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Sunday, February 13, 2022

Por que atletas recebem diagnóstico de câncer de testículo? - VivaBem

Que fique claro já na primeira frase do texto: a atividade física não é fator de risco para o desenvolvimento de tumor testicular, mas, sim, a faixa etária dos atletas de alto rendimento, que geralmente são jovens. O câncer de testículo é o mais comum em homens de 15 a 34 anos.

É o caso de Jean Pyerre. Ao se apresentar na primeira semana de fevereiro para exames médicos no Girensunspor, da Turquia, o meia, emprestado pelo Grêmio, foi diagnosticado com câncer testicular e, por conta disso, o atleta optou por retornar para Porto Alegre para iniciar o tratamento. Jean Pyerre tem 23 anos e está dentro da faixa etária de maior incidência da doença.

É justamente o fator idade a explicação para que outros atletas de alto rendimento tenham recebido o diagnóstico de câncer de testículo, não tem nada a ver com o exercício físico ou o esporte. A maioria dos atletas se aposenta na faixa dos 40 anos, enquanto o câncer mais comum nos homens —de próstata— tem sua incidência aumentada a partir dos 50 anos, com pico após os 65 anos.

Assim como Jean Pyerre, outros casos de câncer de testículo em competidores de diferentes esportes (futebol, basquete e ciclismo, citando alguns exemplos) também se tornaram públicos. São os casos do holandês Arjen Robben, o francês Éric Abidal, o americano Lance Armstrong e os brasileiros Nenê Hilário, Ederson e Magrão.

Epidemiologia do câncer de testículo

Quando considerados os homens a partir de 35 anos, o câncer de testículo aparece apenas na 22ª posição, o que equivale a ser 35 vezes menos comum que o câncer de próstata.

Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens no Brasil. É facilmente curado quando detectado precocemente e apresenta baixo índice de mortalidade.

Ao todo, são 74 mil novos casos anuais de câncer de testículo no mundo (35 mil deles entre 15 e 34 anos). Os dados são do levantamento Globocan 2020, da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde.

Ainda de acordo com o Globocan 2020, com 3,3 mil novos casos anuais, o Brasil registra a maior incidência da América Latina de câncer de testículo. Já a maior prevalência no continente é observada na Argentina, com 8,1 casos para cada 100 mil argentinos enquanto a prevalência no Brasil é de 2,5 casos.

Um terço a menos de biópsias de testículo em 2020

Ao analisar os dados do DataSUS, a SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica) observa que em 2020 houve redução no Brasil, quando comparado com 2019, de 32% no número de biópsias de testículo, exame que confirma o diagnóstico de câncer.

"Houve uma grande demanda reprimida como reflexo da pandemia. Ao perceber sinais no corpo, a ida ao médico não pode ser negligenciada", alerta o cirurgião oncológico Héber Salvador, presidente da SBCO.

Outro fator que dificulta o diagnóstico precoce no Brasil é o fato de ser muito comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma IST (infecção sexualmente transmissível) ou trauma recente.

Nos Estados Unidos, onde são registrados cerca de 10 mil novos casos anuais de câncer de testículo, 99% dos pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando a doença é diagnosticada na fase mais inicial.

Quando há disseminação à distância (metástase), a sobrevida em cinco anos cai para 72,5%. Os dados são do SEERs, levantamento do National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos.

Fatores de risco

Idade - a maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos.

Raça - os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais riscos de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças.

Herança genética - quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.

Criptorquidia - condição na qual o testículo não desceu para o escroto é importante fator de risco. Homens que fizeram cirurgia para corrigir esta condição também têm risco de desenvolver câncer testicular.

Síndrome de Klinefelter - risco aumentado também para quem apresenta esse transtorno cromossômico sexual, que é caracterizado por baixos níveis de hormônios masculinos, esterilidade, aumento dos seios e testículos pequenos.

HIV e tratamento anterior para câncer testicular também são fatores de risco e requerem maior atenção.

Infertilidade é fator de risco, e trabalhadores expostos a agrotóxicos também podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.

Principais sintomas

O mais comum é o aparecimento de um nódulo duro, geralmente indolor, aproximadamente do tamanho de uma ervilha. Mas deve-se ficar atento a outras alterações, como aumento ou diminuição no tamanho dos testículos, endurecimentos, dor imprecisa na parte baixa do abdome, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos.

Caso sejam observadas alterações, o médico, de preferência um urologista, deve ser consultado.

Veja abaixo os principais sintomas:

  • Nódulo pequeno, duro e indolor
  • Mudança na consistência dos testículos
  • Sensação de peso no saco escrotal
  • Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha
  • Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal
  • Crescimento da mama ou perda do desejo sexual
  • Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens
  • Dor lombar

O autoexame dos testículos é um hábito importante para o diagnóstico precoce desse tipo de câncer. Apesar de não haver protocolo determinado, a autoavaliação deve ser estimulada e assistência médica recomendada em caso de alterações ou dúvidas.

Tratamento

A abordagem terapêutica é definida caso a caso. A cirurgia, chamada de orquiectomia, é feita para remover o testículo com uma incisão na virilha. O mais comum é ocorrer a retirada completa do testículo afetado (marcadores previamente aumentados ou lesões maiores). A função sexual ou reprodutiva do paciente não é afetada, desde que o outro testículo esteja saudável.

Nesse momento, amostras de tecido são examinadas para determinar o estágio do câncer. Os tumores de testículo do tipo seminoma (o mais comum) são tratados com cirurgia, muitas vezes, associada com radioterapia ou quimioterapia a depender do estadiamento (fase de descoberta da doença).

*Com informações do Inca

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