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Friday, December 2, 2022

Dor neuropática atinge nervos e pode causar agulhadas e choques; saiba mais - VivaBem

Dor neuropática ou neuropatia é uma dor crônica proveniente de alguma lesão ou disfunção do sistema nervoso central ou periférico. Em outras palavras, atinge nervos. Pode acometer até 10% das pessoas e desencadear sensações variadas, intensas, ou não, e até incapacitantes.

Entre os principais sintomas, estão:

  • Ardências
  • Agulhadas
  • Formigamentos ou adormecimentos
  • Choques
  • Diminuição da força em membros
  • Sensibilidade exagerada
  • Dor que piora sentado ou em pé

É uma dor que ainda pode estar presente 24 horas ou dar as caras em alguns horários, posições específicas ou crises, a depender ainda do nível de acometimento dos nervos.

Quanto maior o dano, geralmente maior e intolerável a dor, que também pode afetar um único trajeto (mononeuropatia), sendo localizada, às vezes de um único lado, ou espalhada (polineuropatia).

A polineuropatia não deve ser confundida com a plexopatia. Enquanto a primeira envolve múltiplos nervos, muitas vezes por todo o corpo (tronco, braços e pernas ao mesmo tempo), a segunda envolve múltiplos nervos, mas de um determinado território, ou plexo, neural. Por exemplo, o plexo danificado e com dor pode ser o dos ombros, mãos, pernas ou pelve.

Causas são bastante diversificadas

São muitos os fatores por trás das dores neuropáticas. Na lista: infecções por bactérias ou vírus (como sífilis, herpes ou Aids); acidentes (traumatismos, fraturas) ou cirurgias, levando a dores agudas e intensas, com possibilidade de tornarem-se crônicas se não forem tratadas; diabetes, daí a chamada neuropatia diabética; quimioterapia; alcoolismo e deficiência nutritiva.

coluna vertebral, hérnia de disco - iStock - iStock
Imagem: iStock

Hérnia de disco (problema com um disco cartilaginoso entre as vértebras) pode causar pressão e inflamação nervosa e consequentemente ciatalgia, dor no ciático, o maior nervo do corpo humano, originado de diversas raízes nervosas que saem do final da coluna lombar. Nervos também podem sofrer compressões por tumores, crescimento de músculos ou ossos e artroses.

Tem mais. Esclerose múltipla pode comprometer cérebro, nervos ópticos e medula espinhal (sistema nervoso central), pois nela o sistema imunológico confunde células saudáveis com "intrusas", e as ataca, provocando lesões. Outras causas incluem acidente vascular encefálico, síndrome do túnel do carpo, amputação de membros e problemas na glândula tireoide.

Qualquer nervo está sujeito, entre:

Ciático: do final da lombar, desce pelos glúteos, parte posterior da coxa, joelho, até chegar aos pés. É nesse percurso que pode ter dor, formigamentos, pontadas ou choques elétricos.

Neuralgia do trigêmeo - iStock - iStock
Imagem: iStock

Trigêmeo: esse nervo craniofacial, envolvido na mastigação e sensibilidade da pele, quando comprimido por uma artéria, causa uma dor intensa e fugaz, tida como uma das mais terríveis.

Oftálmico: ramo do nervo trigêmeo, pode ser acometido por uma infecção causada pelo vírus herpes-zóster, provocando dor e inflamação ocular, inchaço de pálpebra e fotofobia.

Olfatório: responsável pelo olfato, se comprometido, pode levar à perda da capacidade de sentir cheiros e gostos. Entre as causas, sabe-se que a covid-19 afeta neurônios dessa região.

Pudendo: passar muito tempo sentado, andar de bicicleta, fazer força para parir, evacuar, segurar peso, pode comprimir esse nervo pélvico, causando ardor constante na região íntima.

Interdigital: perto da sola do pé, pode ser lesionado pelo uso impróprio de calçados, por exemplo, resultando uma neuralgia ao redor das cabeças dos ossos metatarsos ou dos dedos.

Por causa das neuralgias, muitos acabam temendo andar, se agachar, praticar atividades físicas, resultando em sedentarismo e, em casos avançados, atrofias musculares, rigidez parcial ou completa de articulações (anquilose articular), perda óssea e limitação dos movimentos.

Diagnósticos e tratamentos

Mulher jovem com dor, dolorida - iStock - iStock
Imagem: iStock

Geralmente, a identificação do problema se baseia por meio do relato do paciente sobre seus sintomas, testes em consultório e exames, para detecção da causa. Em se tratando de dor no nervo ciático, o ortopedista ou fisioterapeuta pode solicitar um raio-X ou uma ressonância da coluna. Para neuralgia de trigêmeo, os indicados são neurologista e neurocirurgião.

Outros profissionais, como oftalmologistas, otorrinos, infectologistas, dentistas, urologistas, ginecologistas e proctologistas podem estar envolvidos, a depender do local da neuropatia. No que compete ao nervo pudendo, por exemplo, o diagnóstico geralmente é obtido por exclusão de uma série de doenças pélvicas e estudos elétricos de condução de nervos (eletromiografia).

Agora, sobre tratamentos, incluem desde o uso de medicamentos específicos para o controle das dores, entre os quais antidepressivos, anticonvulsivos, analgésicos moderados, antivirais, além de exercícios de alongamento e fortalecimento, fisioterapia, injeções de anestésicos e, em casos, crônicos e limitantes, cirurgias. Quando se toma medidas, em geral, há melhora.

Fontes: Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Clarissa Ramos, infectologista do Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador (BA); Júlio Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; Leonardo Marculino, oftalmologista do Hospital Cema (SP); e Nelson Astur, cirurgião de coluna do Hospital Albert Einstein e Instituto Cohen, ambos em SP.

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