Rafael Carvalho, 22 anos, sempre foi "gordinho" e, apesar de sofrer bullying e preconceito, não se incomodava tanto com isso. Mas, pesando 150 kg e assustado com o maior risco de ter covid-19 grave por causa da obesidade, ele decidiu mudar hábitos e emagreceu em 7 meses. A seguir, Rafael conta como conseguiu chegar a 95 kg:
"Fiquei com sobrepeso ainda na infância. As pessoas ao meu redor me alertavam sobre os riscos da obesidade e, para me ajudar a emagrecer, uma tia até me levou ao nutricionista. Mas não funcionou —eu era muito novo e ainda não tinha o que hoje chamo de determinação e foco para mudar hábitos.
Na adolescência, sofri bullying e tinha vários apelidos associados ao meu peso, mas isso nunca me incomodou muito. Na verdade, algumas coisas que aconteceram nessa época eu só fui entender depois de anos. Entrar no mercado de trabalho, por exemplo, foi um grande desafio e agora entendo que sofri preconceito por causa da obesidade. Muitos não querem contratar a gente.
Uma vez, fui fazer entrevista para uma vaga de office-boy no centro de São Paulo. Cheguei animado, era uma chance incrível! Entrei na sala disposto a sair de lá empregado e a entrevista durou 45 segundos. Sai decepcionando, sem nem saber o motivo. Enquanto outros candidatos passavam vinte ou trinta minutos no processo seletivo, o recrutador disse que eu não precisaria me sentar, pois ele só faria três perguntas e depois daria o feedback (que nunca aconteceu).
Participei de outras entrevistas em que sofri preconceito, mas somente depois de alguns anos me dei conta do que houve —minha mãe foi quem me alertou, após ouvir diversos relatos de preconceito com obesos no mercado de trabalho.
Veio a pandemia e, ainda no começo de 2020, um familiar de um amigo morreu —não foi de covid-19, mas aquele contato tão próximo com o luto me abalou e me deixou reflexivo. Junto a isso, via em todo lugar que a doença provocada pelo coronavírus tendia a ser mais grave em idosos e pessoas com comorbidades, incluindo obesos. Isso me deixou louco! Tive medo de morrer por estar muito acima do peso.
Meu peso variava entre 120 kg e 130 kg e já não aguentava andar direito, qualquer caminhada longa me deixava mais ofegante. Tinha até dificuldade para amarrar o cadarço, a barriga atrapalhava
Apesar da obesidade, nunca deixei de praticar esportes. Na infância jogava futebol, basquete e nadava. Na faculdade conheci o rúgbi e simplesmente me encontrei na modalidade. Comecei a jogar em um time e conheci o Elton, personal trainer que fazia parte da equipe e virou meu amigo. Ele sempre me alertava sobre os riscos da obesidade à saúde e dizia que estava disponível para me ajudar. Era um papo de amigo mesmo.
Demos início à tentativa número um. O Elton me passou um plano de treino com caminhadas leves, em um ritmo que eu aguentasse. Sentia que estava progredindo, cheguei a perder 2 kg nas primeiras semanas, mas aí começou a fechar tudo por causa da pandemia e as pessoas se isolaram. Eu tinha medo de sair de casa e parei de caminhar. Também não encontrei motivação para treinar em casa.
O medo tomou conta de mim e eu descontei na comida, não parava de comer --principalmente besteiras. Durante meus 30 minutos de intervalo no trabalho, eu preferia mil vezes mais comer um lanche ou um salgado do que um marmitex com arroz, feijão, carne e salada. Isso me fazia mal! Comia compulsivamente --sempre fui compulsivo, não conseguia comer um prato só de comida, tinha que ser dois (e se deixassem eu comia o terceiro). Só parava de comer quando a comida ou o dinheiro acabassem.
Também já estava em um estágio que sentia vergonha do meu corpo. Não me pesava mais —sabia que estava gordo, então preferia evitar olhar o resultado da balança. Em julho de 2020, mês do meu aniversário, decidi doar sangue e precisei me pesar. Achava que seguia com os 120 kg a 130 kg de sempre, mas tive uma infeliz surpresa. A balança marcou 150 kg. Foi um 'boom' para mim! Não dava mais para ficar daquele jeito.
Dei início à tentativa dois de perder peso. Procurei o Elton novamente e tivemos uma conversa bem sincera. 'Cara, preciso emagrecer, quero mudar, você me ajuda?'. E ele disse que estava comigo! Voltei a treinar na rua. Corria 1 minuto e caminhava 2 minutos, até completar 30 minutos de exercício.
Para me ajudar, um amigo me chamou para treinar com ele na academia. Recusei porque estava sem dinheiro. Mas tudo parecia conspirar para dar certo. Ele disse que pagaria o primeiro mês para mim e topei. Nunca consegui ir à academia por mais de um mês e achei que não perderia nada.
O Elton me passou um novo cronograma, comecei a malhar duas vezes por dia e nunca mais parei. Peguei um cardápio antigo, que uma nutricionista havia montado para mim, e comecei a segui-lo.
Na primeira semana perdi 4 kg; na segunda, 3 kg. Em um mês foram 11 kg eliminados. Estava animado com os resultados e decidi continuar. Segui na academia duas vezes por dia. Treinava primeiro às 7h e depois às 16h, após o trabalho.
O mais legal é que eu não parei de comer as coisas que eu gostava. Não precisei cortar nada de fato, só controlar a quantidade de comida e a frequência que consumia algumas coisas. Comecei a ter limite. Havia apenas um dia no mês em que comia besteiras, o famoso 'dia do lixo', em que eu me permitia comer hambúrguer, doce, mas era só esse dia.
É claro que tive recaída. Certo dia, minha mãe comprou dois pastéis e dois crepes, ela nem sabia que eu estava em casa. Quando vi, simplesmente comi tudo. Veio o sentimento de culpa e fui desabafar com o Elton, que me aconselhou: 'Beleza, você teve uma recaída, Rafa, amanhã você acorda, levanta a cabeça e vai treinar! Depois, volta para sua dieta, sem crise'. Ele normalizou o deslize e me ajudou a filtrar esse sentimento de culpa.
Os números da balança seguiram diminuindo. Junto a isso, minha autoestima foi aumentando, eu me sentia mais confiante. A galera ao meu redor dizia que minha postura havia mudado, que passei a andar olhando para frente. Internamente eu me sentia mais disposto também.
Atingi 95 kg (tenho 1,83 m) e entrei em platô (fase em que o peso estabiliza, mesmo a pessoa mantendo o treino e a dieta). Confesso que isso me abalou um pouco, mas depois percebi que é algo natural, estou em mudança, estou sendo moldado e preciso ter paciência.
Ainda quero secar mais e chegar a 90 kg. Depois, pretendo voltar aos 95 kg, mas ganhando massa muscular.
Só tenho a agradecer às pessoas que me ajudaram e dizer que se você quer mudar, você consegue. Só vai! Não pense muito, só tente, faça, levante... Se a primeira vez der errado, levante no outro dia e faça o que deve novamente, até dar certo. Não desista!
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Obeso e com medo da covid, ele começou a fazer caminhada e perdeu 55 kg - VivaBem
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