Esperança e resiliência podem explicar por que o impacto à saúde mental não teve o efeito esperado inicialmente. Há quem deu a volta por cima no desemprego e abriu o próprio negócio, quem engatou relacionamentos à distância e até quem superou com facilidade a morte.
Essa capacidade de adaptação, porém, depende de muitos fatores e não deve ser cobrada de ninguém, diz a psicóloga Erika Cardoso, que coordena o Lute USP, ambulatório de atendimento a pessoas em luto da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto (SP). "É importante considerar a história de vida, as capacidades afetivas e o funcionamento da personalidade, além de fatores externos, como uma boa rede de suporte social e estabilidade financeira", explica.
Outro fator que pode explicar o suposto baixo impacto da pandemia ao bem-estar emocional é a subnotificação psiquiátrica. Enquanto o Japão, que relata mensalmente a quantidade de suicídios, registrou em 2020 aumento de casos após 10 anos de queda, o Ministério da Saúde ainda não contabilizou os que ocorreram no Brasil. Isso prejudica a qualidade até mesmo das pesquisas científicas, aponta Amilton dos Santos Júnior, professor de psiquiatria da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Na prática, vimos aumento de transtornos. Muitos psiquiatras estão diminuindo a agenda de pacientes, mas isso não significa que as pessoas estão mais saudáveis e, sim, que não têm dinheiro para pagar consultas ou perderam plano de saúde, tanto que no SUS a demanda subiu", diz Júnior.
400 mil mortes por covid: qual o impacto da pandemia na saúde mental - UOL
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