75% das mulheres com idade entre 45 e 55 anos sofrem de sintomas da menopausa, o que pode levar a baixa autoestima, distúrbios do sono e sensação de diminuição da energia”. O estrogênio pode ser administrado por via oral (comprimidos) e percutânea (adesivos ou gel). A via transdérmica é a mais segura porque reduz o risco pró-trombótico e a descompensação da pressão arterial. A progesterona pode ser prescrita como comprimido oral ou óvulo intravaginal, ou ainda ser usada através do sistema de liberação intrauterina.

Pacientes com histórico pessoal de câncer de mama, de diversos subtipos de câncer endometrial, doença coronariana prévia ou mutação pró-trombótica não devem receber THM. No caso da presença de fatores de risco para trombose ou doença coronariana, como obesidade ou tabagismo, a terapia hormonal tem que ser escolhida de forma a minimizar tais possibilidades e o monitoramento deve ser intensivo. Para a doutora Flavia, desde que bem indicada e dentro da chamada janela de oportunidade, nos primeiros anos após a menopausa, ela traz benefícios adicionais, como a redução da perda da massa óssea, do risco de câncer colorretal e a prevenção de sarcopenia, que tende a se agravar com o envelhecimento.

Para aquelas que, apesar dos sintomas, preferem não adotar a terapia hormonal, há opções como o estrogênio vaginal de baixa dosagem e o ospemifeno (medicamento indicado para ressecamento, ardência e dor na relação sexual), além de hidratantes e lubrificantes vaginais. Um dos grandes temores que envolvem a reposição é o risco de desenvolver câncer de mama depois de um período prolongado de uso. A endocrinologista explica que, com base em resultados de pesquisas, não é possível fornecer instruções precisas sobre a duração da utilização: “não há necessidade de impor um limite na duração da terapia, desde que uma dose mínima eficaz seja usada e as pacientes estejam cientes dos benefícios e riscos potenciais do tratamento. O risco de incidência de câncer de mama está diretamente relacionado ao tipo de terapia escolhida, sendo a progesterona micronizada a mais indicada, preferencialmente com estrogênio transdérmico. Se não houver ocorrência de novas doenças e o acompanhamento clínico for regular, é seguro continuar a THM”.

Em relação à testosterona, a doutora Flavia reforça que ela é indicada somente para mulheres pós-menopáusicas com Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo, quando há ausência persistente da falta de desejo. Estudos clínicos relatam alguma eficácia e segurança no curto prazo, mas não existem trabalhos que detalhem as consequências de sua utilização além de 24 meses de tratamento. Como os dados científicos são insuficientes, ela afirma que, em pacientes na pós-menopausa sintomáticas e com suplementação de estrogênio adequada, é possível valer-se da testosterona por um período de três a seis meses para avaliação dos resultados.

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