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Monday, April 25, 2022

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O início de março de 2022 foi marcado por uma grande quantidade de casos de dengue, que continuam altos neste mês de abril. Mas durante os dois últimos anos, na pandemia da Covid-19, os casos de dengue não foram tão elevados. O médico infectologista Guilherme Carvalho Freire, da Unimed de Franca, explica a razão dos casos de dengue terem “sumido” nesse período de Covid-19 e esclarece outras dúvidas.

Respondendo primeiramente à questão do suposto "desaparecimento" dos casos de dengue nos anos anteriores, o médico Guilherme Freire explica que é possível entender isso ao avaliar os últimos anos da doença. “Se fizermos uma avaliação nos últimos 20 anos, é possível notar que a cada cerca de três ou quatro anos, temos um grande aumento de casos de dengue. Mas isto não quer dizer que nos outros anos não tenham tido casos da doença. No ano passado, nós tivemos casos de dengue documentados em praticamente todos os meses do ano, mas eram casos esporádicos, de certa forma controlados”, explica o infectologista.

Além deste histórico de aumento de casos a cada cerca de quatro anos, Guilherme conta que outra questão está ligada ao aumento das chuvas. “A dengue é uma doença viral aguda e já é endêmica. Ela está muita associada ao seu transmissor, que é o Aedes aegypti, que tem a capacidade de se reproduzir em locais onde há acúmulo de água. Por essa razão, em meses mais chuvosos - que na nossa região é no início do ano -, o mosquito acaba por se replicar mais, havendo maiores chances de um aumento de casos de dengue. No caso do ano passado e retrasado, foram anos em que não tivemos chuvas tão intensas como neste ano“, diz ele.

Segundo o médico, a pandemia da Covid-19 também colaborou de certa forma para a menor quantidade de casos de dengue em Franca. “O trânsito de pessoas de uma região para outra foi menos intenso. Isso fez com que eventualmente os casos diminuíssem, porque uma pessoa contaminada é picada por um mosquito e este mosquito pica outra pessoa, que passa a ficar contaminada”, explica Guilherme.

Outro fator importante durante a pandemia apontado pelo médico é a questão das pessoas ficarem mais em casa. Dessa forma, o cuidado doméstico acabou sendo maior, com as pessoas limpando mais os quintais e deixando menos água parada.

Virulência
Uma dúvida que tem sido comum sobre a dengue nas redes sociais dos francanos é a respeito da “força” que a doença tem tido atualmente. Alguns internautas até mesmo afirmam que a doença está "mais forte" desta vez, e que isso vem sendo resultado do confinamento da pandemia, que teria deixado as pessoas mais frágeis. O infectologista nega essa hipótese e explica o que pode estar acontecendo no caso dessas pessoas.

“A dengue está muito relacionada à capacidade de ação inflamatória do organismo. Então, não acredito que seja essa questão do confinamento que possa estar fazendo manifestações mais exacerbadas. Isto na verdade acaba não mudando tanto esse poder de resposta”, afirma o doutor.

Guilherme justifica que é possível que a dengue "com mais intensidade" possa estar associada ao subtipo que tem predominado na região de Franca: “Temos que lembrar que a dengue tem quatro subtipos circulando, e cada epidemia pode vir com subtipos diferentes. Tem sido descrito que na nossa região tem circulado mais a de subtipo 1, e na última epidemia foi a de subtipo 2. As pessoas tem tido sintomas de dor no corpo mais intensos. Essa pode ser sim uma característica do vírus que esteja circulando”.

Prevenção é fundamental
O infectologista conta que é difícil fazer previsões de até quando a epidemia de dengue seguirá na região. Guilherme explica que o surto será contido mais rapidamente através de um trabalho coletivo entre os gestores públicos  controlando vetores e fazendo monitoramentos, com a ajuda de todos cidadãos fazendo sua parte cuidando de seus quintais e locais em que identifiquem água parada.

A principal forma de prevenção da doença é não manter água parada, que é uma forma de diminuir os criadores do mosquito. Outra forma de prevenção é o uso de repelentes para proteção de picadas de mosquitos. O uso de roupas com mangas mais longas também é uma forma de prevenção recomendada pelo infectologista.

A Secretaria de Saúde de Franca orienta que a população deve procurar uma unidade de saúde para diagnóstico e tratamento adequados. A Secretaria lista os seguintes sintomas como os principais: febre alta - acima de 38,5°C- , dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

O infectologista Guilherme alerta que todo suspeito de dengue deve ser notificado para a Vigilância Epidemiológica. Dessa forma, a Vigilância fica sabendo de possíveis criadores da dengue e faz uma busca ativa na região onde a pessoa fez a ligação e que possa minimizar os criadores de Aedes aegypti no local. A Vigilância Sanitária de Franca atende a população através do telefone (16) 3711-9415.

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