Após um ano e meio lutando contra um câncer, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), teve uma piora em seu quadro geral e, de acordo com boletim médico, seu estado é irreversível. A nota divulgada pelo Hospital Sírio-Libanês diz apenas que o tucano segue recebendo medicamentos analgésicos e sedativos. “O quadro clínico é considerado irreversível pela equipe médica.” O prefeito, de 41 anos, encontra-se sedado e cercado por familiares e amigos.
Auxiliares próximos, como o secretário-executivo Gustavo Pires e o secretário de Governo, Rubens Rizek, seguem no hospital para dar auxílio a familiares que permanecem no quarto com Covas, sem falar com a imprensa. Rizek chegou no hospital por volta das 20h40, acompanhado do padre João Paulo Rizek, seu irmão. O religioso foi contemporâneo de Covas na Faculdade de Direto do Largo São Francisco, da USP, e foi ao hospital a convite da família.
Segundo o Estadão apurou, os médicos administraram um sedativo paliativo por volta das 18h desta sexta-feira, 14. A família já havia sido avisada nesta quinta, 13, de que o quadro não poderia ser revertido. Sob efeito de medicação, Bruno Covas recebeu o filho Tomás, de 15 anos, que nunca deixou de acompanhar a luta do pai contra a doença, para se despedir.
Covas está licenciado do cargo desde o dia 2, quando foi internado pela última vez. Logo no dia seguinte, durante a realização de um exame para descobrir a causa de uma anemia, os médicos identificaram um sangramento e o levaram para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) intubado.
Após melhora, o prefeito foi extubado e transferido para um quarto, onde chegou a receber visitas e postar mensagens de otimismo em suas redes sociais, ora acompanhado do filho Tomás, de 15 anos, ora de políticos.
Nesta semana, Covas havia sinalizado disposição e postou fotos sorrindo ao lado do prefeito em exercício, Ricardo Nunes (MDB), do governador João Doria (PSDB), do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (DEM) e do vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB).
De seu quarto no hospital, ele chegou a participar da articulação política que resultou na migração do vice-governador, que antes era do DEM, para seu partido, oficializada nesta sexta. “O PSDB de São Paulo ganha muito com sua chegada, reforçando nosso time com sua experiência administrativa e política”, escreveu Covas, acalmando tucanos que se posicionaram contra a mudança em favor de Geraldo Alckmin – de quem o prefeito paulistano também era próximo.
Histórico
O prefeito descobriu que tinha câncer em outubro de 2019, quando exames que vinham sendo realizados para investigar o surgimento de uma trombose apontaram a existência de três tumores – um no fígado, um na cárdia (a transição entre o estômago e o esôfago) e outro nos gânglios linfáticos. Os médicos atacaram a doença com imunoterapia e quimioterapia, e dois dos três tumores chegaram a desaparecer. O do fígado havia diminuído, mas ainda persiste.
Em fevereiro deste ano, os médicos identificaram um novo tumor no fígado, e ele retornou à quimioterapia. Entretanto, ao longo desta nova etapa do tratamento, a doença se mostrou mais agressiva, se espalhando para mais pontos do fígado e de seus ossos.
A partir de abril, novas complicações debilitaram ainda mais a saúde do prefeito que, mesmo assim, sempre se manteve muito otimista e deteminado a enfrentar a doença e permanecer com o tratamento.
Repercussão
Líderes partidários, aliados e adversários políticos do prefeito Bruno Covas lamentaram o anúncio da piora em seu estado de saúde. Colega de partido de Covas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (PSDB-AM) lembrou da batalha do avô de Bruno contra a mesma doença. "Ele é valente como seu avô", escreveu Virgílio no Twitter. "Mário Covas, junto com meu pai, foi meu maior exemplo na política. Tal avô, tal neto. Mário foi meu mestre, Bruno é meu companheiro e amigo."
Covas também recebeu mensagens de apoio dos concorrentes nas últimas eleições, da qual ele saiu vitorioso. "Minhas orações, pensamentos e energias positivas para o prefeito", registrou Orlando Silva (PCdoB) nas redes sociais. "Deixemos as posições políticas de lado neste momento para desejar força ao prefeito Bruno Covas e à família. Força e boas energias", escreveu Marina Helou (Rede).
O vereador Eduardo Suplicy (PT), o mais velho da Câmara Municipal, escreveu que ainda torcia pelo prefeito. "Dada a notícia de irreversibilidade da condição de saúde do prefeito Bruno Covas, transmito a todos a minha tristeza, oração a Deus, vontade que possa ainda ocorrer um milagre para que ele se recupere plenamente."
O presidente Jair Bolsonaro também usou seu perfil no Twitter para prestar solidariedade ao prefeito. "Na hora da dor, não existe lá do político (sic)", escreveu o presidente. "Minha total solidariedade a família do prefeito Bruno Covas." / COLABOROU TULIO KRUSE
Bruno Covas piora e estado de saúde é considerado irreversível, diz boletim médico - Política Estadão
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