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Saturday, November 19, 2022

Criança morre e família acusa hospital de negligência - Tribuna Online

Uma menina alegre, muito inteligente, estudiosa e que não era de passar mal. É dessa forma que Helena Dias Sabino, 8 anos, que morreu no  dia 20 de outubro, é definida pelos pais.

A mãe, Rhaisa Cristina Dias Machado, 30, e o pai, Renan Luiz Sabino, 35, acusam o Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha,  de negligência.

“Ela já estava tratando uma dor de ouvido. Na manhã do dia 13, ela acordou gritando de dor na cabeça. Levamos no Himaba e disseram que não atendiam sem encaminhamento”, contou Rhaisa.

Rhaisa Cristina Dias Machado com a filha Helena, de 8 anos.

Rhaisa Cristina Dias Machado com a filha Helena, de 8 anos. |  Foto: Divulgação/Acervo Pessoal

 

Os pais então foram ao PA da Glória, onde a menina foi atendida e encaminhada para o hospital.

“Já no hospital, por volta de  11h, a médica atendeu e falou que o ouvido não era o problema. Pediu exames de sangue, que ficaram prontos lá pelas 18h. Nisso minha filha teve crise de vômitos e dores muito fortes”, disse a mãe.

No período, uma médica, após a realização de exame de tomografia no Hospital São Luiz e eletroencefalograma no próprio Himaba, identificou a necessidade de que a criança fosse consultada por um neurologista, no dia 14 (sexta), de acordo com Rhaisa.

Segundo os pais, eles foram informados que o hospital não teria neurologista de plantão, e que a especialista só passaria na unidade na segunda-feira (17).

“Tinha neuro de plantão no Hospital Infantil de Vitória e falaram que eu poderia levar por conta própria. Só que na situação dela, decidi não levar por minha conta.”

De sábado (15) para domingo (16), Helena teve três convulsões e entrou em coma, sendo levada à UTI. Somente na segunda-feira    uma neurologista chegou ao hospital, segundo os pais.

Eles contam que, neste momento, foi informado que a equipe estava esperando a criança ter uma melhora clínica, pois havia surgido uma vaga no Hospital Infantil de Vitória. Mas o quadro evoluiu para o protocolo de morte cerebral, com o óbito confirmado no dia 20.


ENTREVISTA COM OS PAIS - Rhaisa Cristina Dias Machado e Luiz Sabino

“Um neuro teria salvo nossa filha”

Rhaisa Cristina Dias Machado e Renan Luiz Sabino, pais da menina Helena Dias Sabino, 8 anos, conversaram  com a reportagem de A Tribuna

A Tribuna – Quando a Helena começou a passar mal?

mãe – Ela teve os primeiros sintomas de dor de cabeça em casa e foi levada ao  PA da Glória. Ela foi atendida e diagnosticaram inflamação no ouvido direito. Deram uma injeção nela e antibiótico para continuar tomando em casa. 

 > E o que houve depois?

mãe – Já no hospital, por volta de umas 11h, a médica atendeu e falou que o ouvido não era o problema. Aí, ela passou por uma série de exames, como de sangue, tomografia, feita no Hospital São Luiz, eletroencefalograma, exame de meningite, que deu negativo.

> E como ela se sentia?

mãe – Tinha crises de vômito e dores muito fortes.   No dia 15, ela só gemia de dor. Mesmo medicada, ela não dormia. Eu chamava as equipes de 20   em 20 minutos.

> Qual foi o diagnóstico no hospital?

mãe – Na sexta-feira, dia 14, feita a tomografia e o eletro, a médica disse que nossa filha precisava ser avaliada por um neuro. E somente na segunda-feira, quando ela já tinha tido três convulsões, uma neurologista chegou ao hospital.

pai – No DML   fizeram a autópsia e me entregaram o papel para fazer a certidão de óbito. Foi um edema cerebral, trombose do seio cavernoso, causada por uma sinusite. É muito raro  acontecer essa evolução, mas se um neurologista tivesse avaliado os exames, ele  poderia ter visto e salvo nossa filha.


O outro lado

Hospital diz que prestou assistência necessária

Por nota, a direção do  Himaba informou que lamenta o ocorrido e que Helena Dias Sabino deu entrada na instituição com queixas de dor de cabeça, tendo a mãe referido que a criança estava em tratamento para infecção de ouvido.

“No exame físico, no entanto, a médica do Himaba não diagnosticou infecção de ouvido, mas constatou que a criança não estava bem, deixando-a em observação e realizando vários exames laboratoriais, de Líquor, ressonância e angioressonância com contraste, constatando normalidade”, diz o texto.

O hospital relata que  Helena recebeu toda assistência médica necessária, especialmente  a avaliação neurológica na segunda-feira descrita, “o que não alterou o prognóstico, pois todos os exames da parte neurológica estavam normais”, segundo o hospital. 

A nota afirma que o quadro da criança evoluiu de forma rápida e inesperada.

“A instituição aguarda o laudo oficial da necropsia e se coloca à  disposição da família para outros esclarecimentos, inclusive acesso ao prontuário da paciente”, informa o texto.

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