A Índia registrou na última semana mais de 100 casos da gripe do tomate nos estados de Kerala e Odisha. A nova doença causa febre e lesões redondas avermelhadas na pele, que lembram tomates, por isso o nome. Um estudo de caso publicado na Revista Pediátrica de Doenças Infecciosas, porém, indica que a condição pode ser a variação da doença mão-pé-boca, comum em crianças.
No estudo, publicado no dia 19 de agosto, os pesquisadores avaliaram dois irmãos que viajaram ao estado de Kerela. Os pais contaram que eles brincaram com crianças que já tinham se curado da doença. A família retornou ao Reino Unido, onde mora, e uma semana após chegarem em casa, os filhos começaram a ter sintomas.
A menina, de 13 meses, e seu irmão, de 5 anos, apresentaram feridas nas mãos e pernas, sem febre. Após dois dias, a menina desenvolveu lesões na boca, que causaram excesso de baba, enquanto as feridas do menino começaram a cicatrizar.
A doença mão-pé-boca é causada por vírus da família do enterovírus e pode acometer qualquer pessoa, embora seja mais prevalente em crianças de até 5 anos. Ela é bastante contagiosa e, geralmente, está associada aos vírus Coxsackie A16, EV A71, Coxsackie A6, Coxsackie B e Echo vírus.
As crianças fizeram teste PCR nas lesões para avaliar a presença de enterovírus. A menina também realizou coleta de amostras para a varíola dos macacos, porque a equipe desconfiou das feridas devido ao atual surto da doença —o resultado foi negativo.
Quando analisaram as amostras, a equipe identificou a presença do vírus Coxsackie A16, um dos principais responsáveis pela infecção mão-pé-boca.
A doença evoluiu sem gravidade para ambas as crianças. No 6º dia, as lesões do menino começaram a cicatrizar sem feridas, enquanto as da sua irmã praticamente desapareceram no 16º dia, relata o estudo de caso.
A gripe do tomate foi reportada em artigo publicado no periódico The Lancet em 17 de agosto, indicando que a doença atingia principalmente crianças abaixo de 5 anos e parecia não ser fatal, mesmo sendo bastante contagiosa.
Sintomas da doença mão-pé-boca
A doença trata-se de uma infecção viral altamente contagiosa que acomete áreas determinadas do corpo como a mão, o pé e a boca, mas pode afetar a região genital e as nádegas. Os sintomas iniciais costumam ser:
- Febre moderada;
- Dor de garganta;
- Perda do apetite;
- Mal-estar geral.
Após cerca de dois dias, poderão ser observadas as seguintes condições:
- Feridas dolorosas na boca e na língua (lesões vesiculares);
- Erupções (lesões avermelhadas que se transformam em bolhas) nas palmas das mãos, nas solas dos pés, mas também nos tornozelos, cotovelos, genitais e/ou nádegas.
Em alguns casos, três a oito semanas após a infecção pode apresentar-se também o descolamento da unha nas mãos e/ou nos pés, o que é definido pelos médicos como onicomadese.
Como é feito o tratamento?
O tratamento pretende aliviar os sintomas como dor e febre, o que se faz por meio do uso de analgésicos, bem como outras medicações que reduzam o desconforto causado pelas lesões.
Além disso, indica-se manter o paciente hidratado, já que pode ser difícil alimentá-lo de forma adequada.
Quando a internação é necessária?
Acometimento de áreas extensas e muitas lesões na cavidade bucal (garganta, boca e língua) podem indicar a necessidade de internação, sobretudo pela dificuldade de ingerir alimentos. Além disso, se existir suspeita de comprometimento do SNC, o paciente deverá ser internado para observação.
O que esperar do tratamento?
A maioria das pessoas se recupera totalmente após cerca de uma semana —e no máximo em 21 dias. A infecção não confere imunidade definitiva e novos quadros podem se repetir.
Complicações são raras
Na maioria das vezes, a síndrome é autolimitada, isto é, se resolve sozinha, sem a necessidade de medicamentos específicos contra o vírus. Embora raros, quadros mais graves podem levar a complicações como a persistência da estomatite e das feridas na cavidade bucal, o que dificulta a alimentação, principalmente se a criança é muito pequena.
Quando a infecção se relaciona a um tipo específico do vírus, o enterovírus 71, pode existir maior risco de comprometimento neurológico, o que potencializa o aparecimento de encefalite, meningite e outras condições.
Mais raramente ainda, o coxsackievírus pode levar à pneumonia, pericardite, miocardite e edema pulmonar. Há ainda evidências de que ele também pode estar envolvido em abortos espontâneos.
*Com informações de reportagem publicada em 26/07/22
'Gripe do tomate' pode ser variação de doença comum em crianças; entenda - VivaBem
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