Sempre ouvimos que comer em casa é mais saudável que realizar refeições na rua, na maioria das vezes isso está certo, mas em alguns momentos até a nossa própria comida pode conter ingredientes não saudáveis. Para evitar trazer o perigo para casa, trouxemos hoje uma lista com itens que podem afetar a sua saúde. Continue lendo e confira.
Existem alguns alimentos na nossa dispensa que agem como assassinos silenciosos, que são aqueles que aparentemente são vulneráveis, mas que depois de um tempo causa estrago. Na realidade, a quantidade é um fator determinante para dizer o que faz mal e o que faz bem, por isso, comê-los em excesso pode afetar sua saúde de forma negativa.
Açúcar
Talvez essa não seja mais uma novidade para ninguém, o açúcar é extremamente inflamatório e causa inchaço nas articulações, fígado e cérebro. O açúcar fornece energia não só para as nossas células, mas também para aquelas cancerosas e todas as doenças infecciosas. Além disso, também inibe a absorção de nutrientes, particularmente todos os minerais.
Farinha
A farinha refinada é um grande agente no aumento de peso, níveis de colesterol e os triglicerídeos no sangue. Com isso, já foi comprovado cientificamente que a farinha é muito prejudicial ao corpo, pois enfraquece os ossos já que cálcio é mais dificilmente absorvido quando acompanhado pela farinha.
Sal
Entender que o sal é um perigo extremo é essencial para a mudança de hábitos, já que ele é extremamente prejudicial ao corpo. Para corroborar isso, uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde informou que um aumento na incidência de acidentes vasculares cerebrais foi observado em pessoas que consomem muito sal.
Óleo
Você ama fast food ou lanches oleosos nos fins de semana? Saiba que você fará parte do grupo de pessoas mais propensas a sofrerem de diabetes junto com a obesidade. Por isso, mudar a dieta é essencial para se ter uma saúde de qualidade e viver sem comorbidades.
Diferentemente do informado, Erasmo Carlos não morreu. A Folha de S.Paulo, fonte da informação da morte, publicou uma errata dando conta de que não houve a informação oficial do óbito do artista.
De acordo com a sua equipe médica, o artista estaria acordado, lúcido e com previsão de alta para os próximos dias no Hospital Barra D’Or.
No último artigo falamos aqui sobre o medo, uma das emoções que podem interferir na saúde do sistema cardiovascular. Porém, em tempos de emoções à flor da pele no país, voltamos a tratar do tema, especialmente para abordar aquelas que andam tão presentes ultimamente, a exemplo da raiva. Você sabe como este tipo de emoção pode afetar o coração e os vasos sanguíneos?
A raiva crônica, ou seja, permanente e presente na rotina, nos coloca em constante modo de "luta ou fuga", influenciando no metabolismo, nos hormônios e no organismo como um todo. Cenário que resulta em numerosas mudanças no ritmo cardíaco, na pressão arterial, no sistema nervoso e na nossa resposta imunológica.
Colunistas do UOL
Alterações que interferem em fatores de risco para problemas no coração, a exemplo de diabetes, hipertensão, colesterol, entre outras condições, e, com o tempo, podem aumentar o risco de eventos e doenças relacionadas ao órgão.
Sempre alerta!
O fato é que nosso corpo está sempre alerta e pronto para nos proteger de qualquer situação que possa colocar em risco o seu funcionamento. No instante em que detecta uma alteração ou possível ameaça, automaticamente reage. E a raiva pode ser um desses gatilhos.
O responsável por receber as informações externas e traduzi-las é o sistema límbico. A partir daí, um complexo sistema nervoso e humoral é ativado e, uma série de adaptações são feitas para manter ou reequilibrar o funcionamento de vários órgãos, incluindo o coração.
A raiva como forma de estresse
Podemos dizer que a raiva —assim como o ódio e o rancor— é uma forma de estresse para o corpo. E estar sob seu efeito expõe o organismo a níveis insalubres e persistentemente elevados de hormônios, como o cortisol e a adrenalina, que são lançados na circulação e podem causar efeitos adversos.
Para se ter ideia, segundo um estudo da Harvard School of Public Health, o risco de um infarto do miocárdio ou síndrome coronária aguda aumenta em cerca de cinco vezes nas duas horas seguintes a um ataque de raiva (em relação aos momentos em que não há abalo emocional).
Também foi constatada uma probabilidade três vezes maior de ter um AVC (acidente vascular cerebral) nessas condições. Sobem ainda as chances de arritmias.
Além disso, aspectos relacionados a este tipo de emoção, como a hostilidade, amargura, irritabilidade e o comportamento agressivo, também têm sido ligados às doenças coronarianas, como a doença arterial coronária. Naqueles com predisposição ou problemas cardiovasculares já diagnosticados os riscos são ainda maiores.
Reações no sistema cardiovascular
Diante de um ataque de fúria dois processos podem ser ativados: um que envia sinais elétricos ao músculo cardíaco, influenciando no ritmo dos batimentos; outro com a produção de diversas substâncias químicas que impactam nas estruturas do coração e comprometem a integridade dos vasos sanguíneos.
Os hormônios associados ao estresse gerados pela raiva ou irritação intensa estimulam a vasoconstrição (diminuição do calibre dos vasos). Com o tempo, as artérias têm seu potencial de adaptação reduzido, o que gera aumento da pressão arterial e aceleração dos batimentos cardíacos —o coração passa a bombear sangue de forma mais rápida, o que acaba exigindo trabalho extra do órgão.
A circulação sofre mudanças repentinas e intensas. O corpo libera mais açúcares (elevando os níveis de glicose) e gorduras na corrente sanguínea. O problema é maior quando isso se torna constante e vem acompanhado de mágoa, pessimismo e tristeza.
Se essas emoções agem de forma contínua é possível que gerem arritmias ou ainda que a função cardíaca diminua ou falhe e o músculo do coração passe a não bombear o sangue tão eficientemente quanto necessário, o que gera a insuficiência cardíaca. Outras consequências são a crise hipertensiva e, como dito, o infarto do miocárdio e o AVC.
Os estímulos são capazes de provocar também tensão muscular, dores de cabeça, bruxismo, gastrite, refluxo, inquietação, alterações no sono, ansiedade, depressão, aumento do apetite, boca seca, sudorese, aumento da agregação plaquetária e depressão do sistema imunitário (derrubando a imunidade e abrindo o corpo a infecções).
Outras emoções destrutivas
Da mesma maneira que a raiva, outras emoções podem afetar negativamente os hábitos e novamente aumentar o risco de complicações cardiovasculares. Indivíduos cronicamente estressados, deprimidos ou irritados estão mais propensos a beber muito álcool, fumar, comer demais e fazer menos exercícios físicos.
Aqui ainda podemos listar a culpa e a inveja como outros inimigos do órgão (emoções listadas em um estudo desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Interação Social da Universidade de Berkeley, que identificou as 27 emoções que mais sentimos).
A culpa, por exemplo, pode levar à depressão. Pesquisas apontam que mais de 80% das pessoas com depressão sentem culpa, vergonha e autocrítica. Além disso, ela também está associada ao aumento dos níveis de cortisol —com possíveis complicações descritas acima.
São questões que podem ser destrutivas, especialmente quando não encontramos válvulas de escape e ajuda para reverter um cenário crônico. O comportamento então pode passar a apresentar atitudes de hostilidade e violência assim como rancor e ressentimento unidos ao isolamento social. Isso tudo prejudica a saúde emocional e, por consequência, a cardíaca.
Superar e seguir em frente
Quem nunca sentiu raiva pelas ações ou palavras de outra pessoa? Porém, como vimos, por mais difícil que seja, nutrir e abrigar este tipo de emoção pode gerar mais estresse e com o tempo ter reflexos que nos fazem mal e "criam raízes" no corpo. E cada vez mais a ciência está revelando essa conexão.
Um estudo realizado pela Universidade de Stanford com homens entre 21 e 79 anos, fez a seguinte experiência: em resumo, os pesquisadores pediram que os participantes descrevessem, enquanto eram submetidos a um teste de estresse cardiovascular, uma lesão psicológica profunda e não resolvida, uma experiência dolorosa ou que os deixava irritados, frustrados e agitados cada vez que pensavam sobre isso.
A proposta era descobrir se a raiva apareceria nas varreduras cardíacas feitas. E isso foi efetivamente identificado, uma vez que se notou uma redução do fluxo de sangue no coração enquanto os pacientes relatavam o que lhes havia acontecido.
O que podemos fazer?
Assim como os homens do estudo descrito, falar e buscar saídas para lidar com aquilo que nos desperta tais emoções é fundamental para a saúde de modo geral, inclusive a cardiovascular. Quando a mente e as emoções não andam bem, o corpo responde da mesma forma.
Por isso, especialmente em tempos caóticos e estressantes devemos procurar a paz, buscar o equilíbrio e encontrar a harmonia sem deixar que tanto desgaste afete a saúde do nosso coração. Cuidar do corpo e da mente, dar atenção as relações afetivas, optar por um estilo de vida saudável são cada vez mais essenciais.
Avalie que tipo de emoção você quer continuar carregando em sua jornada. A ideia não é ignorar aquilo que pode nos sobrecarregar, mas, sim, encontrar maneiras lidar e superar, por exemplo, a raiva, o ressentimento, a amargura e a hostilidade, conquistando mais bem-estar físico e emocional. Buscar apoio e ajuda profissional pode ser valioso.
Os sonhos ruins e angustiantes são comumente associados às crianças. No entanto, uma pesquisa da Universidade de Birmingham, do Reino Unido, verificou que entre 50% e 85% dos adultos relatam ter episódios de pesadelos.
Essas sensações que nos fazem acordar no meio da noite assustados não causam nenhum mal direto à saúde. Todavia, os cientistas alertam que a frequência com que as pessoas de meia-idade têm pesadelos pode estar associada ao maior risco de declínio cognitivo e demência na velhice.
O estudo analisou 3.200 pessoas dos Estados Unidos, sendo 600 homens e mulheres adultos com idades entre 35 e 64 anos; e 2.600 adultos com 79 anos ou mais.
Todos os participantes estavam livres de demência no início do estudo e foram acompanhados por uma média de nove anos, para o grupo mais jovem, e cinco anos para os participantes mais velhos.
A coleta de dados começou entre 2002 e 2012 e se deu a partir do preenchimento de uma série de questionários, que incluíram a pergunta sobre a frequência com que os indivíduos tiveram pesadelos.
Esses dados foram analisados usando software estatístico, para descobrir se os participantes com maior frequência de pesadelos eram mais propensos a sofrer declínio cognitivo e serem diagnosticados com demência.
A pesquisa, publicada na eClinicalMedicine da revista The Lancet, constatou que pessoas de meia-idade (35-64) que relataram pesadelos semanalmente tiveram quatro vezes mais chances de sofrer declínio cognitivo na década seguinte, enquanto as pessoas mais velhas tiveram duas vezes mais probabilidade.
Curiosamente, o estudo descobriu que as associações eram muito mais fortes para os homens do que para as mulheres.
Por exemplo, homens mais velhos com pesadelos semanais eram cinco vezes mais propensos a desenvolver demência do que homens mais velhos que não relataram pesadelos. Nas mulheres, no entanto, o aumento do risco foi de apenas 41%.
Abidemi Otaiku, do Centro de Saúde do Cérebro Humano da Universidade de Birmingham e primeiro autor do estudo, comemorou o achado.
"Demonstramos pela primeira vez que sonhos angustiantes, ou pesadelos, podem estar ligados ao risco de demência e declínio cognitivo entre adultos saudáveis na população em geral", disse em comunicado.
Ele entende que a ligação entre os pasadelos e a demência vai ajudar no diagnóstico precoce da doença.
“Há poucos indicadores de risco para demência que podem ser identificados já na meia-idade. Embora outros trabalhos precisem ser feitos para confirmar essa associação, acreditamos que os pesadelos podem ser uma maneira útil de identificar indivíduos com alto risco de desenvolver demência e implementar estratégias para retardar o início da doença”, complementou Otaiku no estudo.
Os próximos passos da pesquisa serão investigar se os pesadelos entre os jovens podem estar associados ao risco futuro de demência e se outras características dos sonhos, como a frequência com que nos lembramos deles e quão vívidos são, também podem ser usadas para identificar o risco de demência.
Por meio de um EEG (eletroencefalograma) e um MRI (ressonância magnética), os pesquisadores pretendem investigar a base biológica dos sonhos ruins em pessoas saudáveis e pessoas com demência.
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O engenheiro Thiago Brasileiro, de 43 anos, e a influenciadora digital Lucilene de Lima, de 41, possuem histórias de vida que são, ao mesmo tempo, parecidas e diferentes.
Ambos foram diagnosticados com leucemia mieloide crônica, um tipo de câncer que afeta a medula óssea — aquele "tutano" que temos no interior dos ossos e é responsável por fabricar as células do sangue, como as hemácias e os leucócitos.
Em 2017, Brasileiro começou a sentir uma dor no abdômen e um cansaço muito grande. Ele foi então a um hospital em Belo Horizonte, cidade onde mora. Lá, rapidamente recebeu o diagnóstico e o tratamento.
"Assim que a biópsia definiu o tipo de tumor, os médicos prescreveram uma das três quimioterapias orais disponíveis e, em cerca de 10 dias, eu já estava com o remédio em mãos", relata.
Lima, por outro lado, demorou quase um mês para buscar o pronto-socorro desde o início dos sintomas que experimentou, como o aparecimento de manchas na pele e um emagrecimento rápido.
Quando finalmente marcou uma consulta, a moradora de Diadema, na Grande São Paulo, passou por três unidades de saúde diferentes antes de saber qual era a verdadeira origem daqueles incômodos.
"A investigação médica começou em dezembro de 2012 e só fui iniciar o tratamento em abril de 2013. Foram quatro meses de espera", lembra.
Mas qual a diferença fundamental entre os dois? Brasileiro tem convênio médico e realiza todo o acompanhamento em clínicas e hospitais privados. Lima não possui esse tipo de seguro e depende do Sistema Único de Saúde (SUS) para lidar com a enfermidade.
Além da demora para ter o primeiro acesso aos fármacos, Lima aponta a dificuldade de recebê-los todo mês — o tratamento da leucemia mieloide crônica costuma ser feito com um entre três quimioterápicos disponíveis (imatinibe, dasatinibe e nilotinibe), administrados por meio da ingestão diária de comprimidos.
"Com o passar do tempo, você cria laços com outros pacientes. Recentemente, me contaram que os remédios estavam faltando na Bahia, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, no Pará, no Rio Grande do Norte…", lista.
"Só no ano passado, eu mesma fiquei sem receber a dose certa em julho, agosto, setembro, outubro e dezembro", complementa.
Lima afirma não ter condições de custear o tratamento, cujo preço varia entre R$ 12 mil e R$ 18 mil por mês. "Uma vez ou outra, até dá pra se virar e pedir ajuda financeira para alguém próximo", diz.
"Mas, às vezes, precisamos recorrer aos familiares de um paciente que acabou de morrer para que eles doem a medicação que sobrou."
Brasileiro, que coordena grupos de pacientes na Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), também afirma lidar com relatos do tipo com mais frequência do que gostaria.
"Não existe câncer público e câncer privado. Por que o tratamento é tão diferente no SUS?", questiona.
Imbróglio profundo
Histórias como a de Brasileiro e Lima são um retrato do que acontece todos os dias com pessoas diagnosticadas com câncer, a segunda principal causa de morte no país, atrás apenas das doenças cardiovasculares.
Segundo alguns pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil, é possível observar um enorme descompasso entre o que existe de mais moderno e eficiente para tratar os tumores e aquilo que é oferecido de fato nas unidades de oncologia.
"Existe um abismo. Essa é uma das expressões mais concretas das desigualdades de saúde no Brasil", constata a médica Lígia Bahia, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Esse "buraco", aliás, se ampliou ainda mais na última década. Nesse período, foram lançadas drogas que revolucionaram o setor e são capazes de aumentar a sobrevida ou até curar os pacientes. No entanto, elas são muito caras — não raro, custam uma pequena fortuna por mês.
"Para ter ideia, mais de 95% dos medicamentos oncológicos aprovados para uso no país nos últimos dez anos não estão disponíveis no SUS", calcula o oncologista Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer.
Como medicamento chega ao paciente
Para entender direitinho esse assunto, porém, é preciso dar um passo para trás e explicar como uma nova medicação chega (ou deveria chegar) a quem mais precisa dela.
Vamos supor que o medicamento X apresentou ótimos resultados contra o câncer de mama.
A farmacêutica responsável por aquela molécula precisa entrar com um pedido de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
Os técnicos da instituição avaliam o dossiê de evidências e tomam uma decisão. Se os dados forem suficientemente bons, o remédio está liberado para venda e prescrição no Brasil.
"Esse 'ok' da Anvisa significa que o fármaco está autorizado para ser vendido no país, mas ele não precisa ser necessariamente coberto pelos planos de saúde ou disponibilizado no SUS", diferencia a psicóloga Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia.
Essa incorporação pelos sistemas público ou privado só acontece após uma nova rodada de análises. Só que aqui o processo se bifurca em duas instâncias diferentes, ambas vinculadas ao Ministério da Saúde.
Quem é responsável por determinar se o novo tratamento deve fazer parte dos pacotes de serviços obrigatórios dos convênios é a Agência Nacional de Saúde Suplementar, a ANS.
Agora, quem bate o martelo sobre a adoção daquilo no SUS é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, a Conitec.
E aqui as diferenças começam a ficar mais aparentes: por uma série de razões, muitas coisas aprovadas pela ANS não recebem o sinal verde da Conitec.
"Como que existem possibilidades de tratamento tão diferentes dentro de um mesmo país? Esse é um exemplo de como as desigualdades do nosso sistema de saúde estão naturalizadas", observa Bahia.
Pra piorar, nem tudo que ganha uma sinalização positiva da Conitec chega efetivamente aos pacientes que poderiam se beneficiar com aquilo.
"Pela lei, a nova opção terapêutica aprovada pela comissão deveria estar à disposição dos pacientes em 180 dias. Mas não é isso que acontece", denuncia Holtz.
A história de um remédio
Para ilustrar esse descompasso entre a decisão técnica e a prática clínica, o oncogeneticista Bruno Filardi, colaborador do Serviço de Genética do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no interior paulista, cita como exemplo um medicamento chamado gefitinibe.
Após passar por todo o processo burocrático citado nos parágrafos anteriores, esse fármaco recebeu no final de 2013 a aprovação da Conitec como tratamento principal para um tipo de câncer de pulmão em estágio mais avançado ou metastático (quando a doença se espalhou para outros órgãos), em que ocorre uma mutação genética chamada EGFR.
"Os estudos mostraram que o paciente que faz esse tratamento tem um benefício enorme em termos de sobrevida", resume o médico.
"Além disso, as análises de farmacoeconomia mostraram que oferecer comprimidos de gefitinibe sairia mais barato na comparação com o tratamento anterior, feito a partir da quimioterapia injetável", completa.
Mas aí vem o problema: o valor mensal por paciente pago pelo SUS para os hospitais que tratam esse câncer de pulmão não foi alterado até hoje.
Na prática, as instituições recebem R$ 1.100,00 por mês por paciente. Mas o custo mensal do gefitinibe está na casa dos R$ 4 mil.
Ou seja: a conta simplesmente não fecha.
Com isso, muitos hospitais optam por continuar a oferecer o tratamento antigo (a quimioterapia), já que ele se encaixa no orçamento, mesmo que seja menos efetivo, leve a uma expectativa de vida menor e, no final das contas, custe mais para todo o sistema.
Isso porque o paciente que faz a químio geralmente tem mais recaídas, precisa de internação, cuidados com os efeitos colaterais... E todos esses procedimentos extras acabam saindo mais caro no final das contas.Ou seja: a quimioterapia sozinha pode até sair mais barata na comparação com o gefitinibe. Mas , além de um efeito pior, ela acarreta em tantas outras coisas que acaba custando mais no final de todo o processo.
Vale mencionar que essa diferença de valores entre o que a tabela do SUS estipula e o preço real do tratamento acontece em vários outros tumores.
O médico Denizar Vianna, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), diz que essas diferenças têm a ver com a forma como a rede pública de saúde é financiada e depende de aportes do Governo Federal, dos Estados e dos municípios.
"A União estipula um valor que será pago por paciente e entende que Estados e municípios devem inteirar o restante", contextualiza o especialista, que também foi secretário do Ministério da Saúde e ajudou na elaboração do plano de governo de Ciro Gomes (PDT) e fez sugestões à chapa Lula/Alckmin (PT/PSB).
"Mas isso gera uma iniquidade muito grande, já que alguns Estados, como São Paulo, têm muito recurso e conseguem fazer esse complemento, o que permite o acesso aos tratamentos mais modernos nesses lugares. Enquanto isso, outros não possuem essa mesma capacidade", compara.
'Meu SUS é diferente do seu'
Holtz também chama a atenção para falta de padronização nos protocolos de tratamento contra o câncer na rede pública.
Esse, aliás, foi tema de uma pesquisa que ela publicou em 2017, em parceria com outros colegas.
Intitulado de "Meu SUS é diferente do seu SUS", o projeto analisou como é o tratamento contra os quatro tipos de câncer mais incidentes na população brasileira: os tumores de pulmão, mama, próstata e colorretal.
Foram comparados 52 centros oncológicos. Desses, 18 sequer tinham protocolos terapêuticos para essas doenças.
Entre aqueles que possuíam alguma diretriz, 16 unidades ofereciam um tratamento contra o câncer de pulmão inferior ao sugerido pelo próprio Ministério da Saúde. O mesmo cenário se repetiu em oito centros que lidavam com tumores de mama.
Vale citar que também foram observados centros que possuíam um padrão terapêutico superior ao preconizado pelo Governo Federal.
Essa heterogeneidade foi vista como um grande empecilho pelos pesquisadores.
"A equidade é um dos princípios do SUS, mas o que vemos na prática é que cada centro faz aquilo que bem entende", critica a psicóloga.
"Muitas vezes, é o CEP [Código de Endereçamento Postal] da sua casa que vai definir se você vai ter acesso ao melhor tratamento contra o câncer ou não", resume.
Em outras palavras, se você tiver a sorte de ser encaminhado para um centro de referência — como o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) — pode conseguir acesso a tratamentos mais modernos, enquanto outros brasileiros não terão a mesma oportunidade.
'Não podemos assumir que o Brasil funciona na média'
Para o médico Nelson Teich, que foi ministro da Saúde entre abril e maio de 2020, no governo de Jair Bolsonaro (PL), é muito complicado comparar o que acontece com os pacientes com câncer que dependem da saúde pública ou privada no Brasil atualmente.
E isso tem a ver com a falta de indicadores que ajudem a entender a real situação do país — ou, preferencialmente, das macrorregiões em que o planejamento da saúde deveria ser feito.
"Nós não temos no momento dados de qualidade para fazer esse tipo de avaliação", constata.
"O Brasil é continental, tem 117 macrorregiões e 5.568 municípios. Falta ao país um grande programa de informações em saúde", avalia.
Para Teich, esses indicadores sobre o câncer precisam ser divididos em quatro grandes blocos: primeiro, a expectativa de novos casos de cada tumor por ano; segundo, a infra-estrutura necessária para diagnosticar e tratar essa estimativa de pacientes; terceiro, os resultados de desempenho desses serviços; quarto, o financiamento, ou como toda essa estrutura será custeada.
Ainda segundo o especialista, essas análises precisam ser regionalizadas.
"Não podemos assumir que o Brasil funciona na média. Será preciso ter indicadores de cada macrorregião e compará-los com lugares próximos, respeitando a cultura e a economia local", propõe.
Os planos de saúde também têm falhas
Embora o acesso a certos tratamentos seja relativamente mais fácil para quem tem plano de saúde, isso não quer dizer que todos os convênios são perfeitos e oferecem tudo para os beneficiários, apontam os especialistas.
"O acesso aos tratamentos mais modernos não é igual para todo mundo que tem plano de saúde. Há muitos casos em que apenas os seguros mais caros oferecem essas opções", destaca Bahia.
Vianna entende que a principal barreira do sistema de saúde privado está na fragmentação dos serviços.
"No SUS, há uma organização determinada, em que a base é a atenção primária. Daí, o paciente só alcança as unidades de atendimento de média e alta complexidade se tiver um encaminhamento para isso", explica ele.
"Já na rede privada, o acesso aos especialistas é excessivo. A pessoa consegue rapidamente consultar médicos especialistas, sem passar por um clínico geral antes."
"Isso também não é bom, porque deixa o sistema todo fragmentado. O indivíduo vai num lugar fazer exame, em outra clínica para receber o remédio, num terceiro lugar para a consulta… Com isso, não existe um alinhamento e uma padronização dos cuidados em saúde", aponta.
A BBC News Brasil procurou o Ministério da Saúde e pediu um posicionamento a respeito dos pontos que foram apresentados pelos especialistas. Nenhuma resposta foi enviada até a publicação desta reportagem.
Como desatar esse nó?
Logicamente, um problema tão complexo como esse depende de uma enorme mudança nas políticas públicas e na forma como o câncer é encarado no país.
Os entrevistados pela BBC News Brasil levantaram uma série de sugestões que podem encurtar as desigualdades na oncologia.
Bahia acredita que o primeiro passo está justamente em reconhecer a existência do problema.
"Precisamos saber que essas coisas acontecem e nos indignar com isso. Não é normal que falte tratamento para algumas pessoas", diz.
Maluf destaca que o Instituto Vencer o Câncer elaborou uma série de propostas para os candidatos que participaram das eleições de 2022.
"Sugerimos, por exemplo, o aumento de impostos sobre alimentos e bebidas que claramente fazem mal à saúde, a criação de um fundo nacional contra o câncer, a revisão das tabelas de valores do SUS e dos protocolos de tratamento oncológico no país", lista.
"Não podemos esquecer da prevenção, até mesmo por meio das vacinas. Os imunizantes contra a hepatite B e o HPV, por exemplo, diminuem drasticamente o risco de tumores no fígado e no útero, respectivamente", acrescenta.
Para Filardi, é preciso descentralizar os serviços de oncologia no país. "Temos várias clínicas que poderiam atender o SUS e resolver muitos problemas localmente."
O oncogeneticista também acredita que o Brasil deveria ter um programa de incentivo à produção de biossimilares, medicamentos biológicos parecidos aos anticorpos monoclonais "originais" usados contra alguns tumores.
"É relativamente fácil fazer isso e baratear o preço dos fármacos", detalha.
Holtz entende que seria necessário discutir um orçamento público específico para a oncologia e incentivar a realização de pesquisas clínicas no país, aquelas que testam novos medicamentos.
"Também precisamos estabelecer uma 'cesta básica padrão', ou um tratamento mínimo contra os cânceres que seja decente, efetivo e igual para todo mundo", conclui.
Vianna indica que centralizar no Ministério da Saúde a negociação para obter insumos e medicamentos pode ser vantajoso.
"O ministério tem um grande poder de compra, o que naturalmente representa uma vantagem na hora de negociar os preços", aponta.
"Essa compra centralizada já acontece para algumas drogas específicas, mas pode ser ampliada", crê.
Teich entende que, antes de pensar em propostas específicas, é preciso organizar o setor — o que envolve necessariamente a criação de todo um sistema de informações que não existe hoje em dia.
"Além disso, o grande movimento do Brasil para lidar com o câncer tem que envolver o diagnóstico precoce", propõe o ex-ministro.
A lógica é simples: quanto mais cedo o caso é detectado, maiores a chances de tratá-lo e até curá-lo facilmente, sem a necessidade de tratamentos complexos e custosos.
"Ao diagnosticar a doença num estágio mais avançado, você invariavelmente precisa de medicamentos novos, que trazem um melhor resultado, mas são muito mais caros", raciocina.
Por fim, muitas das ideias para trazer mais saúde e qualidade de vida para quem tem câncer podem vir dos próprios pacientes, como aqueles que foram citados no início desta reportagem.
Brasileiro acredita que não há solução longe da saúde pública. "Hoje o único caminho é trabalhar, lutar, debater e defender o SUS."
"Só vamos melhorar quando o paciente virar o centro das atenções e dos cuidados", acredita.
Já Lima deseja não precisar mais sofrer com a incerteza de receber ou não o tratamento que a mantém viva.
"Eu nunca deixaria acabar as medicações. Ficar sem remédio é praticamente uma sentença de morte para nós", finaliza.
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Após quase dez anos de espera, Aleksander Nunes espera ter nesta quinta-feira, 27, o tão desejado exame de DNA para poder comprovar ou não se é mesmo filho de Emílio Santiago. Por trás da angústia de não saber qual é a sua origem de fato, o produtor musical ainda vem passando por mais um drama.
Aos 43 anos, recentemente, Aleksander teve outro AVC e está andando com o auxílio de uma bengala. O produtor, que mora em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, já tinha passado por um acidente vascular cerebral há nove anos, logo depois da morte de Emílio, no Rio de Janeiro. O cantor também foi vítima de complicações após um AVC isquêmico vindo a óbito em 2013.
Depois da exumação, Aleksander vai voltar para a Bahia e precisa passar por um cateterismo. Sem plano de saúde, ele está sendo atendido pelo SUS e foi proibido por seu médico de dar entrevistas e orientado a se estressar o menos possível. O suposto filho de Emílio vive hoje com a pensão da mãe, de um salário mínimo, e de um cargo que ocupa na prefeitura de onde mora e paga pensão alimentícia para dois filhos.
Para o exame de comprovação de paternidade, Aleksander chegou a fazer uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 15 mil. Dezoito meses após a morte de Emílio, Aleksander fez o primeiro teste de DNA com a meia-irmã do cantor. O laudo apontou o resultado em 63% de certeza do grau de parentesco entre eles. Mas somente uma exumação dos restos mortais de Emílio poderia comprovar com uma porcentagem maior.
Tempos depois, o produtor fez outro exame com material genético de Emílio que teria sido guardado antes de sua morte, mas o resultado apontou apenas 12% de chance de o cantor ser seu pai.
Agora, Aleksander finalmente conseguiu autorização da Justiça para que a exumação do corpo de Emílio fosse feita e, assim, pudesse comprovar, ou não, o parentesco com o músico. Na época da morte, a herança deixada por Emílio foi calculada em R$ 10 milhões.
Cada vez mais, pessoas buscam uma vida saudável. E isso está em todos os lugares quando vemos o aumento da procura por mais hábitos que garantam uma melhoria da população. Por isso, uma lista com alimentos que reduzem o apetite seguem como uma grande chance de manter a forma e a chance de ter o corpo perfeito. Mas será que é isso mesmo? Vamos conferir essa matéria especial e entender do que se trata.
Comer demais é mesmo um problema?
Obviamente, ao sermos bombardeados pela mídia com corpos perfeitos, ficamos inseguros e sempre buscamos soluções mágicas para pertencer a um determinado padrão. Desse modo, diversas pessoas ficam se sentindo mal por acharem que estão exagerando nas refeições.
Mas será que comer demais é realmente um problema? Segundo diversos especialistas e médicos, tudo depende mais do que você come ao invés da quantidade e claro, do seu momento de saúde. Para quem luta contra a obesidade ou o excesso de peso, manter o consumo de alimentos de forma saudável é uma luta diária assim como quem precisa de uma alimentação mais focada em crescimento enfrenta dificuldades para ganhar massa.
Assim sendo, antes de simplesmente buscar alimentos que reduzem seu apetite, deve-se procurar um médico nutricionista e entender a sua melhor dieta.
Decerto, uma das maneiras mais eficazes de se manter um corpo saudável é o controle de calorias. Para isso, muitas pessoas procuram por alimentos que afirmam reduzir o apetite com a justificativa de que eles nos deixam satisfeitos por mais tempo.
De fato, existem estudo que apontam que alguns alimentos, como pimenta e gengibre, podem nos fazer sentir menos fome. No entanto, essas pesquisas são feitas usando grandes quantidades e com testes feitos em animais. Ou seja, nada ainda pode ser comprovado nos seres humanos.
Outro exemplo diz respeito ao café. Muitos acreditam que a cafeína pode reduzir o apetite mas isso se mostra outra inverdade pois não há nenhum estudo sobre o assunto. O mesmo se aplica aos macronutrientes como alimentos ricos em carboidratos, proteínas e gorduras. Muito se pensa que eles podem trazer “mais sustância” e dessa maneira diminuir nossa vontade de comer mais. No entanto, as pesquisas feitas até o momento não apontam informações claras.
Água: o melhor alimento para o corpo
Sem dúvida, o que muitos especialistas apontam é que a água é o melhor alimento para um corpo humano. Como somos compostos em mais de 70% do elemento, é bastante natural que sintam menos fome quem bebe mais do líquido.
Em geral, estudos apontam que consumir água suficiente – em média, dois litros por dia – ajuda a reduzir brevemente o apetite. Por exemplo, com certeza você já ouviu sua mãe falar para não beber líquidos antes de comer porque senão perde a vontade, certo?
Pois especialistas apontam que ela estava completamente certa visto que quem bebe dois copos de água antes de comer pode sim ter seu apetite levemente abalado. Por isso, antes de sair procurando alimentos milagrosos para evitar comer, apenas beba água.
Os casos de covid-19 estão aumentando no Hemisfério Norte. No entanto, os sintomas estão ligeiramente diferentes dos anteriores. De acordo com pesquisadores envolvidos no aplicativo Zoe Covid Study, a circulação de variantes distintas e a cobertura vacinal são alguns fatores para a mudança dos sintomas nas pessoas infectadas.
O aplicativo monitora sintomas de milhões de pessoas no Reino Unido desde os primeiros dias da pandemia. No último relatório do projeto de pesquisa foram observadas algumas diferenças sutis entre as pessoas não vacinadas e as vacinadas.
Nas pessoas totalmente vacinadas, os sintomas mais comuns relatados foram dor de garganta, coriza, nariz entupido, tosse persistente e dor de cabeça. Já os indivíduos infectados que tomaram apenas uma dose da vacina disseram que, além dos sintomas já citados, tiveram espirros.
Nas pessoas não vacinadas, a febre aparece entre os sintomas relatados. A perda do olfato e falta de ar não apareceram no grupo dos cinco principais sintomas mais citados. “Existem algumas razões pelas quais os sintomas podem estar mudando, incluindo o fato de que aqueles que foram vacinados apresentam sintomas menos graves, bem como mais casos relatados por pessoas mais jovens, em que encontramos também sintomas diferentes e menos graves”, disseram os pesquisadores.
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Uma jovem de 23 anos de Delhi, na Índia, morreu durante o processo de fertilização in vitro após sofrer uma complicação rara.
Segundo os médicos, ela estava saudável quando foi ao hospital fazer a coleta de óvulos, mas seu coração parou de bater durante o procedimento.
Crédito: Luismmolina/istockMulher morre após complicação rara durante fertilização in vitro
A autópsia mostrou que ela morreu de uma condição chamada síndrome de hiperestimulação ovariana. Esse evento é uma reação excessiva do organismo da mulher aos hormônios injetados durante o tratamento para aumentar a produção de óvulos.
A complicação pode ser leve, moderada ou grave, mas menos de um por cento dos casos se agravam.
Síndrome de hiperestimulação ovariana
De acordo com a Mayo Clinic, dos EUA, a síndrome de hiperestimulação ovariana causa uma elevação nas concentrações de estrogênio, o que aumenta as chances de eventos tromboembólicos (trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar.
Crédito: PeakSTOCK/istockA síndrome de hiperestimulação ovariana é uma resposta exagerada ao excesso de hormônios.
Os sintomas da síndrome de hiperestimulação ovariana geralmente começam dentro de uma semana após o uso de medicamentos injetáveis para estimular a ovulação. Em alguns casos, no entanto, pode levar duas semanas ou mais para que os sintomas apareçam.
Em casos leves, os sintomas podem incluir dor abdominal leve a moderada, inchaço abdominal ou aumento do tamanho da cintura, náusea, vômito e diarreia.
Já em casos graves, a paciente pode apesentar um rápido ganho de peso em 24 horas, dor abdominal intensa, coágulos de sangue, falta de ar e vômitos graves e persistentes.
Antes da pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já tinha alertado que a maior causa de absenteísmo nas empresas seria a depressão. Algumas das razões para isso eram o quadro de excessiva pressão para realizar cada vez mais tarefas em menos tempo e a solidão proporcionada pela dinâmica das grandes cidades. O médico Dráuzio Varella falou sobre como a pandemia ajudou a agravar esse quadro e qual é o papel das empresas para ajudar os funcionários a lidarem com essa questão, durante a convenção da Associação Brasileira de Franchising (ABF), no último sábado, 22/10, em Comandatuba (BA).
Ao longo da palestra, Varella explanou sobre como a evolução tecnológica tem mudado completamente as relações de trabalho – desde o fax, passando pelo e-mail até a chegada do smartphone. “Por um lado, simplificou as tarefas, trouxe mais eficiência para as empresas. Mas te fez trabalhar mais, e não menos”, diz. De acordo com ele, o cérebro humano não está preparado para lidar com tantas coisas ao mesmo tempo. “Quando se tem um excesso de informação, as memórias antigas continuam lá, mas não se consegue manter memórias recentes.”
Dessa forma, pequenas informações do dia a dia, retidas pela chamada “memória do trabalho” podem acabar se perdendo mais facilmente, pois o cérebro tem dificuldade de focar no momento presente.
Fale a respeito
Antes do painel, o médico falou com jornalistas sobre como as empresas podem atuar para ajudar os profissionais a lidarem com a saúde mental nesse momento. “A primeira coisa que as pessoas fazem quando percebem que não rendem como rendiam antes é tentar esconder isso dos supervisores”, diz. De acordo com ele, o medo de perder o emprego e de que o quadro psicológico não seja visto como algo a ser tratado fazem com que o funcionário guarde o que sente para si, gerando como reação natural o estresse.
Quanto mais tempo passa, mais difícil será resolver o problema, o que gera prejuízos na saúde mental dos funcionários e, consequentemente, nos resultados da companhia. “A empresa pode até pensar em mandar o profissional embora, mas as pessoas não são descartáveis.” Além disso, uma cultura que não valoriza a saúde mental do funcionário não será capaz de manter pessoas por muito tempo nos cargos – que também pode impactar custos com folha de pagamento e treinamento, entre outros.
A dinâmica do trabalho híbrido e o home office trouxeram novas cargas, principalmente para as mulheres, e a diferença hormonal não é a única responsável por isso. “O transtorno de ansiedade e a depressão são três vezes mais frequentes nas mulheres do que nos homens, justamente por ter que lidar com pressões no trabalho, social, em casa, com a família.”
De acordo com o médico, as empresas devem construir uma cultura que permita abertura para esse tipo de discussão. “Tem que haver possibilidade de as pessoas falarem sobre os problemas psicológicos [que enfrentam], do que sentem, precisa existir um estímulo para isso. Muitas empresas têm um SOS psicológico, em que a pessoa liga e fala com uma psicóloga. É uma ideia”, diz.
Ele ainda aconselha que a próprias lideranças falem sobre o tema, uma vez que a pressão atinge a todas as camadas dentro de uma empresa. Isso pode dar confiança para o que os funcionários também se abram.
"Defenda-se" com exercícios físicos
Varella disse que para entender o que acontece com o ser humano agora, é necessário olhar para as origens do Homem, há cinco ou seis milhões de anos. “Mulheres e homens, há milhares de anos, a julgar pelo que vemos em museus, tinham entre 80 e 90 centímetros de altura. Eram seres frágeis, precisavam se virar para comer e para se defender de animais ferozes. Eles conseguiram sobreviver formando grupos. A formação de grupo é essencial para a sobrevivência.”
Logo, o distanciamento imposto pela pandemia fez com que as pessoas se sentissem mais frágeis e buscassem “defesas” em outros recursos, como o álcool. Uma solução para manter a saúde mental em dia é cuidar da saúde física. Varella diz que não adianta esperar a disposição para se exercitar – ele próprio é maratonista há 30 anos e diz nunca ter sentido vontade de correr pela manhã. "Eu só entendo por que estou fazendo aquilo comigo mesmo quando enxergo a linha de chegada."
Se o profissional não conseguir tempo para correr ou fazer exercícios em academia, o que é muito comum entre mulheres com longas jornadas, o médico sugere que o exercício seja encaixado na agenda rotineira. “Se tiver dez minutos para caminhar no dia, caminhe. Suba escadas, mexa-se, se exercite.”
Conhecido como "o remédio mais caro do mundo", o Zolgensma pode ser incorporado na lista de medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde). O remédio é usado no tratamento de crianças com atrofia muscular espinhal (AME).
A proposta será levada na terça-feira (25) para a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Neuropediatras, especialistas na doença e representantes do Ministério da Saúde também estarão presentes.
O Zolgensma, fundamental no tratamento da doença, que, em sua versão mais grave, pode causar a morte de crianças antes dos 2 anos, custa US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 11 milhões) por paciente. Produzido pelo laboratório suíço Novartis, o medicamento promete neutralizar os efeitos da atrofia muscular.
O primeiro medicamento para AME no Brasil foi o Spinraza, da Biogen, registrado pela Anvisa em 2017, depois da mobilização de famílias que pediram ajuda do governo para custear o tratamento, em torno de R$ 3 milhões na época. Desde o ano passado, o medicamento está disponível no SUS.
Tanto o Spinraza quanto o Zolgensma aumentam a produção da proteína SMN, mas somente o Zolgensma é capaz de neutralizar os efeitos da AME. Pessoas com AME têm baixos níveis da proteína SMN. Os neurônios precisam dela para conseguir enviar ordens para os músculos por intermédio dos nervos que descem pela medula.
Até agosto, o Instituto Nacional de Atrofia Muscular Espinhal (Iname) havia registrado 52 pacientes que fizeram uso da terapia genética no Brasil, e 70% deles conseguiram o medicamento por judicialização.
Você já deve ter tido, mas nem sabia que essas bolinhas supercomuns têm nome: acrocórdon. Elas surgem principalmente na região do pescoço, nas axilas, na virilha e logo abaixo dos seios. Têm formato pendiculado e podem ser um pouco mais escuras que a pele.
Quem tem esse tipo de lesão na pele não precisa se preocupar - as bolinhas são assintomáticas e não causam qualquer dano à saúde. Porém, elas podem indicar a presença de outros problemas, como resistência à insulina, por isso é importante ficar alerta sobre seu aparecimento.
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O que são?
Ao contrário do que muita gente pensa, essas pápulas não são um tipo de verruga. O termo verruga define as lesões duras e ásperas causadas pelo papiloma vírus humano (HPV). Já os acrocórdons (também chamados de fibromas moles, quando maiores) não têm nada a ver com infecções por vírus, bactérias ou fungos. Eles são compostos por um tecido igual ao da nossa pele: epiderme, tecido conjuntivo, vasos e, às vezes, tecido adiposo (gordura). Elas podem causar desconforto físico e estético, mas não há transformação para câncer.
Por que surgem?
Essa é uma das lesões cutâneas que aparecem naturalmente com a idade. Por isso, são mais comuns a partir dos 40 anos. E tem um fator genético: há famílias que as apresentam em maior frequência.
Mas vale destacar que, muitas vezes, o aparecimento está relacionado a sobrepeso, obesidade e diabetes tipo 2. Quem tem muitos acrocórdons precisa prestar atenção no nível de insulina.
Nas mulheres, é comum o aparecimento durante a gestação - isso ocorre devido à presença de hormônios que estimulam o crescimento epidérmico (o que também faz com que as pintas fiquem mais evidentes nesse período).
É necessário retirá-los?
Depende. Os acrocórdons não oferecem risco à saúde e muitas vezes somem espontaneamente. Porém, vale a pena eliminá-los quando eles se tornam fonte de incômodo, seja ele estético ou físico. Há quem se queixe de coceira na região afetada. Outras pessoas acabam se ferindo com frequência - é o caso de mulheres com acrocórdons nas axilas, que se machucam durante a depilação com lâmina.
Como deve ser feita a retirada?
Por se tratar de uma lesão muito superficial, a técnica mais comum é o "shaving". Nesse tipo de procedimento, as lesões são retirados com uma lâmina bem delicada, às vezes, com anestesia local ou creme anestésico. Além disso, é possível destruir a lesão com radiofrequência [bisturi elétrico], laser ou crioterapia [técnica em que áreas específicas do corpo são submetidas ao frio intenso].
É importante destacar que, independentemente do método utilizado, o procedimento deve ser realizado por um médico - seja ele dermatologista ou cirurgião plástico. Afinal, embora não seja muito complexo, trata-se de um procedimento invasivo.
Dá para tirar por conta própria?
Não. Receita caseira nunca é uma boa ideia. O aviso vale tanto para a aplicação de óleos, sumos e seiva de plantas, como para o uso de remédios para tratar verrugas, à venda em farmácias. Retirar o acrocórdon por meio de lâminas, fios etc. também é bem perigoso.
Quem recorre a soluções do tipo corre o risco de acabar com uma irritação no local, assim como queimaduras, infecções e cicatrizes.
Fontes consultadas: Luciana Baptista Pereira, professora de dermatologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e Renata Ferreira Magalhães, chefe do serviço de dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
A artrite é uma doença que traz diversas mudanças no estilo de vida de uma pessoa, afinal de contas, o paciente passa a lidar com dores e inchaços constantes. É por isso que é tão importante enfatizar que alguém que lida com essa condição autoimune não precisa ser inteiramente refém dela. Veja como diminuir esses incômodos.
Antes de qualquer coisa, é preciso compreender o que é a artrite e como ela funciona. Trata-se de uma condição autoimune que irá gerar a inflamação nas articulações, tendo como principais sintomas as dores e os inchaços. É uma enfermidade que afeta, sobretudo, o estilo de vida das pessoas, mas algumas dicas irão aliviar os sintomas.
Perder peso
O peso é um dos fatores de risco que intensificam as dores da artrite, especialmente as sentidas na região do joelho, que é responsável por sustentar o corpo. Dessa forma, é imprescindível que, para lidar com a doença, perder o peso corporal extra fará toda a diferença no tamanho do alívio dos pacientes.
Praticar exercícios físicos com regularidade
Outra forma de fazer com que, no curto e longo prazo, as dores diminuam de forma significativa é justamente a prática constante dos exercícios físicos. Afinal, é por meio dele que conseguiremos fortalecer a superfície articular, tornando-nos menos suscetíveis às dores e aos inchaços desconfortáveis que vêm com a artrite.
Lembrando que não precisa ser uma prática de exercício muito intensa, mas uma simples caminhada todos os dias já pode fazer diferença. Ainda assim, especialistas recomendam diversas outras modalidades esportivas, como a musculação e o yoga.
Use suplementos vitamínicos
Por fim, temos uma dica que talvez não seja mencionada com muita frequência, que é o benefício dos suplementos vitamínicos para quem sofre de artrite. Isso porque a reposição de vitamina B12, bem como a vitamina D, será muito importante para manter os ossos e articulações mais saudáveis e menos suscetíveis os incômodos.
Este artigo não apresenta soluções para problemas médicos ou psicológicos. Consulte um especialista antes de iniciar qualquer tratamento.
Já parou para pensar o que acontece dentro do útero da mulher nas primeiras semanas de gestação? Ou, então, como é um embrião no comecinho do seu desenvolvimento? Para ajudar a responder essas perguntas, um grupo de profissionais de saúde e ativistas pelos direitos reprodutivos dos Estados Unidos decidiu divulgar fotos reais do desenvolvimento do bebê no início da gravidez.
Saco gestacional na 9ª semana de gestação — Foto: Reprodução/MYA Network
As imagens foram compartilhadas pelo MYA Network, na última quarta-feira (19), e viralizaram nas redes sociais. Os cliques revelam que, diferente do que muita gente imagina, até a 9ª semana não há embrião visível ou qualquer coisa que se pareça com um bebê. "Quando um esperma e um óvulo se juntam, o organismo cria tecidos para ajudar no desenvolvimento da gravidez. Tiramos fotos desses tecidos em gravidezes de até 9 semanas. Eles são chamados de saco gestacional e são como a 'casa' para receber o bebê. Dentro deste saco, há células que têm o potencial de se tornar um feto, mas ainda não há embrião visível neste estágio", explica o site da campanha #IssueTissue.
Segundo os especialistas do MYA Network, o objetivo de compartilhar as fotos é combater a desinformação relacionada ao aborto, já que grupos "pró-vida" usam imagens de evolução gestacional para atacar mulheres que escolhem interromper a gravidez.
Há 25 anos, a médica Joan Fleischman trabalha na assistência de abortos na cidade de Nova York (EUA). Depois de terminar o procedimento, ela sempre pergunta às pacientes se eles querem ver o material que foi coletado do útero. "Quando eu mostro, elas ficam chocadas, surpresas e aliviadas. Foi quando percebi o quanto as imagens na internet e em cartazes, mostrando traços humanos neste estágio inicial de desenvolvimento, realmente permeiam o nosso imaginário. As pessoas quase não imaginam que é isso realmente que sai", disse em entrevista ao jornal The Guardian. “Vendo a reação que elas tinham, percebi que era importante deixar essas imagens disponíveis publicamente. Eu acredito que as fotos falam por si mesmas”, completou.
Material coletado na 4ª semana de gestação — Foto: Reprodução/MYA Network
Para produzir as fotos, Joan e outros médicos usaram material biológico coletado em abortos feitos nas primeiras semanas de gestação. No próprio consultório, em um procedimento de cerca de cinco minutos, eles usaram uma espécie de "aspirador", que consegue retirar os tecidos do útero, sem danificá-los. Depois, "lavaram" o material coletado, para retirar vestígios de sangue e o colocaram em cima de discos de vidro.
"O que você vê nas fotos é o saco gestacional sozinho. Quem toma pílulas abortivas em casa ou tem um aborto espontâneo verá algo diferente. A maioria das pessoas experimentará um fluxo menstrual intenso, que pode ter coágulos sanguíneos de tamanhos variados e, por isso, pode ser difícil ver o tecido da gravidez, a menos que você o procure de propósito. Se você estiver grávida de mais de nove semanas e optar por olhar, aí sim, poderá ver um embrião precoce”, diz o site da campanha.
Ainda que ele já possa estar em desenvolvimento, as fotos mostram que nas primeiras semanas de gestação o embrião não tem características parecidas com a de um bebê. "[Nos primeiros ultrassons, muita gente já escuta os 'batimentos' cardíacos], mas não há coração com 6 semanas de gravidez. O que existem são células que se unirão para formar o coração e essas células já 'batem', mas o órgão ainda não está formado", explica a campanha.
Saco gestacional na 5ª semana de gestação — Foto: Reprodução/MYA Network
No site da #IssueTissue, algumas mulheres deixaram seus depoimentos de como reagiram ao ver o material coletado durante o procedimento de aborto. "Não era o que eu esperava. Era tão pequeno... e parecia muito menos assustador", disse uma. "Ser capaz de ver o que realmente é, removeu todo o medo e a culpa", afirmou outra.
A médica Michele Gomez, que faz parte da MYA Network, também disse em entrevista ao jornal The Guardian que é um direito das mulheres decidir que decisão tomar ou não. “Acho que alguns médicos estão preocupados com as reações da paciente. Mas não é nosso direito ou nossa responsabilidade decidir como as pessoas responderão a isso. Estamos apenas divulgando as informações e os fatos para combater a desinformação. Justamente para dizer: isso não é algo assustador, perigoso ou violento. É apenas uma foto de algo que está em seu corpo”, completou.
Saco gestacional na 6ª, 7ª e 8ª semana de gestação, respectivamente — Foto: Reprodução/MYA Network