A asma é uma doença que causa o estreitamento dos brônquios, canais que levam ar aos pulmões. Com isso, há uma dificuldade na passagem do ar, provocando broncoespasmos, que são contrações das vias aéreas. A doença pulmonar tem ganho ainda mais evidência com a pandemia de Covid-19, já que pessoas asmáticas graves fazem parte do grupo de risco. As crises de asma podem ser leves, dependendo do grau, e podem comprometer a respiração, inflamando os bronquíolos, segregando, assim, mais muco, o que aumenta o problema respiratório. E um ponto importante é que pessoas com asma podem e devem praticar exercícios físicos. Além disso, podem se beneficiar de exercícios respiratórios específicos, orientados por um fisioterapeuta respiratório. Como Fernando Oliveira, que no vídeo abaixo ensina dois exercícios que pessoas com asma podem fazer em casa, sem auxílio de equipamentos, reforçando que qualquer exercício deve ser orientado e acompanhado de profissional especializado na área.
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Aprenda a fazer dois exercícios respiratórios simples para prevenção de crise de asma
– Diversas são as possibilidades de intervenção pela equipe de fisioterapia aos pacientes com doença pulmonar obstrutiva, sendo o tratamento de escolha dependente da fisiopatologia da doença e do quadro clínico do paciente. Nessas condições, os pacientes com asma têm a possibilidade de receber as seguintes intervenções: exercícios respiratórios, treinamento muscular respiratório, reabilitação pulmonar e técnicas de higiene brônquica – explica Fernando Oliveira, fisioterapeuta especialista em fisioterapia intensiva e membro da câmara técnica de fisioterapia respiratória do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro (Crefito 2).
Para asma, recomenda-se o tratamento farmacológico e o não farmacológico, sendo que ambos devem ser continuamente revistos e ajustados para alcance e manutenção do controle da doença. Os principais objetivos da fisioterapia aplicada (tratamento não farmacológico) aos pacientes com pneumopatias, em geral são: reduzir o desconforto respiratório e a dispneia, melhorar a mecânica respiratória melhorar a força muscular respiratória nos casos de fraqueza desta musculatura, melhorar o condicionamento cardiorrespiratório, promover a higiene brônquica, quando necessária, além de melhorar a qualidade de vida.
Asma é uma doença pulmonar crônica de prevalência elevada que afeta entre 12% e 20% das populações infantil e adulta. O tratamento da asma visa alcançar o controle da doença, reduzir o número de exacerbações, a limitação ao fluxo aéreo e os sintomas. Inicialmente, a pessoa que possui asma deve buscar acompanhamento médico para que seja ajustada toda a conduta medicamentosa, para manter a condição controlada evitando períodos de exacerbação da doença. A partir disso, a assistência fisioterapêutica pode ser iniciada.
- Tosse seca ou produtiva;
- Chiado;
- Falta de ar;
- Respiração rápida e curta;
- Dor ou aperto no peito;
- Cansaço.
– Importante ressaltar que a asma é uma doença caracterizada por hiperreatividade brônquica. Por isso, deve-se evitar ambientes com cheiros fortes; como locais fechados que tenham sido pintados recentemente, e locais com muita poeira; nos domicílios, deve-se evitar uso de móveis e objetos que possam acumular poeira ou ácaro, como almofadas com pelos, tapetes e cortinas – ensina o médico pneumologista João Carlos de Jesus. – Em tempos de pandemia, é importante ainda reforçar todas as recomendações que são dadas desde o começo: utilização de máscaras, higienização das mãos, evitar aglomerações. E é fundamental nos dias de hoje ter atenção às informações sobre a doença. Para além disso, agora com algumas medidas restritivas mais flexíveis, é importante o asmático manter em dia o acompanhamento médico para evitar exacerbações da doença e manter o cuidado fisioterapêutico.
Asma e atividade física: benefícios e contraindicações
Exercícios físicos podem e devem fazer parte da rotina de pessoas com asma — Foto: Getty Images
A melhora da qualidade de vida da pessoa com asma se dá pela redução do impacto dos sintomas em suas atividades diárias, e a prática da atividade física tem importante papel nisso. O pneumologista João Carlos lembrou que, segundo relatório de 2021 da GINA (Global Initiative for Asthma), para manejo e prevenção da asma:
- A prática de atividade aeróbica melhora a aptidão cardiopulmonar e reduz a falta de ar, não por reduzir a inflamação dos brônquios causada pela doença, mas pela melhora do condicionamento físico, que pode beneficiar o controle da asma e da função pulmonar.
– O exercício regular contribui diretamente para o desenvolvimento respiratório à medida que condiciona a musculatura torácica, fortalece o diafragma e os grupamentos musculares que dão sustentação para o tórax – enumera.
O médico recomenda alguns tipos de atividades físicas para pessoas asmáticas:
- Atividades aeróbicas trazem benefícios rapidamente devido ao trabalho respiratório próprio das modalidades, pois promovem a expansão do tórax, aumentam o trabalho do diafragma e forçam a coordenação inspiratória e expiratória: natação, ciclismo, caminhadas e corrida de rua, dança, entre outras;
- Exercícios de força como a musculação e pilates também são seguros e devem ser utilizados, pois a movimentação coordenada com a inspiração e expiração também geram resultados eficientes na dinâmica respiratória;
- Se a asma estiver controlada, não existem nenhum exercício contraindicado. Mas é fundamental compreender o padrão do comportamento da asma de cada pessoa, por ser uma doença crônica que se manifesta de diferentes maneiras.
– Por exemplo, nesta época do ano, a umidade do ar e a temperatura tendem a cair, o que piora a qualidade do ar atmosférico por aumento na retenção de poluentes. Assim, exercícios praticados em ambientes abertos podem levar a maior desidratação e irritação das vias aéreas, aumentando a probabilidade de piora dos sintomas e crises. Então, durante a prática de corridas, pedaladas, será preciso caprichar ainda mais na hidratação – explicou.
Asma induzida pelo exercício
Existe um tipo de asma que é induzida pelo exercício. Habitualmente, a manifestação de sintomas ocorre por chiados no peito, tosse, falta de ar após cinco minutos do término da atividade ou durante esforço intenso. Neste caso, deve-se evitar o exercício até consultar um pneumologista para avaliação, diagnóstico e estratificação dos riscos.
– Destaco que essa condição é totalmente diferente daquele desconforto e cansaço que temos por falta de condicionamento, o que às vezes se confunde com a asma, mas essa dúvida pode ser esclarecida com exames simples – explica.
Nesse caso, muitas vezes fatores externos podem influenciar. Por exemplo, fazer atividades em ambientes com ar frio e seco, em locais fechados com ácaro ou abertos com poluição, na primavera (aumento do pólen) etc podem interferir.
Para crianças
É muito comum crianças asmáticas pararem de praticar atividades físicas por “medo” de desencadearem crises. Mas com o tratamento adequado, seja uso de bombinha diário, controle ambiental (reduzir exposição a poeira, mofo, fumo e poluição) e acompanhamento médico periódico, a pneumopediatra Paula Sellan afirma que o paciente infantil pode e deve praticar exercícios físicos.
– O exercício inclusive contribui para o desenvolvimento do músculo esquelético, habilidade motora, além de que pacientes asmáticos tratados adequadamente e que pratiquem exercícios regularmente tendem a reduzir o número de hospitalizações, a frequência de sibilos, e incentiva a perda de peso em obesos, que também ajuda a aliviar os sintomas de asma. Tudo isso porque a prática de esportes frequente (em média três vezes por semana) ajuda a fortalecer a musculatura esquelética, expandindo os pulmões promovendo melhor ventilação pulmonar – explica a médica.
Existe também uma grande preocupação dos pais em relação a qual esporte colocar a criança asmática para praticar. Na verdade, Sellan recomenda que eles procurem um que a criança goste.
– Afinal, todos terão o mesmo propósito, de melhorar o condicionamento físico e aumentar a resistência, incluindo a imunidade – destaca a médica, acrescentando: – Muito se fala da natação, que tem a função de desenvolver o controle respiratório, além de promover uma eficiente ventilação pulmonar por trabalhar a resistência aeróbia. Porém, independente do esporte escolhido, todos farão bem ao asmático e a qualquer criança. Não existe um superior ao outro em benefícios. É importante que se inicie a prática o quanto antes, podendo ser de forma mais leve e aumentando a intensidade gradualmente.
Todas as dúvidas relacionadas ao assunto devem ser esclarecidas nas consultas médicas com o pediatra.
Fontes: Fernando Oliveira é fisioterapeuta formado pela UFRJ, com especialização em fisioterapia intensiva. Trabalha no Instituto Nacional de Cardiologia (INC), no Hospital Pró-Cardíaco e Hospital e Clínica de São Gonçalo. É membro da câmara técnica de Fisioterapia Respiratória - CREFITO-2.
João Carlos de Jesus é médico graduado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), especializado em Clínica Médica e Pneumologia pela mesma instituição. Realizou Observership em Pneumologia intervencionista no Instituto Europeo di Oncologia em Milão, Itália, e capacitou-se em Medicina do Sono pelo Instituto do Sono de São Paulo, aperfeiçoando-se nos distúrbios respiratórios do sono. Membro das sociedades Paulista (SPPT), Brasileira (SBPT) e Europeia (ERS) de Pneumologia. Atualmente, desenvolve cuidados de pacientes pneumopatas crônicos, pacientes em fase aguda de covid-19 e na reabilitação de pacientes com sequelas pós-covid-19. É médico assistente do Hospital Estadual de Sumaré, supervisor de médicos residentes na disciplina de Clínica Médica da Unicamp. Trabalha ainda no Hospital Vera Cruz e no Hospital e Maternidade Madre Teodora.
Paula Sellan é médica com especialização em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo e Pneumologia Pediátrica pela Universidade de São Paulo (USP), e Pós Graduada em Nutrologia Pediátrica pela POSFG. É ainda consultora do sono e amamentação.
Exercícios respiratórios e físicos são aliados contra a asma - globoesporte.com
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