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Wednesday, April 6, 2022

Bebê que nasceu com cranioestenose passa por cirurgia de remodelação do crânio - Crescer

Um bebê com uma doença congênita rara passou recentemente por uma longa cirurgia de remodelação do crânio. Teddy Jones, 18 meses, de North Yorkshire, na Inglaterra, nasceu com craniossinostose (ou cranioestenose), quando há o fechamento prematuro de uma ou mais suturas cranianas, não deixando espaço suficiente para o cérebro crescer. Se não for tratada, a condição pode causar deformidades na cabeça e até graves lesões neurológicas, com atrasos no desenvolvimento, convulsões e até mesmo levar à cegueira.

O pequeno Teddy passou pelo procedimento no Hospital Infantil Alder Hey, em Liverpool, na semana passada. Os cirurgiões remodelaram os ossos do crânio do menino, de forma a dar espaço para que o cérebro possa crescer normalmente.

Teddy teve o crânio remodelado (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Teddy teve o crânio remodelado (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, a mãe do garotinho, Beki, disse que o filho foi levado para a cirurgia por volta das 9 da manhã e só voltou às 18h30 – cerca de 10 horas depois. "Eles cortaram sua cabeça de orelha a orelha, removeram parte de seu crânio, remodelaram e colocaram de volta", relatou a mãe. “Demoraram tanto porque é algo 'sob medida'. Fizeram com que [a nova testa] coubesse no rosto dele", completou.

Apesar do grande porte da cirurgia, a mãe afirmou que o filho estava surpreendentemente bem-disposto após a operação. "Quando ele voltou, estava um pouco grogue por causa de toda a medicação, mas estava absolutamente animado. Você não pensaria que ele tinha passado por tudo o que passou", comentou Beki.

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Além do momento pós-cirúrgico, a mãe também falou um pouco sobre como estava sendo a recuperação do filho nos dias seguintes ao procedimento bastante invasivo. "Dois dias após a cirurgia, os olhos dele incharam e Teddy não conseguia abri-los, eles estavam realmente fechados. Ele ficou frustrado porque não podia correr", contou. Apesar disso, Beki comemorou a nova fase do filho: "Agora terá espaço suficiente para o cérebro dele crescer. É absolutamente incrível o que eles [os médicos] podem fazer".

Teddy dias após o procedimento (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Teddy dias após o procedimento (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Sobre a craniossinostose (ou cranioestenose)

Para entender a craniostenose, precisamos primeiro conhecer a anatomia da cabeça do bebê. O crânio possui suturas – linhas que unem os ossos da cabeça – abertas, o que permite que o crânio tenha mobilidade, desde a passagem no canal do parto até o crescimento cerebral adequado. No caso da craniostenose, uma ou mais dessas
suturas cranianas está fechada, o que impede o crescimento adequado do crânio, que assume formas anormais.

De acordo com a Sociedade de Pediatria de São Paulo, a condição é mais comum no menino e estima-se que ocorra um caso a cada 2 mil crianças nascidas. O diagnóstico da cranioestenose é clínico, mas a confirmação vem com exames como raio x, ultrassom de suturas e tomografia de crânio. Segundo a neurocirurgiã Raquel Zorzi, de São Paulo, a genética, como mutações e algumas síndromes, pode influenciar no aparecimento da cranioestenose, mas, na maioria das vezes, as causas não são identificáveis.

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Além do problema estético, a cranioestenose pode estar associada a alterações cognitivas, de desenvolvimento e comportamentais. É possível, também, ocorrer o aumento da pressão intracraniana o que pode gerar consequências, como distúrbios no desenvolvimento da cognição e do comportamento. Se essa hipertensão pressionar os nervos ópticos, pode causar perda visual e até cegueira. No entanto, nem todas as cranioestenoses vão apresentar aumento da pressão intracraniana, os dados da literatura variam muito, algo entre 15% quando a gente fala sobre cranioestenose simples e até 40% quando falamos de uma cranioestenose complexa.

O tratamento, na maior parte das vezes, é a cirurgia, que pode ser realizada em qualquer idade, mesmo em crianças maiores de 2 anos. Obviamente, quanto antes for diagnosticado e tratado o problema, maiores as chances de uma recuperação mais rápida e eficaz.

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